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A guerra de Canudos e a história do Cabo Roque

Foto: Domínio Público

Uma das histórias marcantes da guerra de Canudos é a da morte heroica do cabo Roque. O cabo Arnaldo Roque, uma das ordenanças de Moreira César e pessoa de sua absoluta confiança, saiu da Fazenda Velha, naquele sinistro “4 de março”, carregando os despojos do seu Coronel.

No meio do caminho, atacado pelo inimigo, Arnaldo Roque seguiu a regra geral. Safou-se, deixando entregue à ferocidade jagunça o corpo inanimado de Antônio Moreira César. Não alcançou Queimadas, ponto de concentração da brigada. Veio, logo e logo, a lenda.

Morrera bravamente defendendo os restos mortais do chefe querido. O corpo do comandante, escreveu o “Jornal de Noticias”, foi, com heroísmo sobre-humano, defendido pela ordenança e leal amigo, cabo Arnaldo Roque, o qual morreu ajoelhado junto ao cadáver, depois de queimar o último cartucho de munição que tinha”.

A notícia ganhou o País inteiro. O heroísmo do soldado humilde confortava a nação. Seu nome passou a ser de um momento para outro, um símbolo da República ameaçada. Os republicanos reagiram sempre com aquele cabo imortal. O “Estado de S. Paulo”, traçando um paralelo entre a atitude do Visconde de Ouro Preto por ocasião do brutal assassinato de Gentil de Castro e a do cabo Roque diante dos restos mortais de Moreira César, proclamava, enfaticamente:

“Não fugiremos, podem estar certos os monarquistas. Em Canudos, Roque, ordenança de Moreira César, soldado da República, morre, sem munição, sobre o cadáver do seu valoroso chefe. No Rio de Janeiro, Gentil de Castro braço criminoso embora, braço enérgico dos estadistas do último gabinete da Monarquia, dedicado servidor do Visconde de Ouro Preto, é assassinado e Ouro Preto e outros monarquistas abandonaram-no, para salvarem as próprias vidas, saindo pela portinhola do carro que, com ele, deviam partir. Roque esperava a morte, guardando o cadáver de Moreira César, varado por uma bala do inimigo. Os estadistas do Império abandonam um homem, que por eles deu a vida e fogem do corpo do amigo fugindo à morte”.

Durou pouco a exaltação popular. Antes do fim de março, em sua edição de 26, o jornal que alardeou o gesto exemplar do cabo destemido, divulgava, com melancolia:

“Informaram-nos que o cabo Arnaldo Roque, ordenança do Coronel Moreira César, cuja morte constou em defesa do corpo deste oficial apareceu ontem em Queimadas, apresentando-se ao general comandante das forças”. Uma de cabo de esquadra, insinuou certo comentarista do tempo. Anos passados, no seu trabalho magistral, Euclides da Cunha ironizou: “o soldado obscuro transcendia à história quando vitima da desgraça de não ter morrido – trocando a imortalidade pela vida, aparece com os últimos retardatários, em Queimadas”.

O personagem teria inspirado o dramaturgo Dias Gomes a criar o Cabo Jorge, protagonista da peça O Berço do Herói, de 1963, um personagem que passa a ser considerado herói após ser falsamente falsamente dado como morto. Em 1985, Dias Gomes reaproveitaria o mesmo mote na trama da sua telenovela Roque Santeiro.

Leia o post A guerra de Canudos e a história do Cabo Roque na íntegra em Jornal Cinco.



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