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A Teologia do Novo Testamento de Thomas R. Schreiner

Tags: jesus deus cristo
A teologia do Novo Testamento como disciplina é um ramo do que os estudiosos chamam de “teologia bíblica”. A teologia sistemática e a teologia bíblica se sobrepõem consideravelmente, uma vez que ambas exploram a teologia encontrada na Bíblia. A teologia bíblica, no entanto, concentra-se no enredo histórico da Bíblia e explica os vários passos na execução progressiva do plano de Deus na história redentora. Neste artigo são apresentados alguns dos principais temas da teologia do NT.

Já mas ainda não

A mensagem do NT não pode ser separada daquela do AT. O AT prometeu que Deus salvaria seu povo, começando com a promessa de que a semente da mulher triunfaria sobre a semente da Serpente (Gn. 3: 15). As promessas salvadoras de Deus foram desenvolvidas especialmente nas alianças que ele fez com seu povo: (1) a aliança com Abraão prometeu terra, semente e bênção universal ao povo de Deus (Gn 12:1-3); (2) o convênio mosaico prometia bênçãos se Israel obedecesse ao Senhor (Êxodo 19–24); (3) a aliança davídica prometia um rei na linhagem davídica para sempre, e que através deste rei as promessas feitas originalmente a Abraão se tornariam realidade (2 Samuel 7; Salmo 89; 132); e (4) a nova aliança prometia que Deus daria seu Espírito ao seu povo e escreveria sua lei em seus corações, para que obedecessem a sua vontade (Jr. 31: 31-34; Ez. 36: 26-27).

Quando João Batista e Jesus chegaram ao local, era óbvio que as promessas salvadoras de Deus ainda não haviam sido cumpridas. Os romanos governaram sobre Israel, e um rei davídico não reinou na terra. A bênção universal prometida a Abraão dificilmente era uma realidade, pois mesmo em Israel era o pecado, não a justiça, que reinava. João Batista, portanto, convocou o povo de Israel a se arrepender e receber o batismo para o perdão de seus pecados, para que eles estivessem preparados para a vinda de alguém que derramaria o Espírito e julgaria os ímpios.

Jesus de Nazaré representa o cumprimento do que João Batista profetizou. Jesus, como João, anunciou a chegada iminente do reino de Deus (Marcos 1:15), que é outra maneira de dizer que as promessas salvadoras encontradas no AT estavam prestes a se cumprir. O reino de Deus, no entanto, veio da maneira mais inesperada. Os judeus tinham previsto que quando o reino chegasse, os inimigos de Deus seriam imediatamente exterminados e uma nova criação surgiria (Isa. 65:17). Jesus ensinou, no entanto, que o reino estava presente em sua pessoa e ministério (Lc 17:20-21) - e ainda assim os inimigos do reino não foram aniquilados instantaneamente. O reino não veio com poder apocalíptico, mas de forma pequena e quase imperceptível. Era tão pequeno quanto uma semente de mostarda e, no entanto, cresceria em uma grande árvore que se ergueria sobre toda a terra. Era tão indetectável como o fermento misturado na farinha, mas o fermento acabaria por transformar toda a massa (Mt 13: 31-33). Em outras palavras, o reino já estava presente em Jesus e em seu ministério, mas ainda não estava presente em sua totalidade. Era “já—mas ainda não”. Foi inaugurado, mas não consumado. Jesus cumpriu o papel de Servo do Senhor em Isaías 53, levando sobre si os pecados de seu povo e sofrendo a morte para o perdão de seus pecados. O dia do julgamento ainda estava por vir, embora houvesse um intervalo entre o início de Deus para cumprir suas promessas em Jesus (o reino inaugurado) e a realização final de suas promessas (o reino consumado). Jesus, que tem reinado desde que ressuscitou dos mortos, voltará e se sentará em seu trono glorioso e julgará entre as ovelhas e os bodes (Mt 25: 31-46). Assim, os crentes oram tanto pelo crescimento progressivo como pela consumação final do reino nas palavras “venha o teu reino” (Mt 6:10).

Os Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) enfocam a promessa do reino, e João expressa uma verdade semelhante com a frase “vida eterna”. A vida eterna é a vida da era vindoura, que será realizada quando a nova criação surgir. Notável no Evangelho de João é a afirmação de que aqueles que creem no Filho desfrutam a vida da era vindoura agora. Aqueles que colocaram sua fé em Jesus já passaram da morte para a vida (Jo 5:24-25), pois ele é a ressurreição e a vida (Jo 11:25). Ainda assim, João também olha para o dia da ressurreição final, quando cada pessoa será julgada pelo que fez (João 5:28-29). Enquanto o foco em João está no cumprimento inicial das promessas salvadoras de Deus agora, o cumprimento futuro e final também está em vista.

O tema do já-não-ainda domina todo o NT e funciona como uma chave para compreender toda a história (ver gráfico). A ressurreição de Jesus indica que a era vindoura chegou, que agora é o dia da salvação. Da mesma forma, o dom do Espírito Santo representa uma das promessas de Deus para o fim dos tempos. Escritores do NT alegremente proclamam que a promessa do derramamento do Espírito Santo foi cumprida (por exemplo, Atos 2:16-21; Romanos 8:9-16; Efésios 1:13-14). Os últimos dias chegaram por meio de Jesus Cristo (Heb. 1:1-2), por meio de quem recebemos a palavra final e definitiva de Deus. Uma vez que a ressurreição penetrou na história e o Espírito foi dado, podemos pensar que a história da salvação foi completada – mas ainda existe o “ainda não”. Jesus ressuscitou dos mortos, mas os crentes aguardam a ressurreição de seus corpos e devem lutar contra o pecado até o dia da redenção (Rom. 8:10-13, 23; 1 Cor. 15:12-28; 1 Pe. 2). :11). Jesus reina nas alturas à direita de Deus, mas todas as coisas ainda não lhe foram sujeitas (Heb. 2: 5-9).

O já e ainda não dos últimos dias

Os profetas do AT, escrevendo do ponto de vista de sua era presente (o tempo da promessa), falaram dos “últimos dias” como sendo o tempo de cumprimento no futuro distante (por exemplo, Jer. 23:20; 49:39; Ez 38:16; Os. 3:5; Mq. 4:1).

Cumprimento por meio de Jesus Cristo, o Filho de Deus

O NT destaca o cumprimento das promessas salvíficas de Deus, mas enfatiza particularmente que essas promessas e alianças são realizadas por meio de seu Filho, Jesus, o Cristo.

Quem é Jesus? Segundo o NT, ele é o novo e melhor Moisés, declarando a palavra de Deus como o intérprete soberano da lei mosaica (Mat. 5:17-48; Heb. 3:1-6). De fato, a Lei e os Profetas apontam para ele e encontram nele seu cumprimento. Jesus é o novo Josué que dá descanso final ao seu povo (Heb. 3:7–4:13). Ele é a verdadeira sabedoria de Deus, cumprindo e transcendendo os temas de sabedoria do AT (Col. 2:1-3). Nos Evangelhos, Jesus é frequentemente reconhecido como um profeta. De fato, Jesus é o profeta final predito por Moisés (Dt 18:15; At 3:22-23; 7:37). Os milagres, curas e autoridade de Jesus sobre os demônios indicam que as promessas do reino são cumpridas nele (Mt 12:28), mas seus milagres também indicam que ele compartilha da autoridade de Deus e é divino, pois somente o Criador-Senhor pode andar sobre a água e acalmar o mar (Mat. 8:23-27; cf. Sal. 107:29). Jesus é o Messias, que realiza a promessa de que Se sentaria no trono de Davi para sempre. Reconhecer Jesus como o Messias é fundamental para todos os Evangelhos e a pregação missionária de Atos, e é uma verdade aceita nas Epístolas e no Apocalipse.

A estatura de Jesus resplandece na narrativa do NT, pois ele com autoridade chama outros a serem seus discípulos, convocando-os a segui-lo (Mt 4:18-22; Lc 9:57-62). De fato, a resposta de uma pessoa a Jesus determina seu destino final (Mat. 10:32-33; cf. 1 Cor. 16:22). Jesus é o Filho do Homem que receberá o reino do Ancião de Dias (Dan. 7:13-14) e reinará para sempre. Os Evangelhos enfatizam, no entanto, que seu reinado foi realizado através do sofrimento, pois ele também é o Servo do Senhor que expiou os pecados de seu povo (Isa. 52:13-53:12; Marcos 14:24; Rom. 4:25; 1 Pe. 2:21–25).

Este que expia o pecado é totalmente Deus e divino. (Veja A Pessoa de Cristo.) Ele tem autoridade para perdoar pecados (Marcos 2:7). Várias ocorrências da palavra “nome” no NT indicam o status divino de Jesus: as pessoas profetizam em seu nome (Mt 7:22) e devem esperar em seu nome (Mt 12:21), e a salvação vem somente em seu nome (Mt 12:21). Atos 4:12). Mas o AT estabelece que os seres humanos devem profetizar somente em nome de Deus, esperar somente no Senhor e encontrar salvação somente nele; assim, tal uso do nome de Jesus indica sua divindade.

A tradução grega do AT (a Septuaginta) identifica Yahweh como “o Senhor”. Ao citar ou aludir a textos do AT que se referem a Yahweh, os autores do NT frequentemente aplicam o título “Senhor” a Jesus e evidentemente o usam nesse sentido forte do AT (por exemplo, Atos 2:21; Fil. 2:10-11; Heb. 1:10-12). O título é, portanto, outra evidência clara que apoia a divindade de Cristo. Jesus é a imagem de Deus (Cl 1:15; cf. Hb 1:3), está na própria forma de Deus, e é igual a Deus, embora tenha renunciado temporariamente a alguns dos privilégios da divindade por estar vestido com humanidade para que os seres humanos pudessem ser salvos (Filipenses 2:6-8). Jesus como o Filho de Deus desfruta de um relacionamento único e eterno com Deus (cf. Mt 28:18; Jo 20:31; Rm 8:32), e ele é adorado assim como o Pai é (cf. Apocalipse 4- 5). Sua estatura majestosa é comemorada por uma refeição celebrada em sua memória (Marcos 14:22-25) e por pessoas sendo batizadas em seu nome (Atos 2:38; 10:48). O Filho de Deus é o eterno Verbo divino (gr. Logos) que se fez carne e foi identificado como o homem que é o Filho de Deus (Jo 1:1, 14). Finalmente, em vários textos Jesus é especificamente chamado de “Deus” (por exemplo, João 1:1, 18; 20:28; Romanos 9:5; Tito 2:13; Hebreus 1:8; 2 Pedro 1:1). Tais textos não envolvem nenhum traço da heresia do modalismo ou do triteísmo. Em vez disso, tais declarações contêm as matérias-primas a partir das quais a doutrina da Trindade foi corretamente formulada. (Veja A Trindade.)

A teologia do Novo Testamento, então, é centrada em Cristo e centrada em Deus, pois o que Cristo faz na terra traz glória a Deus (Jo 17:1; Fil. 2:11). O NT foca particularmente na obra de Jesus na cruz, pela qual ele redimiu e salvou seu povo. A linha da história em cada um dos Evangelhos culmina e se concentra na morte e ressurreição de Jesus. De fato, a narrativa do sofrimento e da morte de Jesus ocupa um espaço significativo nos Evangelhos, indicando que a cruz e a ressurreição são o ponto central da história. Em Atos vemos o crescimento da igreja e a expansão da missão, enquanto os apóstolos e outros proclamam o Senhor crucificado e ressurreto. As Epístolas explicam o significado da obra de Jesus na cruz e sua ressurreição, para que os crentes sejam habilitados a compreender a altura, profundidade, largura e largura do amor de Deus (Rom. 8: 39). O significado da cruz é explicado em relação a temas como nova criação, adoção, perdão dos pecados, justificação, reconciliação, redenção, santificação e propiciação. Entrelaçados, esses temas ensinam que a salvação vem do Senhor e que Jesus, como o Cristo, redimiu seu povo da culpa e da escravidão do pecado.

A promessa do Espírito Santo

Ligada à obra de Cristo está a obra do Espírito Santo. Jesus prometeu enviar o Espírito para aqueles que são verdadeiramente seus discípulos (João 14:16-17, 26; 15:26), e ele derramou o Espírito sobre seu povo no Pentecostes (Atos 2:1-4, 33) após ele havia sido exaltado à destra do Pai. O Espírito foi dado para trazer glória a Jesus Cristo (Jo 16:14), para que Cristo fosse engrandecido como o grande Salvador e Redentor. Lucas e Atos, em particular, enfatizam que o Espírito é dado para o ministério, para que a igreja seja capacitada para dar testemunho de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, ter o Espírito dentro é a marca de uma pessoa pertencente ao povo de Deus (Atos 10:44-48; 15:7-9; Rom. 8:9; Gal. 3:1-5). O Espírito também fortalece os crentes, para que sejam capacitados a viver de uma maneira que agrada a Deus. A transformação à semelhança de Cristo é obra do Espírito (Rom. 8:2, 4, 13-14; 2 Cor. 3:18; Gal. 5:16, 18).

A resposta humana

Por causa do pecado, toda a humanidade necessita da salvação que Cristo traz. O poder do pecado é refletido no enredo bíblico, pois mesmo Israel como o povo escolhido do Senhor viveu sob o domínio do pecado, mostrando que a lei escrita de Deus por seu próprio poder não pode libertar os seres humanos da escravidão do pecado. Paulo enfatiza que o pecado e a morte são poderes gêmeos que governam sobre todas as pessoas, de modo que elas precisam da redenção que Cristo traz (veja Rom. 1:18–3:20; 5:1–7:25). O pecado não constitui meramente o fracasso em guardar a lei de Deus, mas representa a rebelião pessoal contra o senhorio de Deus (1Jo 3:4). A essência do pecado é a idolatria, na qual as pessoas se recusam a dar graças e louvor ao único Deus, e adoram a criatura antes que o Criador (Rom. 1:18-25).

Mas o pecado não é a última palavra, pois Jesus Cristo veio para salvar os pecadores, destacando assim a misericórdia e a graça de Deus. A resposta fundamental exigida por Deus é fé e arrependimento (veja nota em Atos 2:38). O chamado à fé e ao arrependimento é evidente no ministério de João Batista, no anúncio do reino de Jesus (Marcos 1:15), nos discursos em Atos, nas cartas paulinas e em todo o NT. Aqueles que desejam fazer parte da nova comunidade de Jesus (a igreja) e parte do reino de Deus (o governo de Deus no coração e na vida das pessoas) devem abandonar os falsos deuses, renunciar à adoração própria e ao mal e voltar-se para Jesus como Senhor e Mestre. A chamada ao arrependimento nada mais é do que uma convocação ao abandono do pecado e à fé pessoal, pela qual as pessoas são chamadas a confiar na obra salvífica do Senhor em seu favor, em vez de pensar que podem salvar a si mesmas. Todas as pessoas em todos os lugares violaram a vontade de Deus e devem olhar fora de si mesmas para a obra salvadora de Cristo para libertação da ira de Deus. De fato, todo o NT pode ser entendido como um chamado ao arrependimento e à fé (cf. Hebreus 11). Mesmo aqueles que já são crentes devem se esforçar em fé e arrependimento enquanto a vida durar, pois esta é a marca dos verdadeiros discípulos de Cristo. Os escritores do NT constantemente encorajam seus leitores a perseverar na fé até o fim, e alertam sobre os perigos de rejeitar Jesus como Senhor em qualquer estágio. Os verdadeiros crentes testificam que a salvação é do Senhor, e que Jesus Cristo é Aquele que os livrou da ira vindoura.

O Povo de Deus

As promessas salvadoras de Deus, então, começaram a ser cumpridas em uma nova comunidade, a igreja de Jesus Cristo. A igreja é composta de crentes em Jesus Cristo, tanto judeus como gentios, pois as leis do AT que separavam judeus de gentios (por exemplo, circuncisão, leis de pureza e festas e feriados especiais) não estão mais em vigor. A igreja é o novo templo de Deus, habitado pelo Espírito Santo, e é chamada a viver a beleza do evangelho, mostrando a marca suprema dos discípulos de Cristo: amor uns pelos outros (Jo 13:34-35).

A igreja reconhece, no entanto, que ela existe em um estado provisório. Ela aguarda ansiosamente o retorno de Jesus Cristo e a consumação de todos os propósitos de Deus. Nesse ínterim, a igreja deve viver sua vida em santidade e piedade como a noiva radiante de Cristo, e anunciar as boas novas da salvação até os confins da terra, para que outros que vivem nas trevas do pecado possam ser transferido do reino de Satanás para o reino do Senhor. A igreja anseia pelo dia em que verá Deus face a face e adorará Jesus Cristo para sempre. A nova criação será uma realidade plena, todas as coisas serão novas, e o Senhor será louvado para sempre por seu amor, misericórdia e graça – pois a teologia do NT é, em última análise, glorificar e louvar a Deus.

Autor: Thomas R. Schreiner, professor da The Southern Baptist Theological Seminary, Ph.D., Fuller Theological Seminary. (Artigo extraído de ESV Study Bible)


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