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Manuel Homem surpreendeu-me – Jorge Eurico

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Manuel Gomes da Conceição Homem é engenheiro, cristão (no defeso) político e quadro sênior do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado. Presentemente está de governador de Luanda e Primeiro Secretário do MPLA na capital angolana.

Não sei que bicho lhe mordeu hoje e muito menos qual foi o seu pequeno-almoço. A verdade é que ele redigiu um artigo intitulado “Assassínio de Carácter ”que, para mim, tem “gosto de framboesa”. Por quê? Porque traz à liça um assunto que deveria levar à reflexão da Sociedade angolana e em particular da família política a que pertence e onde tem responsabilidades acrescidas: a intriga, a exclusão, a maledicência , etc, etc.

O governador de Luanda deu uma de (muito) macho, encheu-se de coragem e lembrou-se que antes de ser militante é, acima e antes de tudo um cidadão e patriota. Por isso, escreveu o seguinte: “Há, particularmente, aquelas pessoas públicas que se destacam, e com mérito, pela competência, forma de ser, de estar, de actuar e o equilíbrio, mas que não agradam, ainda assim, a outros. E, deste ponto de vista, existem algumas pessoas que, mesmo tendo as qualidades de mérito a que nos referimos, são vistas como duvidosas por determinados círculos, passando a tê-las como aquelas com as quais não nos devíamos juntar, estar perto, trocar ideias e colher contribuições”.

Isto é uma verdade insofismável num País onde a militância política suplanta a meritocracia. Num País onde o primado da competência é ofuscado pela bajulação reles e primária. Os angolanos de bem sabe bem quem alimenta estereótipos desta natureza.

Manuel Homem deixa o seu lado cristão, ético, cívico e moral e solta o verbo nos seguintes termos: “Matamos o carácter de alguém que muito poderia contribuir de forma honesta para o desenvolvimento social por razões, na maior parte das vezes, subjectivas ou mesmo pela falta de idoneidade intelectual, por caprichos de interesses desfavoráveis ao bem comum, por inveja ao sucesso do outro, por oportunismos de ocasião, enfim, por toda espécie de maldade. Esta é a dura realidade, que torna, num ápice, uma pessoa na ovelha negra da tribo”.

Digam lá, se isso não é de um Homem , que também é Manuel e hoje acordou inspirado para nos propor esta reflexão dominical?

O chefe do MPLA em Luanda condena a cultura de assassínio de carácter que, “infelizmente, estão em todo o lado, fizeram com que muitas pessoas comprometidas de facto, defensoras do bem comum, com conhecimento e provas dadas, com saber efectivo e com contribuições pertinentes e valiosas se remetessem ao silêncio, as quais, do silêncio, com olhar distante e dor imensurável, olham para os nossos desafios com frieza e mágoa, porque têm a consciência de que poderiam ser mais úteis”.

Que reflexão mais improvável de um dirigente, cuja instituição política a que pertence tem muito que se lhe diga no que à condução dos destinos do País diz respeito!

Manuel Homem alerta que não devemos permitir nem estar reféns de que o mérito, a competência e o saber sejam subjugados à mediocridade de quem só queima e suja a reputação de outrem, descredibiliza o respeito e a honra alheia, nem aceitar que o certo passe a ser errado e vice-versa.

Devemos – prossegue Manuel Homem, em discurso directo – engajar-nos, todos, pela inversão colectiva destas tendências maliciosas que só destroem o melhor que uma sociedade pode ter, que são pessoas com carácter, competência, dignidade e saber.

Sinceramente, não sei que bicho terá mordido Manuel Homem. Despertou da sonolência política que lhe toldava o bom-senso cívico-político? Seja como for, estou surpreso. Surpreendeu-me. Se mais dirigentes políticos despertassem para a mesma realidade, talvez pudéssemos começar a crer que o País, afinal, tem futuro.
As minhas sinceras profalças para o governador de Luanda e Primeiro Secretário do MPLA na capital angolana. Haja mais homens com o discernimento e capacidade de reflexão desta estirpe como de Manuel Homem no partido no poder e por Angola afora!

Post Scriptum: Venho, por esta, dar a mão à palmatória por ter dito, erradamente, no meu último artigo, que Samora Machel Júnior (Samito) era primogênito do Primeiro Presidente da República Popular de Moçambique. Manda a verdade dizer que Samito é o sexto filho de Samora e unigênito de Graça Machel.

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