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Comentário Devocional: Salmos 119.1-8 - Letra Alef (א)

Tags: deus salmista

            Esse e os demais artigos extraídos do Salmo 119 são resultantes das Devocionais Matinais que venho mantendo com alguns irmãos que tem perseverado. Esse alimento matinal extraído da Palavra de Deus tem nos dado sustância para as lidas de nosso cotidiano, bem como tem nos dado a oportunidade de reservamos um tempo precioso de comunhão com Deus e uns com os outros.

            Portanto, querido leitor, por serem preparados para momentos devocionais, não espere encontrar profundas analises hermenêutico-exegéticas, mas com certeza encontrara uma exposição bíblica plenamente saudável e harmoniosa com os melhores comentários devocionais dos Salmos.  

            Como pode ser visto em artigo anterior introdutório o Salmo 119 foi composto no estilo ou formato acrostico (9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119 e 145). O compositor teve o cuidado exaustivo de compor cada estrofe com uma especifica letra do alfabeto hebraico, iniciando com a letra Alef (א) e concluindo vinte e duas estrofes depois com a letra Tav (ת) a última letra do alfabeto.[1] Em algumas poucas versões se manteve o nome das Letras, outras trazem um espaço maior entre cada estrofe, mas infelizmente na maioria das versões em português não há qualquer identificação desta característica acrosticas do Salmo[2].

            Esse formato acrostico por si é um trabalho belíssimo de poesia, mas o Salmista acrescenta ainda mais uma peculiaridade – o tema de todo o Salmo, assim como cada uma das suas vinte e duas estrofes, é a Torah, as Escrituras hebraica e/ou o Antigo Testamento (atualmente identificado nas academias por Primeiro Testamento). É uma linda e profunda declaração de amor do Salmista pela Palavra de Deus, que por sua vez expressa todo o seu amor pelo Deus revelado por meio destas Escrituras.

            Em algumas poucas versões em português se manteve o nome das Letras, outras trazem um espaço maior entre cada estrofe, mas infelizmente em muitas versões não há qualquer identificação desta característica acrosticas do Salmo.

            A palavra Torah (תוֹרָה)[3] ainda que possa ser traduzida por Lei, em referência ao conjunto de leis que Deus ordenou ao povo de Israel por meio de Moisés registrada no Pentateuco,[4]enquanto habitaram quarenta anos no deserto, após terem sido libertados da escravidão do Egito; abrange um significado muito mais amplo, pois se refere a toda a Instrução que Deus comunicou ao seu povo ao longo de toda sua existência e desta forma incluem os Profetas e demais literaturas contidas no Primeiro Testamento. A Torah é a bússola que dirige todo crente, em meio a este mundo tenebroso, na direção correta da vontade de Deus e sempre corrigi a nossa rota quando tomamos uma direção errada.

O Caminho da Genuína Felicidade

Neste artigo inicial veremos a Primeira Estrofe que começa no verso 1 até o verso 8 – se sua bíblia não faz distinção aproveite e marque, pode até pintar com lápis de cera (versos 1-8) e ao lado do primeiro verso anote o nome da primeira letra - alef.  

O salmista começa com uma descrição do caminho para a verdadeira felicidade, assim como Jesus começou seu Sermão da Montanha, e o mesmo tema do Primeiro Salmo que abre todo o conjunto dos Salmos (saltério).

A Felicidade é o objetivo de todas as pessoas (Silvio Santos vendeu milhões de carnês do Baú da Felicidade). A questão é que as pessoas procuram a Felicidade em Caminhos que não irão encontrar. Parafraseando o autor de Provérbios: “há caminhos que parecem conduzir à felicidade, mas o final deles é decepção, amargura e a total infelicidade”. O salmista apresenta nesse longo Salmo o único caminho seguro para genuína felicidade aqui e na eternidade.

Entretanto, o termo hebraico fala de uma felicidade objetiva e concreta e não apenas emocional e subjetiva. Em toda a Bíblia este termo é utilizado para descrever a vida das pessoas, e somente estas, que são alvo das bênçãos de Deus. A Salvação é a maior e mais extraordinária das bênçãos que somente o crente recebe e por isso ele é um bem-aventurado, uma pessoal realmente feliz. O que não significa que ele está isento de enfrentar fornalhas ardentes, cova de leões ferozes ou passar pelos vales da sombra da morte. A genuína felicidade é aquela que enfrenta e suporta todas as adversidades na plena certeza de que todas as coisas cooperam para o seu bem e de maneira que até mesmo as mais difíceis e inexplicáveis situações que surgem na sua vida Deus transformara cada uma delas em bênção (cf. a vida de José nos ensina). 

Mas quem são estas pessoas Felizesque encontraram a verdadeira bênção? O salmista responde na primeira linha do Salmo:

Felizes são aqueles que fazem da Lei do Senhor o seu caminho

e andam por ela sem se desviar.

Caminho aqui é uma forma poética para se referir a uma forma especifica de se viver. Desta forma o poeta bíblico mantém a metáfora de andar/viver explicando que somente aquele que anda ou vive em conformidade com a Torah será verdadeiramente abençoado ou feliz.  

Há dois princípios aqui: o primeiro é o quanto estamos dispostos a viver diariamente dentro dos Padrões estabelecidos pela Palavra de Deus – do quanto de fato e de verdade estamos dispostos a fazer dela a nossa única Regra de Fé e Prática. O segundo é o quanto estamos dispostos a perseverar neste propósito de obedecer a Palavra de Deus.

O verso dois traz uma questão interessante: a verdadeira Felicidade, usufruir as bênçãos de Deus exige ESFORÇO:

“Felizes aqueles que se esforçam para obedecer”

Obedecer a Palavra de Deus não é para preguiçosos; para negligentes; para displicentes – exige Esforço, Dedicação, Abnegação. É só nos lembrarmos do Getsêmani (enquanto Jesus orava, até que seu suor se transformasse em gotas de sangue; os discípulos dormiam sossegados). A Torah é para ser praticada, pois ela não é um conjunto de pensamentos filosóficos abstratos, mas um manual vivencial – deve ser amalgamada em todas as esferas da nossa vida cotidiana.

Mas o salmista aperta ainda mais o parafuso: obedecer de todo o coração aparece seis vezes neste Salmo (119.2 , 10 , 34 , 58 , 69 , 145 ) – integralmente, sem reservas..., portanto esta felicidade não é para aqueles que estabelecem limites - eu vou obedecer até aqui..., não é para aqueles que escolhem apenas o que lhes interessam do Evangelho..., isto eu estou disposto a fazer, mas este ponto não (sou crente, mas não sou fanático). Infelizmente hoje Deus tem sido procurado cada vez mais nas frias pesquisas acadêmicas e nos compêndios teológicos e cada vez menos com o coração. 

E no verso quatro ele explica porque devemos obedecer integralmente a Palavra de Deus: Tu nos destes os teus mandamentos, para serem obedecidas diligentemente (na Linguagem de Hoje: para serem obedecidas de verdade) e não para pendurar em quadrinhos de parede, adesivos de carro e camisetas.

Ele nos oferece ao menos duas razões para obedecermos diligentemente, de verdade: primeiro Satanás é terrivelmente astuto e diligente em nos tentar; segundosomos por demais débeis e frágeis.

No verso 6 ele faz uma declaração interessante:

Fazendo isso, eu sei que ninguém poderá me acusar de coisa alguma, Então não terei vergonha de respeitar todos os Teus mandamentos”.

Fazendo da Palavra de Deus o nosso caminho, podemos andar de cabeça erguida, pois toda acusação que pesava sobre nós e todos os nossos pecados foram pregados na Cruz – não temos medo do Tribunal de Deus, pois a Justiça de Cristo nos reveste. O apostolo Paulo declarou: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.33,34). Tristemente vemos hoje muitos evangélicos que tem vergonha de declarar "Eu sou um cristão!”, ou “Eu Creio na Bíblia!”. O salmista declara com toda convicção: “não terei vergonha de obedecer todos os Teus mandamentos”.

Livres do medo e já resgatados, vivendo em obediência à Palavra de Deus, não temos medo de nada e a paz que excede todo entendimento faz sossegar nosso coração e nossa alma – nem o inferno e nem as circunstâncias podem tirar isso de nós!

Diante dos benefícios de fazer da Palavra de Deus o seu Caminho (a sua maneira de viver nesse mundo); o Salmista declara seu desejo de louvar a Deus (expressar sua gratidão):

Eu Te louvarei com retidão de coração.

A Felicidade do Crente inicia em Deus e se manifesta em Louvor a Deus! Todo conhecimento que não produz uma vida de louvor a Deus é inútil, carnal e diabólico. Uma mente cheia do conhecimento bíblico e um coração vazio de gratidão a Deus é antagônico e uma afronta a Deus. Satanás tinha conhecimento da Bíblia, mas a distorce para tentar o próprio Cristo.

E o salmista conclui com um pedido:

“Por favor, não me deixes sozinho!”.

Nunca me deixes com as minhas próprias forças, nem com o meu próprio coração! Não desista de mim! Sua confiança de que cumpriria os mandamentos de Deus baseava-se unicamente no fato de que Deus não o abandonasse. Não há outro fundamento de persuasão de que seremos capazes de guardar os mandamentos de Deus do que aquele que se baseia na crença e na esperança de que Ele não nos deixará.

O salmista tem plena consciência de suas limitações para obedecer na prática os mandamentos de Deus, e diferente da postura de Pedro que achava capaz por si mesmo de suportar as pressões que viria, mas que vergonhosamente nega seu Mestre três vezes, o salmista tem a humildade para pedir que Deus em hipótese alguma o deixe por conta própria. O salmista entenderia muito bem as palavras de Cristo – “porque semMim (separados de Mim) vocês não podem fazer coisa alguma”.

Quantas vezes nos falta essa humildade do salmista e sobra aquela autoconfiança de Pedro, e aqui está a distinção de uma vida cristã bem aventurada, feliz e uma vida cristã medíocre, que não se destaca na qualidade, no valor ou na originalidade e, portanto, torna-se uma vida cristã infeliz. Ao contrário o Salmista aspira obedecer plenamente os Mandamentos de Deus, pois o ama de todo o seu coração, forças e entendimento.

“Ó, não me abandone nem um momento que seja!”.

Vamos orar:

Nosso Deus eterno, cheio de misericórdia e graça, desejamos obedecer todos os teus mandamentos, pois te amamos com toda a intensidade de nosso ser. Todavia, esbarramos em nossas próprias limitações e fragilidades humanas, por isso ó Deus te rogamos: não nos abandone! Precisamos sentir sua presença junto conosco em todo o percurso desta nossa vida. Sem Ti nada somos e sem Ti nada podemos fazer. Ouça esta nossa oração, pois a fazemos em o nome do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém e Amém!

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
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Referências Bibliográficas

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BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras, v.3, São Paulo: ed. Vida Nova, 1993.

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BULLOCK, C. Hassell.  Psalms, 73-150, v. 2. Published by Baker Books, 2017.  (Teach the Text Commentary Series).

_________________. Encountering the book Psalms. Published by Baker Academic, 2001. (Encountering biblical studies).   

CALVINO, João. O livro dos salmos. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo: Edições Parakletos, 2002.

CHOURAQUI, André. A Bíblia – louvores II (Salmos), v. 2. Tradução Paulo Neves. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1998. [Coleção Bereshit].

HARMAN, Allan M.  Comentários do Antigo Testamento - Salmos. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

KIDNER, Derek. Salmos 73-150 – introdução e comentário, v. 14. São Paulo: Sociedade Vida Nova e Mundo Cristão, 1981. [Série Cultura Cristã].

MANTON, Thomas. An Exposition of Psalm 119. Monergism (eBook).

MONLOUBOU, L. (Org.). Os salmos e os outros escritos. Tradução Benôni Lemos. São Paulo: Paulus, 1996. [Biblioteca de ciências bíblicas]

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RAGUER, Hilari. Para compreender os Salmos. São Paulo: Loyola, 1998.

WILSON, Ralph F. Experiencing the Psalms: A Bible Study Commentary. Ed. JesusWalk Publications, 2010. (JesusWalk Bible Study Series).



[1] Cada uma das vinte e duas estrofes (parágrafos) tem oito linhas(versos), e cada uma das linhas em cada estrofe começa com a letra hebraica apropriada que marca essa estrofe.

[2] Lamentavelmente na maioria das versões da Bíblia as composições poéticas não são identificadas e assim se perde uma parte significativa da força e beleza destes textos.  Grandes porções dos textos proféticos foram escritos em formato poético para que os primeiros ouvintes, que não dispunham da facilidade do texto escrito, pudessem mais facilmente memorizar as mensagens e reproduzi-las com maior grau de fidelidade. Jesus aplica esse método em abundância em seu ministério: as bem-aventuranças; as parábolas.

[3] A Lei de Deus também é chamada de sua palavra, mandamentos, declarações, juízos, estatutos, ordenanças, instruções, preceitos, injunções, testemunhos, promessa, caminho e vereda e pelo menos um destes termos ocorre em quase todos os versículos do salmo.

[4] Pentateuco significa “cinco rolos ou livros” e se refere aos cinco primeiros livros da Bíblia e cuja autoria é referendada a Moisés.



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