Zeca Baleiro. “Ando tão à Flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar. Ando tão à flor da pele que teu olhar flor na janela me faz morrer.”

“A Flor da Pele”, de Chico Buarque de Holanda e interpretação de Milton Nascimento, ainda é causa de mexer e perturbar as emoções. Em 1992, Chico teve acesso ao conteúdo de sua ficha no Dops- DPPS e achou curiosa a interpretação que os censores fizeram da letra. Em declaração ao Jornal do Brasil, o compositor disse: “acho que eu mesmo não sei o que existe por trás dessa letra e, se soubesse, não teria cabimento explicar”. E aí a prova material de que nem todas as armas e opressões podem domar o desejo. Mas, tudo é ousado para quem nada se atreve. Portanto, quem quiser ser um Líder, terá que comandar uma equipe de corajosos e valentes dispostos a passarem pela dor, a dor que esculpe os guerreiros.  A dor é a única emoção que não usa máscara, porque diante de tanto sofrimento, ninguém pode esconder sua indignação diante de tamanho horror, a máscara não pode cobrir o coração. Mesmo que alguém pudesse definir a dor desta tão grande tragédia, não teria cabimento explicar a dor de não poder sepultar seus entes queridos. Por “desejo” não se pode referir apenas por “vontade”, vontade de ser o ar que acalanta vidas. A “Dor” é algo imensamente mais profunda, densa e complexa do que uma mera explicação.

A psicanálise de Freud, desde os seus primórdios, com as histéricas de Viena (1893), mostra ao indivíduo que o psiquismo da sempre o seu jeitinho de se fazer notar. Aquelas mulheres sofriam de gravíssimos adoecimentos físicos nos quais, nenhum dos tratamentos empreendidos até então davam jeito. Então se imagina as dores das pessoas sem poder respirar dizendo: Que brota à flor da pele, será que me dá? O que não tem remédio, nem nunca terá, o que não tem receita e que nem todos os unguentos vão aliviar. Esta dor que queima por dentro, que perturba o sono, que me agita com todos os tremores, e que nem todos os sopros vêm atiçar para aliviar este suor que vem encharcar. Todos os nervos do corpo estão a rogar, juntamente com todos os órgãos do sistema, a clamar. É como se, a despeito de todos os esforços, remédios, doutrinas, aquilo que é da ordem do desejo, tentasse forçar passagem, mas tudo está obstruído pela impotência do ar que não pode passar, dor de estar de mãos atadas, de não se poder fazer nada diante de um caminho obstruído, a vida não tem passagem. “O que será que será?”

A Estilística surgiu para fazer uma ligação entre a Literatura e a Linguística. Hoje muitas questões consequentemente, ao discurso, tratam de trechos retirados de um texto musical, de um livro.  Isso é algo primordial e inovador.  A Flor da Pele, o que se busca, portanto, é um olhar que vislumbre as peculiaridades do texto poético. No texto bíblico, Balão foi um profeta escolhido para abençoar uma nação, mas ele tentou amaldiçoar o povo de Israel. Ele é conhecido especialmente pelo episódio em que Deus abriu a boca de sua mula e ela falou. Balaão aparece na narrativa bíblica num contexto em que os israelitas estavam conseguindo importantes vitórias. Mas o inimigo comprou o profeta com grandes recompensas para fazer oposição a Israel e amaldiçoar a nação. O coração de Balaão era preservo diante de Deus, ou seja, ele partiu com a intenção de amaldiçoar um povo que estava se erguendo da corrupção e da destruição dos opositores.  Então o Anjo do SENHOR se colocou em seu caminho para impedi-lo. O profeta não conseguiu ver o Anjo parado no caminho, mas sua mula viu e se recusou a continuar. Irado pelo comportamento da mula, o profeta a espancou o animal por três vezes. Foi aí que Deus fez com que a mula falasse.

Tem muita mula muito mais inteligente do que os grandes intelectuais. Quem pratica coisas boas e fica pensando no bem que fez, não é tão bom assim; e o que comete uma maldade, e não dorme à noite pelo mal praticado, não é tão ruim como se imagina. Existe no meio da fama o tipo de profeta mercenário, que procura comercializar seu próprio dom.  Tempo de reflexão: não queria que maus augúrios possam ser lançados sobre o povo que Deus escolheu para abençoar. Deus sabia que aquele profeta era um mercenário, falso artista que surgiu para ficar famoso, não importando as consequências. Na realidade, este tipo de gente não tem poder nem de abençoar e nem de amaldiçoar, isto é, não tem poder para mais nada. “Ando tão à flor da pele: Mesmo diante de um quatro que não há possibilidades de imediata cura, é muito “bom” saber que existe um povo que não perdeu sua esperança, e que existem mulas do bem vendo o Anjo Acampando ao redor dos que os temem e os livra de todo mal. “Dói” vendo um povo torcer contra sua própria nação, mas para o povo de Deus não existe maldição. É “divertido” saber que quem lidera esta nação é o Líder de todos os líderes, e que o que se planta, um dia se colhe…

“MÔNICA DRUZIAN”