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Cânhamo: e a descontaminação de solos

Cientistas de todo o mundo se dedicam a comprovar a capacidade do cânhamo de limpar solos contaminados. The Green Hub

O maior acidente nuclear da história aconteceu em 1986, na usina de Chernobyl, em Pripiat, no norte da Ucrânia.

Anos depois, grandes áreas no entorno da cidade abandonada foram cobertas de pés de cânhamo, com o objetivo de descontaminar o solo. Pois é, além dos inúmeros usos industriais que sempre citamos por aqui, o cânhamo ainda é eficaz para a fitorremediação (fito = planta e remediação = corrigir), método que utiliza plantas e comunidades microbianas para degradar, extrair, conter ou imobilizar contaminantes do solo e da água.

Várias plantas foram utilizadas em Chernobyl por sua capacidade de absorver contaminantes específicos – duas variedades de brássicas para remover cromo, chumbo, cobre e níquel, milho para absorver chumbo (vários estudos demonstraram a excelente capacidade de absorção de chumbo desta importante cultura) e, mais recentemente, girassol e cânhamo.

Em 1990, apenas quatro anos após a explosão inicial, a administração soviética da época solicitou que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) avaliasse a situação ambiental. Na área de exclusão de 30 km ao redor de Chernobyl, foram encontradas no solo altas concentrações de vários metais tóxicos, incluindo chumbo, césio-137, estrôncio-90 e plutônio, bem como nos tecidos de plantas e animais. DaBoa Brasil

Em resposta, foi decidido que seria realizado um esforço conjunto para reduzir a contaminação do solo por meio do uso de plantas benéficas. Esse processo, conhecido como fitorremediação, foi implementado quase que imediatamente.

A iniciativa de utilizar o cânhamo para retirar elementos tóxicos do solo da chamada zona de exclusão – região no entorno de Chernobyl onde o acesso é restrito e não se pode cultivar – foi da empresa americana de biotecnologia Phytotech, em parceria com a Academia Ucraniana de Ciências Agrárias. Após o plantio, realizado em 1999, eles informaram ter obtido fibra de cânhamo limpa, apesar de a planta permanecer rica em césio – elemento químico radioativo.

Neste experimento, os restos contaminados do cânhamo foram queimados em um incinerador lacrado, nos quais ficaram as cinzas com elementos radioativos. O resultado apontou a capacidade da planta de extrair cerca de 1% do césio do solo. Pode parecer pouco, mas os pesquisadores consideraram a conclusão positiva, já que a técnica poderia ser associada a outras, ajudando na recuperação da área.

Assim como na Ucrânia, áreas rurais na vizinha Bielo-Rússia foram afetadas pelo incidente de Chernobyl. As autoridades locais também consideraram o uso de cânhamo como descontaminante.

Com base na experiência de Chernobyl, a Associação Flecha Verde, que reúne moradores de Palomares, na província de Almería, na Espanha, apresentou um projeto para uso do cânhamo, com o objetivo de limpeza do solo da região. As terras de Palomares foram atingidas por quatro bombas nucleares, em 1966, quando dois aviões da força aérea dos Estados Unidos colidiram no ar durante uma manobra de abastecimento. Até hoje, uma superfície de 40 hectares de terra está contaminada com plutônio procedente das bombas.

São nessas áreas em que a Associação Palomares Flecha Verde pretende intervir, uma organização recém-criada e farta com o passar dos anos e décadas, onde ninguém tenha feito algo contra a poluição causada por um dos maiores acidentes nucleares do mundo. Um estudo do governo espanhol, realizado em 2008, encontrou meio quilo de plutônio em 50.000 metros cúbicos de terra. E agora, uma plantação de cannabis poderia acabar com toda essa contaminação. Smoke Buddies

No sul da Itália, agricultores da cidade de Taranto, na região de Puglia, têm uma história parecida para contar. Cerca de 100 fazendeiros são responsáveis pelo plantio de 300 hectares de cânhamo, que abastecem toda uma indústria baseada na planta, já consolidada por lá.

Segundo reportagem do Slate, as plantações de cânhamo cresceram de 3 para 300 hectares na cidade de Taranto – mais precisamente na região de Puglia, onde cerca de 100 fazendeiros dedicam-se a este tipo de cultivo.

Tradição em Puglia, a criação de gado para fabricação de carnes e laticínios está proibida na região graças à contaminação por substâncias tóxicas, como níquel e chumbo.

“Nós nos encontramos numa encruzilhada e tivemos que decidir entre sair ou ficar”, declarou o fazendeiro Vincenzo Fornaro. “Decidimos permanecer para defender nossa terra.”

Mais do que fomentar um crescente mercado – onde prosperam empresas como a CannaPuglia – o cultivo de cânhamo na região tem o objetivo de ajudar a descontaminar o solo da região, poluído por resquícios de metais pesados oriundos da maior fábrica de aço da Europa. Marijuana

O cânhamo está sendo usado em larga escala para auxiliar na descontaminação de alguns dos solos mais poluídos da Europa. A usina siderúrgica Ilva, a maior de seu tipo na Europa, envenenou o solo local, plantas, animais e residentes humanos durante décadas com suas emissões tóxicas. Dentro de um raio de 20 km da fábrica, o pasto de gado é proibido.

A presença de níquel e chumbo fez com que atividades tradicionais da área, como a criação de gado, fossem suspensas. Os moradores se uniram e encontraram no cânhamo o caminho para recuperar suas terras.

Desde 2012, quando a extensão da crise se tornou aparente, os agricultores plantaram milhões de plantas de cannabis em um esforço para descontaminar o solo. Cerca de 100 agricultores estão cultivando cânhamo, e o movimento já provou ser um estímulo econômico. Uma nova fábrica de processamento de cânhamo foi inaugurada para converter a colheita

O estado norte-americano da Pensilvânia foi o local escolhido por cientistas para comprovar, de uma vez por todas, as propriedades do cânhamo para fitorremediação. Eles investigaram a capacidade da Cannabis sativa L. – nome científico do cânhamo – de crescer de forma sustentável e limpar solos de minas de carvão abandonadas na Pensilvânia.

Foram plantadas seis variedades diferentes de cânhamo, em diferentes tipos de solo, contaminados ou não. Os pesquisadores analisaram a presença ​​de metais pesados nas plantas e no solo. A conclusão deles revelou que o solo tinha níveis significativamente mais altos de substâncias tóxicas antes do plantio. Este estudo fez ainda outra descoberta positiva: o canabidiol (CBD) – um dos principais elementos da cannabis utilizado para fins medicinais – produzido a partir do cânhamo plantado em solo contaminado, não apresentou sinais de contaminação.

Isso significa, a princípio, que seria possível descontaminar o solo e produzir CBD seguro ao mesmo tempo.

Em 2002, outra análise foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Eles destacaram a capacidade do cânhamo para crescer em solo contaminado, sem que suas fibras ou o hurd – interior do caule e das hastes da planta – sejam prejudicados. O mesmo estudo apontou a capacidade do cânhamo de extrair metais pesados, óleo e diesel do solo.

Desde o devastador acidente na usina nuclear de Fukushima Dai-ichi em 2011, tem havido pedidos para que o Japão implemente a fitorremediação de cânhamo. No entanto, devido à Lei de Controle de Cannabis imposta à lei japonesa pelas potências ocupantes dos EUA em 1948, o cânhamo só pode ser cultivado sob licença – e estas são altamente restritas e difíceis de obter.

No Japão, optaram pelo milho para absorver metais pesados do reator de Fukushima, porque sua legislação os impedia de recorrer ao uso da cannabis.

Poucos meses depois do incidente, os residentes de Fukushima começaram a plantar milhões de girassóis, bem como mostarda e amaranto do campo, na tentativa de absorver o césio e outras toxinas do solo. A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão também iniciou um projeto experimental envolvendo girassóis em 2011, e vários projetos desde então investigaram algas, trigo sarraceno e espinafre por sua capacidade de absorção.

Conheça estudos que destacam o poder de fitorremediação do cânhamo:

  • Industrial hemp (Cannabis sativa L.) growing on heavy metal contaminated soil: fibre quality and phytoremediation potential
  • Recent Findings on the Phytoremediation of Soils Contaminated with Environmentally Toxic Heavy Metals and Metalloids Such as Zinc, Cadmium, Lead, and Arsenic
  • Remediation of Benzo[a]pyrene and Chrysene-Contaminated Soil with Industrial Hemp (Cannabis sativa)

Há uma extensa pesquisa sobre a capacidade da cannabis de atuar como agente fitorremediador. Um estudo italiano publicado na Plant and Soil em 2003 mostrou que o cânhamo tinha a capacidade de absorver cádmio, cromo e níquel do solo, e que altas concentrações dos metais pesados tinham pouco efeito na morfologia da planta.

Em 2005, um estudo alemão publicado na Biologia Plantarum concluiu que o cânhamo não foi afetado por concentrações de cádmio na raiz de até 800 mg/kg, mas que as concentrações de folha e caule de 50 – 100 mg/kg “tiveram um forte efeito na viabilidade da planta e vitalidade”. Este estudo também observou que o pH do solo afetou a taxa de absorção de cádmio.

No entanto, em 2009, outro estudo chinês mostrou que a concentração de cádmio era 25-29,5 vezes maior nas raízes do cânhamo em comparação com os brotos, “sugerindo que a planta pode ser classificada como excludente de Cd”.

Em 2010, um estudo chinês investigou oito cultivos, incluindo o cânhamo, por sua capacidade de absorver zinco. O zinco é um metal pesado benéfico em pequenas quantidades, mas potencialmente fitotóxico em concentrações mais altas.

Em 2012, um estudo romeno investigou a segurança nutricional de sementes de cânhamo produzidas a partir de plantas cultivadas em solos contendo cádmio, magnésio, ferro e vários outros metais. O estudo descobriu que cinco cepas distintas de cânhamo romeno desenvolveram perfis nutricionais diferentes de acordo com a absorção de vários metais no solo.

Mais recentemente, um estudo paquistanês publicado em 2015 identificou vários genes no cânhamo associados à tolerância a metais pesados, incluindo níquel, cádmio e cobre. Esses resultados podem auxiliar no desenvolvimento de variedades transgênicas de cânhamo com maior capacidade de absorção de metais.

Em 2017, a University of Virginia anunciou uma colaboração com uma empresa de biotecnologia conhecida como 22nd Century, que “desenvolveu plantas de cânhamo que são particularmente adequadas para uso em fitorremediação”.

A Phytotech, a empresa de biotecnologia envolvida com a empresa de Chernobyl, usou “plantas especialmente selecionadas e projetadas”, embora pareça haver pouca informação disponível sobre o desenvolvimento das variedades de cânhamo utilizadas.

Assim, mesmo que o cânhamo usado para remover o cádmio do solo contaminado seja inseguro para consumo, sua fibra ainda pode ser útil para aplicações têxteis e de construção. Além disso, a biomassa do cânhamo pode ser usada em uma série de outras aplicações industriais, como biocombustível.

O cânhamo é eficiente para a fitorremediação e o plantio ainda resulta em matéria-prima para uma indústria rica e variada. Além disso, a planta requer menos cuidados para o cultivo em comparação, por exemplo, aos girassóis, espécie cuja capacidade de descontaminação do solo também é reconhecida.

Como uma ferramenta comprovada e valiosa na luta para reparar os danos causados ​​pelo homem aos nossos solos e ecossistemas, a cannabis pode beneficiar centenas de milhares de locais em todo o mundo. Estima-se que somente nos EUA haja 30.000 locais que precisam de fitorremediação.

Então, com tantas comprovações científicas e casos de sucesso, por que ainda não estamos usando o cânhamo em todo o mundo para descontaminar solos?

Canhaze-se: Hemp Church, Hemp Roll, Hemp Car, Fibra de “maconha” na produção têxtil, CDB e Olímpiadas, as Cannalimpíadas!, Direito ao cultivo individual ou aceita um hamburger?, As discípulas de Jesus, Contrapropaganda sobre a Cannabis



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