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Porque não voto no PT.

por Paulo Terenzi

Nunca antes na história deste que vos tecla, eu havia participado tão ativamente de uma campanha política. E fiz campanha pro Serra. Tuitei freneticamente, adesivei meu carro, postei comentários em portais, participei de redes sociais específicas, conversei com o máximo possível de pessoas nas ruas, na fila do banco ou do mercado, no barbeiro, em todos os lugares. É bem verdade que nunca gostei do PT nem de Lula. Votei neles uma única vez, em 89. No primeiro turno daquela eleição, o meu voto foi para Brizola. Eu tinha apenas 22 anos e os devaneios da pseudo-esquerda brasileira, combinados ao carisma do velho Briza, ainda me seduziam. No segundo turno, votei contra o Collor, em virtude do indisfarçado apoio da Rede Globo a este candidato. Mas daí a votar no Lula por ideologia havia, mesmo na época, uma distância gigantesca.

Aliás a única coisa que o Partido dos Trabalhadores tinha, desde a sua criação, era ideologia. Quer dizer, descontando-se a incoerência do nome do partido, visto que quase ninguém trabalha por lá. De certa forma, eu até admirava algumas posições dos petistas, muito radicais pro meu gosto, mas ao menos eles me pareciam sinceros. E posavam de baluartes da moralidade, da ética e da honestidade. Isso eu achava até bacana, mas nunca acreditei. Eu costumava dizer que só havia 2 tipos de petistas: Os ingênuos e os corruptos. Dos ingênuos, na época a maioria, faziam parte inclusive alguns parentes meus. Considero até – pedindo licença à presidente eleita para usar esta palavra, sequestrada por ela durante os debates da TV – que tive alguns momentos de confronto saudável de idéias com alguns deles.

Com os corruptos, tive o primeiro contato em meados da década de 90 quando fui funcionário de uma das empresas que executou obras de construção dos reservatórios de água de uma certa cidade litorânea do Rio de Janeiro, administrada pelo PT.

Uma das principais dificuldades enfrentadas foi administrar os problemas causados por funcionários petistas contratados pela minha empresa, “indicados” pelo Secretário Municipal de Obras. Estes elementos, não trabalhavam (repito: característica comum à imensa maioria dos petistas). Ficavam zanzando durante todo o expediente pela cidade, fazendo política. Ao tentar orientá-los para focarem no trabalho eu ouvia deles:

-Paulo, como você sabe, eu sou um das cúpula do partido. A gente vamu se reuní pra vê se isso é bom politicamente pra mim.

Tive que demitir um destes espécimes por nunca trabalhar e o Secretário de Obras pediu a minha cabeça para o dono da empresa.

Outro problema era a corrupção dos fiscais. Quando se aproximava o fim do mês, o fiscal deveria medir os serviços executados de acordo com o cronograma. Normalmente se recusavam a fazê-lo ou mediam menos do que o executado se “não rolasse um agrado” por fora. Assim a empresa não teria como emitir a nota fiscal de serviços para faturamento, que também só seria pago se alguém da secretaria da fazenda recebesse algum “incentivo”. Resumindo: extorsão.

Graças a Deus nunca participei destes pagamentos de propina. Essa função sempre foi do dono da empresa, que diga-se de passagem, está entre os maiores canalhas que conheço.

A gota d’água foi quando a prefeitura passou a reter os pagamentos das faturas. Após muita negociação, o tesoureiro da prefeitura condicionou o pagamento parcial de alguns valores, desde que fossem utilizados para pagamento, pela minha empresa, de sub-empreiteiros (amigos dele) que trabalhavam no mesmo contrato. E no final do contrato eles simplesmente não pagaram algo em torno de R$ 350.000,00.

A partir daí, passei a nutrir um profundo desprezo pelo PT.

Pra minha infelicidade, ao sair daquela empresa, fui trabalhar com o filho de um dos fundadores do PT de Niterói, como gerente da loja de telefonia e informática dele. E aí tive a confirmação definitiva do que é o caráter padrão dos petistas. Ele falava em igualdade, democracia, lutar pelo trabalhador, mas mas não registrava a carteira do empregado, não recolhia FGTS, INSS, não pagava o salário conforme o mercado, sempre com propostas de comissionamento inatingíveis, invariavelmente com mudança do critério no meio do caminho ou a argumentação de que não houve lucro, e portanto, não havia o que repartir. Mas o patrimônio dele crescia vertiginosamente. Tinha sempre planos de parceria mirabolantes, nenhum foco e não se constrangia em lesar qualquer pessoa, por mais humilde que fosse, se isso protegesse os seus interesses. Afinal o lema do petista é: O fins justificam os meios. E o fim é sempre o benefício próprio.

Aí veio o mensalão.  “Nunca antes na história despaiz” houve um caso tão escandaloso de corrupção ativa por parte do governo federal. Lula disse que não sabia. Vi petistas, do grupo dos ingênuos, com lágrimas nos olhos. Vi tristeza e desânimo nos rostos de pessoas que repentinamente descobriram que foram traídas e usadas durante muito tempo. Vi a vergonha e decepção nos olhos de pessoas que dedicaram sua vida por uma causa que consideravam nobre. Vi as coisas mais preciosas aos militantes do PT, suas ideologias, suas bandeiras, escorrendo pelo ralo da corrupção. Estes petistas, os ingênuos, jogaram fora suas camisas vermelhas, perderam a vontade de lutar e abandonaram a militância ou levantaram, sacudiram a poeira, deram a volta por cima e fundaram outros partidos, com os mesmos ideais de antes.

Mas também vi, ironia, falsidade e desfassatez no rosto dos que ficaram. Vi a tropa de choque do PT com “Idelis Salvattis” defendendo com truculência o indefensável. Vi nas negativas de envolvimento no escândalo o profundo desrespeito que o o PT tinha pelo povo que os elegeu e pela verdade. Melhor teria sido reconhecer os erros, através dos quais  sempre se pode encontrar um ponto de partida para um recomeço. Talvez desta forma, exorcizando os erros, o PT poderia até perder a próxima eleição, mas não perderia a identidade ou os princípios e valores.

O que está aí hoje é uma caricatura do Partido dos Trabalhadores. A ideologia se foi. As (poucas) qualidades se foram. Ficaram só os defeitos. E os malfeitos. E os malfeitores. Lula e os petistas tentam sempre distorcer a realidade e inverter os papéis. Temos exemplos aos montes pra citar. O mais recente foi o caso do ENEM. Pelo segundo ano consecutivo ocorreram erros grosseiros e indesculpáveis. E o que fez o presidente? Elogiou! Disse que “Até hoje tem gente que não se conforma com o ENEM. Mas, de qualquer forma, ele provou que é extraordinariamente bem sucedido” e atribui novamente a uma suposta conspiração da oposição todo o barulho que a imprensa fez.

Este é um dos principais problemas. Não se tem notícia de que Lula jamais tenha feito um “mea culpa” durante seus 2 mandatos. Além de nunca reconhecer que houve um erro, ele minimiza o problema e transfere a responsabilidade para “alguns setores da imprensa” (provavelmente os que não veiculam anúncios do governo e das estatais) e da oposição”. Ele nunca dá nome aos bois.  Me lembra muito, apesar de eu não ser nascido à época, das “forças ocultas” de Jânio Quadros. Me lembra também Dom Quixote de La Mancha, sempre às voltas com inimigos imaginários.

E como diria Joseph Goebbels: “Uma mentira cem vezes repetidatornase verdade“. E como repetir muitas vezes uma mentira? Fácil! Direcionar as verbas de publicidade do governo e das estatais para jornais e revistas que compactuam com o projeto de perpetuação no poder do partido, à revelia de um princípio básico da democracia, que é a alternância do poder. Manter contratos com institutos de pesquisa e, sobretudo, arregimentar um exército de militantes através de cargos comissionados em todas as esferas dos três poderes, nas estatais e nas agências reguladoras. A imensa maioria destes funcionários, pagos com os nossos impostos, são dissuadidos a serem atuantes nas campanhas dos candidatos do governo e seus aliados, sob pena de perderem os seus empregos.

Isso ficou provado durante a última campanha, quando as tags pro-Dilma lideravam os trending topics do Twitter somente durante o horário comercial. No restante do dia só dava Serra. É triste ver que os jovens militantes do PT tuitam e retuitam incessantemente coisas que não fazem o menor sentido e nem sequer se aproximam da verdade dos fatos como os veiculados ontem: “Vídeo: Haddad dá uma surra na Globo com o ENEM.” ou ainda: “A grande mídia não gosta de Haddad. Ele expandiu a rede pública de educação e reduziu o lucro dos tubarões do ensino privado.” É exatamente o contrário! Através do PROUNI o governo federal tem gasto milhões de reais para pagar universidades particulares, dinheiro este que deveria estar sendo investido na reforma, ampliação estruturação e aprimoramento das universidades federais. Mas estes jovens, não buscam a verdade nos fatos, apenas repetem o que lhes foi orientado! Lêem a Carta Capital como se fosse um livro de auto-ajuda! Isso quando lêem alguma coisa!

O PT pode argumentar que este comportamento não é exclusividade dele, que estão em guerra contra um moinho de vento e que em uma guerra vale tudo. Mas até para a guerra há leis, regras ou tratados. E como país democrático que é, o Brasil tem uma constituição. E a constituição é feita também de valores. Preza pela democracia , pela verdade e pela ética. E Luíz Inácio Lula da Silva e o PT juraram por 2 vezes:

” Manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. “

E o PT de Lula, ou o Lula do PT praticamente rasgaram a constituição nos últimos 8 anos. E com a maioria no senado e no congresso o que os impedirá de o fazerem literalmente?




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