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O trilema da UNITA: o deserto de ideias, a inaptidão técnica e o desnorte de liderança - Tito Cambanje


1. Como tradição, e como simulacro dum velho despreparo político, a Unita contestou o resultado das eleições de 2022, com os resultados já conhecidos e com uma alegação de provas que estamos à espera… desde 2008…

2. Para superar a debacle a Unita prometeu, agora com maior representação parlamentar, trazer ao debate público Ideias inovadoras. …

3.Só que a Unita não inova – nunca inovou - e está sem ideias.

4.Alucinada no deserto de ideias eis que a UNITA viu um oásis: a destituição do Presidente da República.

5.E aqui começa o segundo problema da UNITA: a inaptidão técnica.

6.Para além do despropósito da oportunidade política - numa altura em que nos debatemos com intempéries económicas e esperava-se da oposição proposta concretas para debate -, a UNITA propõe, extraído duma qualquer experiencia psicadélica, um processo de destituição do Presidente da República em que se esqueceu de mencionar um fundamento jurídico que se preze.

7.Tal qual metralhadora desgovernada o “panfleto” apresentado disparou contra tudo e todos: Tribunais, PGR, Serviços de Segurança, Investigação Criminal, Serviços penitenciários (graças a Deus não atentou contra o kuduro, porque é “tudo pela Bancada”).

8. A única coisa que faltou acertar foi na Constituição! Analisando tecnicamente, o panfleto é constitucionalmente inepto mas suficientemente lúdico para apresentar como exemplo de más práticas nos manuais de Direito Constitucional… e Ciência Política.

9.O que nos leva ao terceiro ponto: o que se passa na cabeça do “líder” da Unita? ACJ, habituado aos holofotes de líder da bancada parlamentar e conformando-se com o gosto de ser um misto de “meme de política séria” e “digital influencer de política de bancada” vê-se com dificuldades em encarar o papel de líder da oposição uma vez que isso exige pensar mais, agir em prol dos outros e sim, reduzir o ego.

10. Perante o despreparo para assumir tal coisa, resta ao “líder?” da UNITA o papel que era reservado aos jokers na era medieval e renascentista: contratado para nos entreter.

Tito Cambanje, Advogado e Docente Universitário


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