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A história do pedreiro que construiu sua própria casa

Olá amigos,

Nesta semana, a 1 ano atrás, cheguei a Portugal. Nasci pra perder mas vivo para vencer. Faça o mesmo.

Dias atrás falei a respeito do pedreiro alcoólatra e sobre como (pelo jeito) é difícil ser deportado daqui. Hoje trago uma estória de outro construtor, o Zé (nome fictício) a contraparte do alcoólatra, o pedreiro evangélico fervoroso.

Zé é um cara muito legal e faz a vida como estucador (acho que no Brasil chamamos ds gesseiro), ou seja, sua atividade consiste em alisar, nivelar paredes e aplicar acabamentos, e não efetivamente  bater lage e levantar tijolos. Felizmente é oficial (profissional de alto nível), e consegue, mesmo daqui de Portugal, mandar dinheiro pra investir no Brasil.

Pelo que me contou nas breves conversas que tivemos (e admito que eu puxei assunto pois quero conhecer o modo de pensar das pessoas) ele vem de uma família de pedreiros, o que é bastante comum entre operários do ramo, já que aprendem o ofício desde cedo com os pais. Isso é uma vantagem pois essa gente nunca fica desempregada, mas admito que ao longo da vida também identifiquei que muitos crescem com o estigma de que não servem para outro tipo de profissão. Muitos são até ressentidos com quem teve oportunidade de estudar.

Zé disse que morou em Portugal por uns anos, resolveu retornar ao Brasil, onde passou mais 5 anos, e a cerca de 2 está aqui novamente, segundo ele não é pra sempre, apesar de ter contrato de trabalho (com o mesmo empregador de anos atrás, que se tornou seu amigo). O motivo é ter saudades da família e viver em uma praia tranquila, onde nos últimos anos conseguiu acumular um modesto patrimônio em imóveis.

Zé fez uso de uma estratégia de investimento ao alcance de todos: investir em terrenos (lotes) e vendê-los valorizados após alguns anos. Eu mesmo fiz e faço isso. Felizmente tenho família no ramo, que me dá apoio e entregou o modesto conhecimento que possuo disso, mas como todo mundo sabe não é ciência de foguete.

A algum tempo, ao invés de vender a terra crua, Zé resolveu construir casas populares em seus domínios e prover abrigo e conforto aos seus semelhantes, agregando valor na venda. Após consultar pedreiros e calcular as custas de terceirizar a empreitada, ele decidiu aprender via YouTube o que não sabia fazer, vulgo quase tudo, tirando as sapatas da fundação, que pagou o feitio a outro profissional.


Até o momento Zé construiu uma casa, onde um amigo de sua igreja toma conta por enquanto. Não perguntei a metragem e o acabamento, mas como a mão de obra é o que mais consome recursos, o terreno que Zé fisse ter pago 25k e terem oferecido 120 antes dele construir a casa, hoje com a construção deve passar dos 200k, mesmo que seja uma bosta de casa no fim do mundo, pois fica a poucos metros da praia. Não sei se a mesma está regularizada.

Zé mesmo desenhou a planta, baseado no seu gosto pessoal e anos passados dentro de obras. A que estamos trabalhando no momento por exemplo, é uma vivenda de 4 andares que custará mais de 10 milhões de Euros. Sim amigos, eu não tinha noção da existência de moradias deste valor, ainda mais em Portugal que se compra uma casa na praia por uns 50 mil Euros... Claro que já vi notícias idiotas sobre mansões de preços elevadíssimos e imagino que um "Faustão" da vida que tem um puta salário viva numa casa cara pra cacete, mas nunca havia estado em uma.

De resto, incluindo lage, paredes, telhado e pormenores, Zé pesquisou como fazer no YouTube e com conhecidos, e fez sozinho ou com pouca ajuda. Não sei se vocês tem noção disso, mas eu acho fantástico. Zé não se vítimizou nem escolheu uma vida dentro de um escritório por R$ 1500,00 aplicando em CDB até morrer. Zé resolveu tornar-se um barão.

Como a mídia retrata landlords

Fora a casa Zé também está comprando uma grande área à prestações de 5 mil reais por mês em sociedade com seus irmãos. Pretende fazer nela loteamentos assim como meu avô fez durante a vida com seus sócios.

Como disse aqui no blog uns dois anos atrás, tinha o objetivo de construir em meus terrenos (possuo dois) ao invés de vendê-los sem nada em cima. Falei ao meu tio engenheiro que pretendia trabalhar de pedreiro nas obras, assim cuidaria os operários e deixaria de pagar um ajudante. Por mais estranho que me pareça hoje uma vez que eu não tenho muita experiência em construção, ele achou uma boa ideia.

No momento estou trabalhando junto a um carpinteiro e aprendendo bastante. Instalamos portas, chão, reparamos telhados e paredes, e tudo o que tenha a ver com madeira. Neste interim aprendi o básico de tudo (fazer paredes de gesso, instalar azulejos, orçamentos, tempo médio das empreitadas...).

Meu objetivo é tornar-me suficientemente bom para sargentear minhas próprias obras no Brasil sob supervisão do meu tio, cortar custos e corrigir um erro comum nas obras da minha família: aceitar acabamentos mal feitos por displicência e excesso de sangue doce. Coisa que não tenho.

Pessoal, eu sempre digo coisas estimulantes e já fui acusado de escrever auto-ajuda barata, mas acredito no que digo. Se você quer algo, vai lá, se mete com os caras e faz acontecer. Não tem muito além disso pra se ter sucesso em qualquer área.



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