C.S. Lewis (1898 - 1963) foi um dos maiores intelectuais do século XX e indiscutivelmente um dos escritores mais influentes da sua época. Suas obras já ultrapassaram 200 milhões de cópias e continua na lista dos mais lidos. Alguns de seus livros foram transpostos para o cinema e alcançaram recordes de bilheteria,[1] mas é praticamente desconhecido no mundo evangélico brasileiro, tem sobrevivido pelas editoras seculares.
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Se perguntarmos a uma criança ou pré-adolescente evangélico brasileiro quem foi C. S. Lewis elas dirão que não sabem, pois mesmo seus pais não saberiam informa-las. Essa é a nossa triste realidade no mundo evangélico tupiniquim. Enquanto a mente de nossas crianças e pré-adolescentes estão sendo destruídas pelas mais nefastas ideologias antibíblicas e anticristãs, não somos capazes de dar-lhes ao menos uma oportunidade de ouvirem, verem e lerem as obras extraordinárias de um dos maiores escritores infanto juvenil cristão e suas épicas histórias de Nárnia e seu Leão protetor.
Esse pequeno espaço aberto no blog foi a forma que encontrei para abrir uma janela para vislumbramos o mundo literário de C. S. Lewis, na expectativa de que ao menos alguns possam ter a curiosidade de olhar e se encantar com a vasta galeria literária dele.
O livro escolhido para iniciarmos está serie é “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”[2]certamente não traz uma temática infanto juvenil, pois ele escreve sobre assuntos complexos e que poucos teve ousadia para tratar. Ele mesmo disse que apesar de ser um livro pequeno a sua produção foi extremamente exaustiva mentalmente e muitas vezes teve que fazer uma pausa e depois retomar a elaboração deste livro. Sua abordagem irônica e irreverente tornou essa pequena obra um clássico da literatura cristã mundial. Ele dedicou esse livro a seu amigo de longa data J. R. R. Tolkien[3], outro dos maiores escritores cristãos do século XX, cuja primeira edição foi na distante década de 1940.
Conforme o subtítulo desse artigo a proposta não é uma análise da obra, mas apenas extrair alguns fragmentos para que o leitor possa degustar e uma vez cativado possa adquirir e ler a obra em sua integridade.
A história é simples, ainda que sua temática seja tensamente profunda. Um demônio, que na história recebe o nome de Screwtape (Fitafuso), mantém correspondência com Wormwood, um demônio novato iniciando sua carreira infernal. Seu objetivo, claro, é roubar um crente do "Inimigo", (ou seja, Deus) e torná-lo um prisioneiro para "seu Pai lá debaixo" (ou Satanás). Em cada carta Lewis penetra na mente diabólica para descrever o arsenal de métodos e táticas utilizada pelo inferno para alcançar seus objetivos de impedir as pessoas de ouvirem, entenderem e aceitarem o Evangelho e assim se reconciliarem com Deus.
Há dois erros iguais e opostos no que diz respeito à matéria Demônios: Uma é desacreditar em sua existência. A outra é acreditar e sentir um excessivo e doentio interesse neles.
C.S. Lewis (Prefácio)
Fragmentos - Carta nº 1
Meu Caro Wormwood:
“Parta do princípio que sua vítima já se acostumou desde criança a ter uma dúzia de filosofias diferentes dançando em sua cabeça”.
“O jargão e a expressão feita (e não o argumento lógico) são seus melhores aliados para mantê-lo longe da Igreja”.
“Sua maior ocupação deve ser, portanto, a de prender a atenção da vítima de modo a jamais se libertar da corrente do "Se eu vejo, creio!". Ensine-o chamar esta corrente "Vida Real", e jamais deixe-o perguntar a si próprio o que significa "Real".
“Se a vítima teimar em mergulhar na Ciência, faça tudo que você puder para dirigi-la para estudos econômicos e sociais, acima de tudo, não deixe que ela abandone a indispensável "Vida Real".
“Mas o ideal é não deixar que leia coisa alguma de Ciência alguma, e sim lhe dar a ideia de que já sabe de tudo e que tudo que ele assimila das conversas nas "rodinhas" são resultados das "descobertas mais recentes".
Seu afetuoso tio, Screwtape.
Reflexão
É como se Lewis tivesse escrito hoje. As táticas do inferno são tão antigas quanto a queda da raça humana. Ao lermos o texto temos a triste sensação de que ele extraiu essas frases das mídias ideológicas que tem corroído a mente das pessoas, principalmente das crianças e adolescentes.
Absurdamente encontramos nos dias atuais crianças (apelidadas de pré-adolescentes) que se autodenominando de “ateus” sem terem a mínima ideia do que isso implica para suas vidas. Colegiais e universitários, como papagaios treinados exaustivamente, repetem “jargões e expressões ideológicas” sem o mínimo de discernimento do que realmente está por detrás destas verborragias linguísticas.
Os valores cristãos são continuamente depreciados nas mídias controladas pelas mais ignóbeis ideologias, que trabalham incessantemente para minimizarem o valor da Bíblia. O que se iniciou nos centros acadêmicos foram popularizadas para alcançar as mentes mais débeis.
O que importa não são valores morais e/ou espirituais, mas os fatos da “Vida Real”, uma expressão inócua cujo único propósito é manter as mentes fixadas no aqui e agora e aliená-las completamente perspectiva de eternidade – “comamos e bebamos porque amanhã morreremos”.
O grande instrumental ideológico mediático, utilizado amplamente pelos Wormwood atuais, é a falsa ciência, cujo o propósito não é iluminar e esclarecer as mentes, mas tão somente atrofiá-las e controla-las, como estamos vendo diariamente nesta pseuda pandemia. O que importa não é a verdade cientificamente comprovada, mas a cientificação das mentiras e engodos, que escravizam as mentes e controlam as vidas de bilhões de pessoas.
Em cada carta deste livro Lewis expõe com muita clareza as artimanhas do inferno para manter a mente humana alienada de Deus.
Utilização livre desde que citando a fonteGuedes, Ivan PereiraMestre em Ciências da Religião.Outro BlogHistoriologia Protestantehttp://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
Referências Bibliográficas (utilizado no artigo)
LEWIS, C. S. Cartas de um diabo a seu aprendiz. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Referências Bibliográficas
DURIEZ, Colin. Manual Prático de Nárnia (A Field Guide to Narnia). Tradução Celso Roberto Paschoa. Osasco, SP: Novo Século Editora, 2005.
_____________. The A of Z C. S. Lewis - an encyclopedia of his life, thought and writings. Oxford, England: Published by Lion Books, 2013.
_____________. J.R.R. Tolkien e C.S. Lewis: O dom da Amizade. Tradução Ronald Kyrmse. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2018.
MCGRATH, Alister. A vida de C. S. Lewis - do ateísmo às terras de Nárnia. Tradução Almiro Pisetta. São Paulo-Lisboa: Mundo Cristão, 2013.
________________. Conversando com C. S. Lewis. 1 ed. São Paulo: Planeta, 2014.
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[1]A trilogia de Narnia ultrapassou um bilhão e meio de dólares nas bilheterias mundiais.
[2]Esta obra foi publicada originalmente em inglês com o título: The Screwtape Leiters”, por Harper Collins, 1942. Além da tradução aqui utilizada, da editora Martins Fontes (2005 e 2009), temos no Brasil ao menos outras duas traduções: “Carta de Um Diabo a Seu Aprendiz” da Editora Thomas Nelson e pela editora Loyola um título bem peculiar ao catolicismo “As Cartas do Coisa-Ruim”, com um longo subtítulo: como um diabo velho instrui um diabo jovem sobre a arte da tentação (São Paulo, 1982). Encontrei uma outra tradução cujo título é “Cartas do Inferno”, mas não consegui identificar a editora e nem ano da edição.
[3]Entre outras obras a epopeia “O Senhor dos Anéis”.