Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Os rituais do Vaticano após a morte de um Papa

Funeral de João Paulo II, em 2005 – Foto: Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil

Há algumas décadas, quando o papa morria, o camerlengo — cardeal responsável por administrar a igreja após a passagem do sumo-pontífice — sacava um martelo de prata e batia em sua cabeça levemente, por três vezes, chamando-o pelo nome de batismo. Se ele não respondesse, a ata de morte era lavrada. É evidente que com o avanço científico, o martelo foi aposentado e a igreja adotou métodos mais claros de certificação de um óbito papal.

Entretanto, alguns outros rituais se mantiveram intactos durante séculos. Um deles diz respeito ao anel de ouro que o papa usa durante o seu reinado. O anel do pescador — que exibe a imagem do apóstolo Pedro lançando redes ao mar — é um dos símbolos do poder papal. Portanto, ele é destruído após a morte do papa. Isso também significa que todos os cargos e nomeações daquele pontificado estão desfeitos.

Ilustração retratando o cardeal camerlengo certificando a morte do papa Leão XIII, em 1903 – Foto: Domínio Público

Três grandes funcionários não perdem seus empregos: o vigário da diocese de Roma, a penitenciária maior e o camerlengo. O vigário de Roma atende às necessidades pastorais da diocese de Roma e continua a ter todos os poderes que tinha sob o papa. A penitenciária maior trata dos assuntos confessionais reservados à Santa Sé e pode continuar porque a porta do perdão nunca deve ser fechada.

Este período é chamado de sede vacante. Isso significa que o trono de Pedro está vazio e enquanto a Igreja Católica está sem um chefe. Nos séculos passados, sobretudo durante a Idade Média, a vacância do cargo produzia ondas de saques e violência, uma vez que o pontífice atuava sobre os estados papais como governante.

Funeral do papa Pio XII em 1958 – Foto: Domínio Público

A Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis sobre a vacância da Sede Apostólica e a eleição do Romano Pontífice, promulgada pelo Papa João Paulo II em 22 de fevereiro de 1996, estabelece as normas que regem a administração Santa Sé neste período.

O corpo do papa é preparado. Vestem-lhe roupas pontificais de coloração vermelha, símbolo do sofrimento dos mártires cristãos. Antigamente, o corpo era exibido aos fiéis sobre um suntuoso catafalco, posicionado à frente do altar da basílica de São Pedro. Com o aumento da exposição midiática, o funeral passou a ser exibido pela televisão; o cortejo do corpo do papa em meio aos fieis por um corredor na Praça de São Pedro (no caso de João Paulo II) abriu um precedente histórico.

Funeral do papa Pio IX em 1878 – Foto: Domínio Público

O papa é sepultado com alguns objetos pertencentes ao seu pontificado como medalhas e um testamento envolvido em recipiente de chumbo. O seu rosto é coberto com um lenço. Estas ações são realizadas por camareiros – e, no caso de João Paulo II, pelo seu secretário particular, Stanislaw Dziwisz, e o mestre de cerimônias Piero Marini.

Também foi durante o funeral do Papa Wojtyla que se pode ver os ritos do sepultamento. O seu corpo foi depositado em um caixão com madeira de cipreste, que por sua vez foi adicionado em outro caixão de chumbo, e depois num terceiro de madeira refinada. A intenção é preservar os restos mortais do pontífice defunto, permitindo que no futuro eles possam ser venerados pelos fieis.

Foto: Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil

Também é durante este período que se discute o conclave, a reunião de cardeais para a eleição do novo papa. Durante nove dias (novemdiales) são realizadas celebrações de luto em homenagem ao papa defunto. Assim que o corpo do papa é depositado numa tumba, na cripta da basílica de São Pedro, iniciam-se os preparativos para a escolha do seu sucessor. Isso acontece há vários séculos.

Os espólios de vários papas estão expostos em basílicas na cidade de Roma e até em outras cidades italianas para a veneração dos fiéis. Isso costuma acontecer muito tempo depois a morte. Os restos são expostos muitas vezes com máscaras de cera ou de metal, como no caso do corpo do papa Pio IX, morto em 1878.

Foto: Wikimedia

Excêntrico foi o que aconteceu em 1958 durante a exposição do corpo do Papa Pio XII : devido a um erro no embalsamamento, o corpo teve uma decomposição acelerada, chegando a se deformar e exalar aromas desagradáveis a ponto de causar o desmaio de alguns guardas que faziam a segurança na câmara ardente.

Leia o post Os rituais do Vaticano após a morte de um Papa na íntegra em Jornal Cinco.



This post first appeared on Jornal CInco, please read the originial post: here

Share the post

Os rituais do Vaticano após a morte de um Papa

×

Subscribe to Jornal Cinco

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×