Uma imagem da nova Trilha de Emaús, que permite aos caminhantes caminhar dos arredores de Jerusalém através do pitoresco sopé da Judeia.
A narrativa de Lucas dos dois discípulos de Jesus que retornam totalmente frustrados para sua vila denominada de Emaús e depois de contemplarem o Jesus ressurreto no partir do pão na hora da refeição da noite e percorrem o mesmo trajeto de volta a Jerusalém em extasiante alegria é certamente uma das cenas Lucana mais linda e tocantes que temos nos textos evangélicos. Vamos conhecer um pouco desta pequena famosa vila da Palestina Judaica.
A palavra grega da qual é transliterada esse vocábulo significa «fontes» ou «termas», ainda que haja discussões sobre o siginificado.[1] Também não se sabe com certeza sua real localização. Atualmente existem nada menos que quatro vilas/cidades modernas que afirmam ser as Emaús do Novo Testamento, e as distâncias em que são encontradas estão entre 6 km e 32 km.[2]
Todavia, a localização exata é incerta, com muitos lugares sendo sugeridos como que se encaixando nas qualificações geográficas para a aldeia. O registro de Lucasdescreve dois discípulos viajando para Emaús, que estava a 60 estádios (11 Km) de Jerusalém, e retomaram no mesmo dia após Jesus ressurreto se revelar a eles. Assim sendo, a localização de Emaús deve ser próximo de Jerusalém.
De fato, dois dos manuscritos mais antigos contendo Lucas 24.13 referem-se a Emaús estar relativamente perto de Jerusalém - um manuscrito afirma que a distância era de 60 estádios (11 km / 7 milhas), enquanto outro afirma 160 estádios (30 km / 19 milhas). Pela dinâmica da redação lucana a reivindicação mais próxima de 11 km é tradicionalmente favorecida. Assim, duas aldeias localizada a cerca de 11 km de Jerusalém, têm sido tradicionalmente identificadas como as Emaús do Evangelho: Abu Ghosh e el-Qubeibeh (cf. mapa).
É preciso lembrar que a preocupação do evangelista Lucas não é exatamente com topografia ou geografia, mas com a questão teológica aqui envolvida que é o ápice de toda sua narrativa – o Jesus Cristo ressurreto.
O sofrimento e a frustração dos dois discípulos impediram que pudessem perceber que o novo companheiro de viagem não era outro se não o próprio Jesus ressurreto.
Os quilômetros e horas se passaram e Jesus pacientemente lhes falava sobre tudo quanto havia anunciado sobre o que lhe haveria de acontecer e de como ao terceiro dia haveria de ressuscitar dentre os mortos. Mas apesar das palavras de Jesus arder-lhes o coração, seus olhos permaneciam incapazes de ver e a mente de compreender quem realmente estava caminhando com eles o dia inteiro.
Somente quando chegaram na vila de Emaús e Jesus faz menção de continuar andando, eles o convidam insistemente para que permanecesse com eles. Então quando assentados à mesa para a refeição, Jesus parte o pão (como o fizera na última ceia no Cenáculo, poucas horas antes dos acontecimentos trágicos que os envolvera), seus olhos são abertos e finalmente reconhecem Jesus Cristo Ressurreto.
Quantas vezes tomados pela dor, sofrimento, frustrações e decepções da vida, também somos incapazes de percebermos a doce, graciosa e extraordinária companhia de Jesus conosco!
Mas aprendamos essa preciosa lição de Emaús: assim como Jesus em momento algum desiste daqueles dois discípulos, Ele também jamais vai desistir de mim e de você. Mesmo quando não o vemos ou percebemos, Ele continua ao nosso lado e em algum momento nossos olhos serão novamente abertos e o veremos novamente. E finalmente, em Sua volta glorioso, todos nós haveremos de vê-Lo em toda sua glória, partindo o pão conosco em nossa Emaús celestial e definitiva.
...indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro,
o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles.
mas os olhos deles estavam como que fechados,
para que o não conhecessem.
... Jesus lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer
tudo que os profetas disseram!
... Começando por Moisés, e por todos os profetas,
explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
... Chegaram à aldeia [Emaús]...
Eles o constrangeram, dizendo:
fica conosco porque já é tarde.
... E aconteceu que, estando com eles à mesa,
Tomando o pão o abençoou e partiu-o, e lhes deu.
Abriram-se lhes os olhos e o conheceram.
... E disseram um para o outro:
Porventura não ardia em nós o nosso coração
quando, pelo caminho nos falava
e quando nos abria as Escrituras?
(Lucas 24.13-32)
Fica comigo: desce depressa a escura noite,'
As trevas se aprofundam, Senhor, fica comigo:
Quando falham outras ajudas e o consolo foge,
Ajuda dos desamparados, Oh! fica comigo.
Rápido se aproxima o fim da breve vida:
O júbilo terreno diminui, sua glória passa,'
Mudança e decadência em tudo vejo ao meu redor:
O Tu, que não mudas, fica comigo
Hino de H. F. Lyte
Utilização
livre desde que citando a fonteGuedes,
Ivan PereiraMestre
em Ciências da Religião.Universidade
Presbiteriana MackenzieOutro
BlogHistoriologia
Protestantehttp://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Referências Bibliográficas
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia da Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2. São Paulo, Hagnos, 2006. [8ª edição].
MERRILL, C. Tenney (Org. Geral). Enciclopédia da Bíblia, v. 2. Tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
PLUMMER, Alfred. A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel according to St. Luke. New York: Charles Scribner's Sons, 1920. p. 551, 552.
SCHIIRER, E. A History o f the Jewish People, 2 ed. rev., II (1891), p. 235-255.
LEIPOLDT, Johannes y GRUNDMANN, Walter. El Mundo del Nuevo Testamento. V. ii. Madrid: Ediciones Cristiandad, 1975.
CRIM, Keith R. (Editor). The Interpreter’s Dictionary of the Bible. V. 2. Nashville: Abingdon Press, 1996, 21ª Printing.
[1] (̓Εμμαύς, חַמְּתָא, fontes quentes) há uma aldeia próxima a Tiberíades com uma fonte termal.
[2] Emaús também é mencionada nos livros apócrifos e igualmente, pelo historiador judeu Josefo, mas podem serem localizações totalmente distintas da referida por Lucas.