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Angola: Mineiros em greve queixam-se de intimidação policial


Os trabalhadores da Sociedade Mineira do Cuango estão em greve desde junho e denunciam que foram agredidos pelas forças de segurança para voltarem ao trabalho. A polícia e a empresa dizem que 'não é bem assim'.

Em greve desde junho, os Trabalhadores mineiros da Lunda Norte exigem melhores condições laborais, seguros de saúde, aumentos salariais e promoções.

Greve continua

À DW África, o primeiro secretário da comissão sindical dos trabalhadores mineiros, Ferraz Afonso Fernando, garante que a greve vai continuar até que a Sociedade Mineira do Cuango responda às reivindicações.

"Temos trabalhado sem máscaras, sem abafadores, não há carros para borrifar as vias. Trabalhamos na poeira", afirmou. Ferraz Fernando ironiza, referindo que a "segurança de trabalho aqui na Sociedade Mineira do Cuango é só nome, na realidade não existe".

O sindicalista diz que há quase um ano que a empresa diamantífera ignora as queixas dos trabalhadores.

Ferraz Afonso Fernando denuncia ainda que a polícia reprimiu os protestos de grevistas, alegadamente disparando balas reais e usando gás lacrimogéneo.

"Os trabalhadores estavam reunidos e a polícia apareceu, e começaram logo a fazer disparos. Houve vários feridos e temos neste momento seis colegas detidos", relata o responsável da comissão sindical da Sociedade Mineira do Cuango.

Polícia desmente versão dos trabalhadores

Contactado pela DW, o porta-voz da delegação provincial do Ministério do Interior na Lunda Norte, superintendente Rodrigues Zeca, diz que a corporação não usou quaisquer meios letais contra os mineiros.

A polícia explica que, no cumprimento de uma ordem judicial, foi ao local "desmobilizar" os grevistas que impediam a entrada de trabalhadores que não aderiram ao protesto no local de serviço.

"O grosso dos trabalhadores da mina mostrou-se disponível a retomar os trabalhos, mas um grupo restrito entendeu que tinha de paralisar de novo os trabalhos, tinham de impedir os seus colegas de entrarem na mina e impedir a circulação de máquinas", afirmou.

O superintendente explica assim o porquê de as forças terem feito uma intervenção, "usando meios de dispersão não letais, no caso gás lacrimogéneo, para dispersar os grevistas e garantir o funcionamento normal da empresa".

Rodrigues Zeca considera caluniosas as alegações de que a polícia disparou balas reais para reprimir os grevistas.

"Não há detidos, nem feridos graves. Houve apenas alguns grevistas que, ao fugir do gás lacrimogéneo, acabaram por ter algumas escoriações normais em determinadas zonas do corpo", disse o oficial da polícia angolana.

Empresa promete não recuar

O presidente do conselho de gerência da Sociedade Mineira do Cuango, Artur Gonçalves, acrescenta que os grevistas estavam a exigir a demissão de alguns gestores, uma tarefa que não cabe à comissão sindical, nem está no caderno reivindicativo.

Foi por isso que, segundo Artur Gonçalves, a direção da empresa interpôs uma providência cautelar, tendo o tribunal determinado a suspensão da greve. Agora, o gestor promete sancionar os membros da comissão sindical por impedirem o "normal funcionamento da empresa", desrespeitando a decisão judicial.

"Os trabalhadores que conseguirem chegar até à cancela e entrarem são bem-vindos. Aqueles que decidirem continuar na greve ilegal, vamos desencadear todos os mecanismos legais para responsabilizar, de acordo com o douto despacho do senhor juiz", afirmou.

Tal como a polícia, o presidente do conselho de gerência da Sociedade Mineira do Cuango desconhece dados sobre trabalhadores feridos durante a operação policial na entrada da mina.

"Não corresponde à verdade. Também não é verdade que a intervenção da polícia foi feita após uma assembleia de trabalhadores. Não houve assembleia nenhuma", disse.

No entanto, o presidente confirma que houve uma "barricada e a polícia, ao repor a ordem, teve de dispersar os colegas".

Entretanto, a polícia confirmou que decorre uma outra greve de trabalhadores na mina de Lulu, também na província da Lunda Norte. DW



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