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Poema: Isto é o Brasil

Andando na selva de concreto
Avisto uma sem-teto
Com ela, ninguém se importa
Sorrio e ela me sorri de volta
No horizonte, prédios bonitos são erguidos
No chão, símbolos de um Estado falido
No meu celular, a democracia vira poeira

Sindicatos queimando
Sem-teto agonizando
Do tiro que levou de um milico
Índios amaldiçoando
O governo do pudico
Meu coração bate a mil
Isto é o Brasil

Moro num país tropical abençoado por Deus
Onde seus filhos morrem de frio em noites de breu
No metrô, um celular é roubado
No coletivo, mais um morre esfaqueado
Nisso, a elite comemora o fim da democracia com festança
E o povão não consegue ver futuro nem ter esperança

Mais injustiça, mais indignação, mais repressão
Mais balas saindo das armas dos milicos
Aos Estados Unidos, garantimos nossa submissão
E as mulheres lamentam sua não-representação 
No governo exclusivo dos ministros ricos
Meu coração bate a mil
Isto é o Brasil

Sessenta e quatro, o jornais passaram a recriar
O povo está chocado demais para protestar
Policiais e militantes à paisana nos interrogam
As manifestações culturais eles já calaram
Mas já tivemos sequer cultura alguma
Além do ódio e do preconceito que agora fecundam?

À psicóloga cristã, foi garantido
Homofobia na educação agora é institucionalizada
O processo civilizatório está oficialmente perdido
E a carestia segue louca e descontrolada
Mas não pense em crise, trabalhe!
Esqueça como o Brasil falha
Parabéns, conseguiram seu país de volta
Governem agora sem negros na escolta

Povo queimando
País agonizando
Do golpe que levou de um burrico
Índios amaldiçoando
O governo desse pudico
Meu coração bate a mil
Isto é Brasil


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