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Eleição no Gabão: Governo desliga internet e impõe toque de recolher

O Gabão bloqueou o acesso à internet durante as eleições realizadas no sábado, que provavelmente levarão o presidente Ali Bongo a prolongar o domínio de 56 anos que a sua família exerce sobre o poder político no país, um dos maiores produtores de petróleo da África Central.

Dados de rede mostram um apagão na internet em escala nacional em todo o Gabão no dia das eleições, disse no domingo a Netblocks, uma organização que monitora a internet. As autoridades também impuseram um toque de recolher nacional, das 19h às 6h, e proibiram todas as manifestações.

As medidas visam “prevenir a propagação de apelos à violência” e limitar a distribuição de “informações falsas”, disse o ministro da Comunicação, Rodrigue Mboumba Bissaou, num discurso na televisão.

A candidatura de Bongo a um terceiro mandato surge meses depois de a Constituição do Gabão ter sido alterada para permitir que o presidente seja eleito num único turno, medida vista como favorável ao titular porque divide o voto da oposição. O novo sistema também obriga os eleitores a escolherem o seu líder e legisladores preferidos do mesmo partido.

Alguns postos de votação na capital Libreville abriram tarde ou nem abriram. O líder da oposição, Albert Ondo Ossa, disse que não conseguiu votar até a 13h, cinco horas após a abertura prevista para as urnas.

“Quero exercer o meu dever cívico, mas a minha seção de voto ainda está fechada”, disse Ondo Ossa na sua página oficial do Facebook. Um funcionário da comissão eleitoral nacional não respondeu às ligações solicitando comentários.

Bongo, 64 anos, enfrenta 18 concorrentes. O seu maior desafio vem de Ossa, 69 anos, professor de economia e ex-ministro do Ensino Superior nomeado pela coligação de oposição conhecida como Alternance 2023.

“É provável que Bongo ganhe confortavelmente devido ao seu controle sobre o processo eleitoral e à estratégia de alto risco da aliança da oposição de escolher um candidato de esquerda”, disse Maja Bovcon, analista de África da Verisk Maplecroft, numa nota enviada por e-mail.

A votação ocorre num momento em que o Gabão procura reduzir a dependência da economia de US$ 22 bilhões do petróleo, que financia mais de metade do orçamento nacional. O governo aposta que a venda de créditos de carbono por meio da preservação das suas florestas pode ajudar a compensar a perda de receitas.

“Se o presidente mudar, não estou convencido de que o modelo tenha raízes suficientemente profundas para ser totalmente sustentável”, disse Lee White, ministro do Ambiente de Bongo, numa entrevista em março.

O fornecimento de petróleo, madeira e manganês do Gabão não se traduziu em um padrão de vida melhor para a população – um terço dos 2,2 milhões de habitantes vive abaixo da linha de pobreza, mostram os dados do Banco Mundial.

Bongo prometeu criar mais empregos, impulsionar programas de microcrédito e cortar o pagamento de taxas nas escolas públicas.

Ele estudou Direito na França antes de entrar na política e foi eleito presidente em 2009, quatro meses após a morte do seu pai, Omar Bongo, que ocupava o poder desde 1967. Assegurou um segundo mandato de sete anos nas eleições de 2016, derrotando o líder da oposição, Jean Ping nas eleições mais acirradas da história do país.

O período que antecedeu a votação foi calmo, mas muitos temem que o período pós-eleitoral possa ser marcado por agitação, semelhante aos protestos que eclodiram após a vitória de Bongo em 2016. A embaixada dos EUA em Libreville alertou para a “possibilidade de protestos em todo o Gabão antes e depois” das eleições.

A violência eclodiu quando Bongo conquistou um segundo mandato de sete anos em 2016, com manifestantes incendiando lojas e o edifício do Parlamento. O governo disse que sete pessoas morreram nos distúrbios, enquanto a oposição acusou as forças de segurança de matar mais de 50 dos seus apoiantes. Ping está boicotando a votação de sábado.

Bongo esteve ausente do Gabão em 2018 e 2019 depois de sofrer um AVC enquanto participava de uma conferência na Arábia Saudita. Ele retornou meses depois, após uma tentativa fracassada de golpe de soldados que questionaram sua aptidão para governar.

Nos últimos anos, Bongo liderou reformas abrangentes para consolidar o seu domínio, concentrando o poder na presidência e garantindo que o chefe de Estado mantém influência sobre as políticas nacionais, mesmo quando a oposição detém a maioria parlamentar.

Em abril, o Parlamento votou pela redução dos mandatos presidenciais para cinco anos. O país não tem limites de mandato.

A contagem dos votos estava marcada para começar após o encerramento das urnas, às 18h. Ainda não está claro quando os resultados preliminares serão anunciados, ou se a votação poderá ser prorrogada devido aos atrasos nos postos de votação.



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