por saia poética/ Carla
Aprendi com a Biologia Das palavras
O segredo do ventre do mundo.
Descobri adjetivo com olhos
de pêssego maduro.
Outros, atarantados de caroço,
parecem até
castrados de asa
no horizonte.
Há verbo oco,
Há também pançudo.
Tudo depende
do voo da libélula
na alma da semântica.
A anatomia dos prefixos tântricos,
por exemplo,
revela a aura de um dia.
Já a preguiça de advérbio cansado,
esticado de enguia,
esconde fome de feriado.
Sem falar nos substantivos animais
que, sem querer, se exilam
em flores.
A biologia das palavras
é para gente
avariada de vida,
abandonada em reticências,
entardecida de poesia.