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A Ira de Deus - o silêncio é ensurdecedor

Tags: deus

 


            Nestes dias em que a graça de Deus não apenas é barateada, mas ultrajada e vilipendiada, não apenas pelos céticos e ateus, mas infelizmente por uma grande parcela dos que se autodenominam evangélicos modernos, mencionar a “Ira de Deus” é uma aberração inaceitável – por isso há um silêncio ensurdecedor em relação a esta verdade bíblica e evangélica.

            A ignorância proposital deste tema é uma marca distintiva da igreja do final dos tempos. Uma igreja mundana e materialista que teme a sociedade e sua mídia corruptora, mas não teme a Deus; uma igreja que troca voluntariamente sua primogenitura por qualquer prato barato de cinco minutos de fama; uma igreja que se preocupa em construir seus castelos e feudos eclesiásticos, mas faz vistas grossas a toda sorte de corrupção que assola a nação brasileira.

            O tema da ira de Deus pode ter sido ignorado pela igreja do século XXI, mas jamais foi ignorada nas páginas das Escrituras, desde as primeiras páginas de Gênesis até as últimas páginas do Apocalipse. Já nas páginas iniciais do livro de Gênesis temos a terrível manifestação da ira de Deus através do Dilúvio e no transcorrer das narrativas temos outras manifestações do juízo de Deus sobre os pecadores contundentes. Nas páginas do Segundo Testamento a tônica da ira de Deus continua ressoando constantemente: João Batista claramente enfatizava o tema em suas pregações incentivando seus ouvintes a se arrependerem enquanto havia tempo (Mateus 3.7); Jesus não se omitiu sobre o tema (Lucas 21.23); o apostolo Paulo é muito claro e incisivo em anunciar o juízo eminente de Deus (Romanos 1.18; 9.22; Efésios 5.6; Colossenses 3.6); João menciona-o claramente uma vez em sua narrativa evangélica (3.36), mas faz dele um tema central do Apocalipse (14.6 ss.). Mas nos nossos dias atuais, chamados por alguns de pós-modernismo, onde Deus está cada vez mais fora da equação - ninguém quer tocar no assunto. Não é politicamente correto falar sobre um Deus que se ira, que julga e dá a sentença condenatória. Os púlpitos são apenas caixa de ressonância dos ouvidos sensíveis de um público que cada vez mais repudia o tema da ira de Deus.

            Uma das razões pelas quais os cristãos de forma geral e os púlpitos de forma particular evitam o tema da ira de Deus é que não desejam serem rotulados de “fundamentalistas”. Este termo a muito tempo tornou-se uma espécie de marca de Caim; ser rotulado de “fundamentalista” é ser motivo de repúdio dos líderes ortodoxos moderados; é motivo de zombaria e escarnio por parte das lideranças cristãs liberais. Falar sobre a ira de Deus é ser classificado como analfabetos ignorantes, moralista hipócrita e atualmente um novo termo ceifador – negacionistas – uma pessoa que não é feliz e não quer que ninguém seja feliz. O bom pregador, que atrai atenção de muitos ouvintes, é aquele que trata de dramas pessoais, quanto mais lacrimosos melhor; que oferece sugestões de mentoria, ou seja, que compartilhar as experiências pessoais que podem servir de guia para se alcançar uma vida bem sucedida (financeira, profissional, conjugal, etc...).

            O pregador apreciado é aquele se parece cada vez mais com os pseudos famosos do Tik-Tok ou influencer, em que se preocupam com todos os aspectos técnicos de uma transmissão de alta qualidade, independentemente da qualificação espiritual de quem vai transmitir e muito menos de quem vai ouvir – o que importa é a quantidade do público e que tem que ser crescente – e para que isso ocorra os temas tem que ser bem escolhidos pela equipe de apoio de marketing. O que as pessoas desejam ouvir, a maquiagem adequada para o protagonista, as cores de suas roupas, o corte de seu cabelo.... Certamente que Jonathan Edwards teria muito pouco espaço para pregar sermões como “Pecadores nas mãos de um Deus irado”.

            Muitas lideranças evangélicas ainda acreditam que o ensino sobre a ira de Deus constitui um pressuposto básico da fé cristã, todavia, eles temem mais a reação negativa de seus membros. Eles têm que manterem as contas em dia, a manutenção das estruturas e atividades são cada vez mais caras e exigem cada vez mais recursos e não se pode melindrar os contribuintes com temas incômodos e desconfortáveis.

            Mas infelizmente cresce rapidamente o numero daqueles que ocupam os púlpitos e as lideranças eclesiásticas, que simplesmente não acreditam e não aceitam o ensino bíblico de um Deus irado e de um Juiz implacável. A tese deles é que um Deus de amor jamais manifestaria juízo e ira sobre as pessoas; um Deus que ama jamais enviaria alguém para o inferno cujo sofrimento será eterno. Os pregadores não podem se transforma em ogros sádicos que ficam assustando as pessoas com as labaredas do inferno. Uma pregação sadia é aquela que une as pessoas em torno da mensagem de um Deus amoroso que aceita tudo e todos livremente sem quaisquer exigências; que vivenciam um processo permanente de inclusão social, onde qualquer pessoa se sinta completamente confortável no meio desta comunidade cristã, sem serem incomodadas por suas opções de vida pessoal, ainda que sejam opções claramente contraditórias com o ensino bíblico.

            O teólogo H. Richard Niebuhr analisando o liberalismo teológico nos distantes anos de 1920 sintetizou da seguinte forma: o liberalismo apresenta “um Deus sem ira, que trouxe pessoas sem pecado para um reino sem julgamento através de pregações de Cristo sem uma cruz”. Esse é o cristianismo dos dias atuais.

            O silêncio ensurdecedor sobre a ira de Deus não é um sinal de evolução dos evangélicos, mas de decadência espiritual das igrejas. Quando o medo mediático intimida e acovarda os pregadores é sinal de que o temor de Deus se esvaiu completamente. Quando o processo de desvalorização das Escrituras alcança os púlpitos, o Deus da bíblia já se afastou delas assim como ocorreu em relação à glória de Deus que saiu pela janela do templo israelita e dirigiu-se para o deserto, conforme registrado pelo profeta Ezequiel (cap. 9-10).

            Evidentemente que sempre houve aqueles que se utilizaram do tema da ira de Deus de forma equivocada e até esquizofrênica produzindo um medo nos corações das pessoas, mas não o genuíno temor de Deus. Na boca dos profetas veterotestamentário a pregação sobre o juízo eminente de Deus sobre aqueles que não desejavam se arrependerem de seus pecados era sempre no sentido de alertá-los e convidá-los a uma conversão à Deus; igualmente os pregadores neotestamentário somente utilizavam o tema da ira de Deus para conduzir as pessoas ao arrependimento e consequente fé salvadora. Quaisquer outras motivações é uma distorção grave da exposição da ira de Deus.

            Assim como o apóstolo Paulo declara que jamais deixou de pregar sobre todos os desígnios de Deus, hoje essa responsabilidade pesa sobre os ombros de todo aquele que exerce a função de ensino nas igrejas. E todos os desígnios de Deus incluem a graça salvadora, mas certamente também inclui a ira de Deus. Onde uma destas vertentes não se faz presente o Evangelho de Cristo não está genuinamente pregado e ensinado e parafraseando Paulo – torna-se outro evangelho.

            Um Deus de amor e graça que não condena o pecado e nem aplica a sentença final de morte, não é o Deus da Bíblia. E a prova cabal desta verdade está Cruz. Nela temos a manifestação da plenitude do amor imensurável de um Deus que está disposto às últimas consequências para salvar o pecador, como igualmente é o alerta para as consequências de uma vida pecaminosa, o juízo implacável de um Deus santo. Não é possível pregarmos o Evangelho da Cruz, sem pregarmos sobre a graça e o juízo de Deus – os dois temas são indissociáveis nas Escrituras.

            Não somos chamados para sermos coach para melhorar a vida das pessoas, mas somos enviados a pregarmos o Evangelho da Cruz que transforma a vida do pecador. Não somos enviados para pregarmos uma mensagem agradável aos ouvidos das pessoas, mas a pregarmos a mensagem da Cruz, pois somente esta mensagem se constitui no poder de Deus para salvação de todo aquele que crer.

            A boa notícia (Evangelho) contida nas páginas da Bíblia é que “Jesus morreu por nós e ressuscitou para nos salvar da ira de Deus que está por vir”, qualquer outra mensagem não produzira salvação e reconciliação do pecador com Deus (cf. 2 Tessalonicenses 1.2-10; Colossenses 3.1-11). Como nos dias de Noé, Jeremias e Paulo esta mensagem da ira de Deus e sua graça continua sendo loucura e escândalo para a maioria dos ouvintes. Mas aprouve a Deus salvar os pecadores por meio desta pregação e não de outras quaisquer. É preciso romper urgentemente esse silêncio ensurdecedor, ou seja, é preciso pregar a tempo e fora de tempo sobre o eminente juízo de Deus sobre a vida de todos aqueles que sistematicamente rejeitam a mensagem salvadora da ensanguentada Cruz.

O Evangelho da Cruz terá a última palavra!

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
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