Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Interpretação de Provérbios 6

Provérbios 6

6:1. Se ficaste por fiador. Os costumes referentes ao empréstimo de dinheiro entre os judeus na antiguidade não são de todo conhecidos. Toy imagina que não havia o emprego da fiança na vida pré-exílica “comercialmente simples”. Contudo poderia parecer que os extensos empreendimentos de Salomão, atualmente comprovados pela arqueologia, e o desenvolvimento da vida econômica descrito por Amós e outros deveria conceder ampla oportunidade para fazer empréstimos com fiança; embora não tenhamos exemplos disso em outras passagens. As atitudes rabínicas são discutidas por Greenstone, que observa que a Palavra hebraica para “fiança” nesta passagem era usada pelos comerciantes fenícios e passou para o latim como arrabo. Ele deveria acrescentar que no grego é arrabon (Ef. 1:14; cons. Zellig S. Harris, Grammar of the Phoenician Language, “American Oriental Series”, Vol. VIII; Glossário). Resumindo, a lei levítica proibia o empréstimo com juros a israelitas pobres (Lv. 25:35-37). O conceito era que devia-se emprestar o dinheiro necessário ao israelita pobre sem qualquer garantia.

A Lei exigia que se um homem emprestava e tomava algo como garantia, ele não devia entrar na casa do seu devedor para retirar a garantia à força. E se um homem pobre entregava suas vestes como garantia, o seu credor devia devolvê-las naquele mesmo dia (Dt. 24:1012). Essas provisões satisfazem às nossas isenções pessoais mínimas. Era permitido fazer empréstimos aos não israelitas e provavelmente se faziam empréstimos comerciais. O autor do artigo “Usura”, no ISBE, observa que a regulamentação do Pentateuco não inclui empréstimos comerciais; mas talvez ele vá longe demais ao dizer que os empréstimos comerciais eram praticamente desconhecidos. Antes é provável que a prática dos empréstimos comerciais desse lugar às injustiças de II Reis 4:1; Ne. 5:1-12. No ano da remissão são todas as dívidas israelitas eram cancelarias (Dt. 15:2). O argumento é que os empréstimos comerciais eram permitidos, enquanto outros empréstimos eram proibidos. Os juros, se podemos julgar segundo Ne. 5:11, eram geralmente de 1 por cento ao mês, embora sem dúvida variassem. Cobrar juros tão altos era usura e aqueles que o faziam em relação aos companheiros judeus eram condenados. O profeta Jeremias protesta (Jr. 15:10) que ele não se ocupou de tais especulações, ainda que todos os homens o odiassem – presumivelmente como odiavam os usurários. A palavra poderia ser traduzida para extorquidores no Sl. 109:11. A própria palavra empregada para “usura”, neshek (Pv. 28:8), implica em “morder” ou “devorar”, embora palavras mais brandas também fossem usadas. Não praticar a usura é um elemento de justiça no Sl. 15:5; Ez. 18: 8, 13, 17; 22:12. A prática do crédito está ilustrada em II Reis 4:1. Podemos racionalmente completar os detalhes imaginando que o marido tivesse feito um empréstimo comercial que sua viúva não tinha possibilidade de pagar; ou talvez algum usurário emprestasse a uma viúva violando a lei de Lv. 25:35-37. A E.R.A. traduz estas palavras por juros. Seria melhor traduzir para “usura”, que aparentemente era o excesso condenado. Por causa desses excessos, Salomão adverte contra o tornar-se fiador de “outrem”. Ele insiste a que se fuja rapidamente às possibilidades da ruína. A fiança está recomendada em Eclesiásticos 29:14, um livro pósbíblico. Quando se desenvolveram ou que forma tomaram, não sabemos. É provável que no período de Salomão os abusos eram tais que provocaram a censura aqui registrada (Veja também Pv. 11:15; 20:16; 27:13 – os últimos dois versículos são praticamente idênticos).

6:6. A formiga. Mencionada apenas nesta passagem da Bíblia e em Pv. 30:25 embora não haja provavelmente nenhuma dúvida quanto à tradução. Antigamente levantou-se o problema quanto ao armazenamento de comida pela formiga (veja Toy). Uma espécie de formiga do Oriente Próximo, entretanto, age assim. As formigas têm organização social, mas não têm nenhum chefe que corresponda à abelha rainha. Ó preguiçoso. Este nome se encontra quatorze vezes nos Provérbios e em nenhum outro lugar. Geralmente define-se como “pessoa que não gosta de trabalhar”. Embora a palavra inclua esta ideia, pode conter nuances, tais como “incapaz”, que não se refere apenas a um “fracassado”. O seu uso em Provérbios prova que “preguiçoso” não é a conotação integral. Em 15:19, o contraste é de um homem honesto – não simplesmente um “trabalhador”. Em 19:15 o paralelo é com remiyyâ, que geralmente se traduz por mentira na AV e na RSV, mas que foi traduzido para inativo nesta passagem. Em Pv. 21:25, 26 o contraste evidentemente é do homem justo (também na AV e Berkeley). A RSV separa os dois versículos e acrescenta uma ideia extra no versículo 26. Em 26:12-16 há diversos versículos sobre o preguiçoso. O versículo 13 é semelhante a 22:13. O versículo 15 é de 19:24. Mas 26:16, como versículo final, talvez contendo o clímax, diz que o “preguiçoso” é sábio a seus próprios olhos. Devemos observar que esta seção de Prov. 26 foi introduzida pelo versículo 12, que declara que aquele que é sábio a seus próprios olhos é pior que um “louco”. Está claro que o autor está reprovando um “preguiçoso” não apenas por causa da preguiça mas por causa dos pecados associados à mesma. Esperamos provar com muitos exemplos que a palavra “louco” significa não um “débil mental” mas um “pecador”. Assim o autor dos Provérbios aqui não está simplesmente recomendando economia e diligência; ele está, ao que parece, condenando uma característica que combina a preguiça com a astúcia!

6:10. Um pouco para dormir. Os versículos 10 e 11 são paralelos exatos de 24:33,34, com exceção de algumas vogais (cons. Introd.). Neste caso ambos os contextos falam de um homem preguiçoso, com o uso de diferentes comparações, mas tirando a mesma conclusão. O ditado devia ter sido um epigrama conhecido. A LXX o traduz de maneira um pouco diferente em dois lugares. O siríaco também difere, mas não da mesma maneira da LXX.

6:12. O homem de Belial, uma pessoa má. O homem vil. No hebraico, desonesto.

6:13. Arranha com os pés. Na LXX, faz um sinal com seus pés. O hebraico malal pode significar “falar”, “esfregar”, “arranhar”, “definhar” ou “murchar” (BDB). O significado “arranhar” tem provas fracas. A expressão talvez se refira a algum gesto grosseiro. Faz sinais com os dedos. A palavra provavelmente significa “apontar”, mas a conotação é difícil. Possivelmente um outro gesto grosseiro típico do homem perverso.

6:14. Perversidade. Uma palavra diferente daquela do versículo 12. Foi usada nove vezes nos Provérbios e fora daqui só em Dt. 32:20. A raiz significa derrubar. Está claro que se refere a algum tipo de mal, mas é difícil perceber a intenção exata. A LXX traduz pervertido (também Fritsch). Delitzsch diz malícia; Toy, maldade. Em 8:13 “uma boca perversa” faz paralelo com orgulho e arrogância. Em 23:33 um bêbado foi escrito falando “coisas perversas”, com o uso desta palavra. Semeando contendas. Literalmente, desencadeia contendas. A tradução da LXX, perturba uma cidade, surgiu da confusão havida entre a palavra com uma derivada posteriormente. A raiz é din, “julgar”, de onde temos madon, “luta”. Esta palavra, contendas, com variações, encontra-se vinte e sete vezes nos Provérbios e três vezes em outras partes. Faz parte do vocabulário moral peculiar do livro. A redação de 16:28, “o homem perverso espalha contendas”, é muito parecida com a deste versículo.

6:16. Seis coisas... e a sétima. Não se refere aos sete pecados cardinais (Greenstone e Jones e Walls) nem a seis ou sete pecados indefinidos (Toy). Delitzsch acerta em cheio quando diz que o provérbio é climático. Os seis itens são os antecedentes do sétimo, o qual recebe a ênfase (cons. Jó 5:19; Pv. 30:18, 19). A declaração conclui enfaticamente com o que o versículo 14 introduz – “espalhando contendas”.

6:23. Mandamento... instrução. Jones e Walls observam acertadamente que isto se refere à instrução paternal, mas que tal instrução consistia da lei divina (Dt. 6:6, 7).

6:25. No teu coração. Observe bem que os mandamentos do V.T. tratam das atitudes internas do homem. Quando Cristo dizia que a concupiscência já era adultério (Mt. 5:28) não estava desenvolvendo a doutrina do V.T. na intenção de livrá-la dos tradicionais comentários farisaicos (cons. R. Laird Harris, Inspiration and Canonicity of the Bible, pág. 53).

6:30. O ladrão. A idéia é que devia haver circunstâncias atenuantes para o roubo, e que a restituição contribuía grandemente para a remoção da culpa. Mas para o adultério não há justificativa. Traz consigo um conjunto de más consequências. Não há possibilidade de se fazer restituições.

6:35. O resgate. Um bom exemplo do significado de koper, “pagamento pacificador”. Diz-se que a raiz significa cobrir (BDB), mas não tem esse uso no V.T., e constitui uma inferência dúbia do árabe. Do substantivo resgate formou-se um verbo demonstrativo, kipper, que logicamente significa “pagar um resgate”. É o verbo muitas vezes traduzido “fazer expiação”. Desse verbo se formou um outro substantivo, kapporet, “lugar de expiação”. É a palavra que indica a tampa da arca chamada “o propiciatório” na A.V., ou hilasterion na LXX. Cristo é chamado de nosso hilasterion, ou “propiciação”, em Rm. 3:25.

Notas Adicionais:

6:1 colocar segurança... apertou as mãos em penhor.
Refere-se à responsabilidade pela dívida de outra pessoa (cf. 22:26) ou por alguma outra obrigação. Pode terminar em pobreza abjeta (cf. 22:27) ou mesmo em escravidão se você não puder pagar. Por exemplo, Judá se ofereceu para garantir pessoalmente o retorno seguro de Benjamim a Jacó (Gên 43:9), e quando isso parecia impossível, ele teve que se oferecer a José como escravo (Gên 44:32-33). Tal arranjo foi selado por um aperto de mão (veja 11:15; 17:18; 20:16; 22:26; cf. Jó 17:3).

6:3 para se libertar. Para obter a liberação da obrigação. caiu nas mãos do seu vizinho. Assumiu a responsabilidade pela obrigação do vizinho. não dê descanso ao seu vizinho. Seja tão persistente quanto a pessoa em Lc 11: 8.

6:6 formiga. Uma criatura mencionada em outra parte da Bíblia apenas em 30:25, onde armazena sua comida no verão (como aqui; ver v. 8). A formiga também é mencionada na carta 252.15–19 do cananeu Amarna, novamente em um contexto proverbial (veja a tabela). preguiçoso. Um indivíduo preguiçoso que se recusa a trabalhar e cujos desejos não são satisfeitos (10:26; 13:4; 15:19; 19:24; 20:4; 21:25; 22:13; 24:30; 26:13– 16).

6:9 Quanto tempo você vai ficar aí, seu preguiçoso? O amor do preguiçoso pelo sono também é descrito em 26:14 (veja a nota ali).

6:11 pobreza... escassez. Conectado com muito sono também em 10:5; 19:15; 20:13. O trabalho árduo é um antídoto para a pobreza (12:11; 14:23; 28:19). como um ladrão... um homem armado. A pobreza virá quando for tarde demais para fazer algo a respeito (cf. Mt 24,43).

6:12–14 Uma descrição vívida de alguém que usa boca, olhos, pés e dedos (todos os meios de comunicação de uma pessoa) de maneiras tortuosas para alcançar as tramas enganosas do coração - aqui especialmente para espalhar calúnias para destruir alguém.

6:12 Um encrenqueiro. Uma pessoa sem valor e perversa (Juízes 16:27; Jz 19:22; 1Sm 25:25; Jó 34:18). Veja a nota em Dt 13:13. boca corrupta. Veja 2:12; 19:28.

6:13 piscadelas... com o olho. Para fazer insinuações (ver 10:10; 16:30). sinais... movimentos. Usa gestos secretos para outras pessoas que o conhecem.

6:14 trama o mal. Ver v. 18; 3:29; Miq 2:1. desperta conflito. Através da calúnia tais pessoas criam desconfiança que culmina em alienação e conflito (v. 19; 10:12; 15:18; 16:28; 28:25; 29:22).

6:15 o desastre o alcançará em um instante. Geralmente um sinal do julgamento de Deus (veja 1:26; 24:22 e notas; Jó 34:20). de repente ser destruído - sem remédio. Esses canalhas sofrerão o mesmo destino que pensaram trazer sobre os outros - sua punição será compatível com seu crime (cf. Gálatas 6:7-8). sem remédio. Veja 29:1.

6:16–19 Uma elaboração adicional sobre o tema dos vv. 12–15, explicando por que “desastre acontecerá” (v. 15) o canalha descrito aqui.

6:16 seis... Sete. Uma maneira de lidar com números em paralelismo sinônimo na poesia hebraica (ver Introdução: A Natureza de um Provérbio). Esses catálogos de itens são frequentes na literatura sapiencial do AT (ver 30:15, 18, 21, 29; ver também Jó 5:19 e nota). Em todos esses casos em Provérbios, o último número é o clímax. detestável. Veja 3:32 e observe.

6:17 olhos altivos. Eles refletem um coração orgulhoso, e Deus os julgará (21:4; 30:13; Sl 18:27; 101:5). língua mentirosa. Veja 2:12; 12:19; 17:7; 21:6. mãos que derramam sangue inocente. Veja 1:11; veja também 1:16; 28:17.

6:19 testemunha falsa. Veja Êx 20:16; Dt 19:16-19. Provérbios enfatiza o dano causado por falsas testemunhas (12:17–18; 25:18; veja nota no Salmo 5:9) e a punição que eles recebem (veja nota no v. 15; veja também 19:5, 9; 21: 28). derrama mentiras. Veja 14:5, 25. desperta conflito. O item culminante que o Senhor detesta (ver nota no v. 14).

6:23 lâmpada... luz. Assim como a palavra de Deus “é uma lâmpada para os meus pés, uma luz no meu caminho” (Sl 119:105; cf. Sl 19:8). caminho para a vida. Veja 3:22; 4:22; 10:17. Compare o caminho para a morte para aquele que odeia a disciplina (veja 5:23 e nota).

6:25 Não cobice. Jesus mostra a estreita conexão entre luxúria e adultério (Mt 5:28; cf. Ex 20:14, 17 e notas). cativar você. Veja 5:20.

6:26 a esposa de outro homem ataca sua própria vida. Ver 2:16–18 e notas; 5:5; 7:27. O adultério é ainda mais destrutivo do que dormir com uma prostituta.

6:31 sete vezes. A lei hebraica exigia não mais do que o pagamento quíntuplo como penalidade por qualquer roubo (Êx 22:1-9). O número sete aqui é simbólico - o ladrão pagará integralmente.

6:33 desgraça. Seguiu o estupro de Tamar por Amnom (2Sm 13:13, 22). a vergonha nunca será apagada. O estigma permanece.


This post first appeared on Estudos Bíblicos E Comentários, please read the originial post: here

Share the post

Interpretação de Provérbios 6

×

Subscribe to Estudos Bíblicos E Comentários

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×