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Music Box...




Tenho um grande fascínio por caixas de música, há qualquer coisa nelas que encerra uma beleza divina.
São uma metáfora da vida, da essência feminina, são o esplendor, em forma de música, de arte e da imagética feminina.
Quem pega na caixa deixa-se deslumbrar pelo seu mistério, pela sua forma macia e arredondada.
Segura-a com cuidado com as duas mãos, sente-lhe o peso da madeira e não controla o desejo de saber o que vai encontrar lá dentro.
Levanta-lhe a tampa com suavidade e docemente se extasia pelos primeiros acordes que flutuam à sua volta.
E eis que, numa aparição de delicadeza, vulnerabilidade, subtileza, e encanto surge a pequena bailarina.
Ela é singela, delicada e os mais incautos consideram-na frágil, que néscios são… Esta menina, como qualquer mulher, vive a dicotomia entre o ser e o parecer. Esforça-se para estar sempre de vestido vaporoso e cuidado, de cabelo meticulosamente arranjado onde cada fio se encaixa num pequeno totó.
A seda dos seus sapatos brilha a cada movimento e as suas fitas de seda estão encantadoramente enroladas nos seus magros tornozelos.
A sua expressão é séria, mas muito doce, quem olha para ela sente a felicidade que emana ao dançar, sente o amor por estar ali connosco.
Mas a alma da bailarina, ninguém vê, está vedada aos insensíveis e só os olhos de quem verdadeiramente ama, consegue compreender.
A sua alma sofre… castigam-na as dores da vida a dançar, doem-lhe os pés de suportar o seu corpo, amarguram-lhe os braços de tanto querer levitar, rasga-se a carne por não poder engordar, fraturam-se os ossos a cada movimento.
Todos os dias morre mais um bocadinho.
O que a verdadeiramente mata é o esquecimento a que é votada.
Quando a caixa de música é nova, há sempre alguém que diariamente a quer abrir, desfrutar da sua companhia, rejubilar com a sua magia.
No entanto, o tempo vai passando e a pequena bailarina deixa de ter um lugar primordial no coração de quem a possui e que todos os dias se esquece dela, sem se aperceber do sofrimento que causa.
Um dia, a caixa de música deixará de tocar e a singela boneca jamais se movimentará.
O motivo?
As lágrimas que tanto chorou enquanto a caixa esteve fechada e que enferrujou todas as molas que a faziam movimentar.
Tudo na vida tem um tempo certo: há um momento para abrir a caixa de música, outro para escutar a sua melodia e admirar quem dança lá dentro e finalmente, há um tempo para a fechar e não mais abrir!!!




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