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O que originou a rivalidade entre os Estado Unidos e o Irã?


Alguns leitores entraram em contato com a administração do Mortalha, tanto pela fanpage quanto por e-mail para perguntar porque não estava sendo comentando aqui sobre a possibilidade de haver uma terceira guerra mundial, estava pensando em fazer um post sobre isso baseado em "achismo", dando minha opinião

Porém como esse assunto está fervendo, atenderei ao pedido desses leitores trazendo um conteúdo que adaptarei em alguns posts, explicando o que aconteceu, o que está acontecendo, o que pode acontecer e como tudo isso começou.

O certo é que o clima está tenso, penso que o Irã não irá deixar barato e retaliar, e Donald Trump já se pronunciou que caso haja ataque aos EUA, ele mandará atacar mais de 50 regiões o Irã, pelo visto o negócio está feio e não vai terminar bem, mas vamos por partes.

COMEÇANDO PELO INÍCIO: O QUE GEROU A RIVALIDADE ENTRE OS EUA E O IRÃ?


O último presidente americano a fazer uma visita de Estado ao Irã foi Jimmy Carter, antes de os EUA romperem relações com o país do Oriente Médio em 1980, após a Revolução Islâmica — Foto: Getty Images via BBC.

O ataque feito pelo Estados Unidos perto do aeroporto de Bagdá, no Iraque, que matou dois dos mais importantes líderes militares iranianos, gerou uma escalada da tensão entre EUA e Irã que beira o risco de um conflito armado direto entre os dois países, o que está deixando muitos assustados, pois pode ser um estopim para um terceira guerra mundial.

Em um comunicado oficial, o Pentágono confirmou a autoria do bombardeio por parte dos EUA e disse que a ordem partiu do presidente Donald Trump.

Entre os mortos estão o comandante das Forças Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã, o brigadeiro-general Qassen Soleimani — figura militar de maior relevância no país. Também morreu o número 2 das Forças de Mobilização Popular (FMP), o comandante Abu Mahdi al-Muandis.

Mas, se hoje EUA e Irã estão em pé de guerra, nem sempre foi assim. Por um tempo, acredite, os dois países foram amigos e aliados.


Presidente americano Jimmy Carter celebrou a chegada do ano de 1978 numa visita de Estado ao Irã. Lá ele participou de um luxuoso banquete em companhia do xá da Pérsia — Foto: Getty Images via BBC.

"Nosso diálogo tem sido inestimável, nossa amizade é insubstituível. E não há nenhum outro líder por quem eu sinta uma maior gratidão e amizade pessoal", disse em 1977 o então presidente americano Jimmy Carter se referindo ao xá da Pérsia Mohamed Reza Pahlevi, durante brinde num jantar em Teerã, capital iraniana.

Nesse mesmo discurso, pronunciado durante a visita de Estado do americano ao Irã, o presidente dos EUA classificou o país do Golfo como uma "ilha de estabilidade numa das zonas de maior conflito do mundo".

Essa visão não poderia ser mais diferente da atual. 

Vários representantes do governo Trump tem acusado o Irã de ser uma ameaça à segurança mundial e de impedir a paz no Oriente Médio.

Mas como esses dois países passaram de grandes amigos a inimigos declarados?


Entenda nessa reportagem porque tal ataque dos EUA
 ao Irã deixou o mundo em alerta.


GOLPE DE ESTADO DE 1953

A operação Ajax, nome que recebeu a intervenção estrangeira que possibilitou o golpe de Estado de 1953 no Irã, foi orquestrado pela CIA (a Agência Central de Inteligência dos EUA) e apoiada pelo governo britânico, conforme evidenciam documentos oficiais.

O golpe derrubou o primeiro governante iraniano eleito democraticamente, o primeiro-ministro Mohamed Mossadeq, e restaurou a monarquia no país, com a ascensão do xá Mohamed Reza Pahlevi.


Golpe de Estado orquestrado pelos governos americano e britânico trouxe a monarquia de volta ao poder no Irã, com a ascensão do xá Mohamed Reza Pahlevi — Foto: Getty Images via Reuters

Segundo Arshin Adib-Moghaddam, professor de Pensamento Global e Filosofia Comparada da Universidade SOAS, em Londres, essa intervenção estrangeira é um dos pilares das hostilidades que perduram até hoje entre iranianos e americanos.

O apoio dos Estados Unidos a um governo considerado por muitos como autoritário alimentou o sentimento antiamericano que depois propiciou a Revolução Islâmica de 1979, diz o professor.

"Os historiadores tem demonstrado que os manuais de tortura utilizados pelo brutal serviço secreto do monarca [o xá Mohamed Reza Pahlevi] foram escritos pela CIA e o Mossad [serviço de inteligência de Israel]", diz Adib-Moghaddam.

"Portanto, os Estados Unidos passaram a ser vistos como cúmplices da supressão (de liberdades) da sociedade iraniana, o que explica o sentimento antiamericano dos revolucionários."



O INIMIGO ERA O REINO UNIDO?

Até aquele momento, especialmente até o início da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos não eram vistos com maus olhos no Irã.

"Os Estados Unidos eram vistos como uma nação amiga e não como imperialistas. Até os anos 50, eles não tinham tanta influência no Oriente Médio", diz o professor Siavush Randjbar-Daemi, da Universidade St. Andrews, no Reino Unido.

"Eram os britânicos e, em menor medida, os soviéticos, 
que tinham maiores interesses na região."

O interesse do Reino Unido no Irã era pelos campos de petróleo do país, dos quais era dono desde 1908. Os britânicos exploravam os recursos naturais iranianos e, em troca, devolviam uma pequena quantidade dos combustíveis obtidos — aproximadamente 16%.

O primeiro governante eleito democraticamente no Irã, o primeiro-ministro Mohamed Mossadeq, ouviu as queixas do povo iraniano e decidiu nacionalizar a indústria petroleira do país, acabando com o negócio lucrativo que os britânicos cultivaram por décadas.

Teve início, então, uma campanha de intimidação por parte do Reino Unido, que atracou barcos de guerra no golfo Pérsico, ameaçou invadir o país, decretou sanções à venda de petróleo iraniano e colocou em prática um plano sigiloso para derrubar o novo primeiro-ministro.

A conspiração foi descoberta pela inteligência iraniana, Mossadeq decidiu fechar a embaixada britânica em Teerã e expulsar o do país o corpo diplomático do Reino Unido.

Foi então que os britânicos, por não terem mais pessoal em atividade no território iraniano, tiveram que pedir ajuda aos Estados Unidos.

A recém-criada agência de inteligência dos EUA, a CIA, ficou encarregada de orquestrar o golpe. Na época, o presidente norte-americano era o republicano Dwight Eisenhower, eleito em 1953.

O controle do petróleo iraniano foi, portanto, um dos motivos por trás dessa intervenção estrangeira. Mas é possível que não tenha sido o único.



INFLUÊNCIA DA GUERRA FRIA


O primeiro-ministro Mohammad Mossadeq foi o primeiro governante eleito democraticamente no Irã, mas acabou derrubado num golpe de Estado arquitetado pelos EUA e o Reino Unido — Foto: Getty Images via Reuters.

Alguns historiadores consideram que o golpe foi um ato relacionado à Guerra Fria, com o objetivo de evitar a todo o custo que o Irã se aproximasse da União Soviética e do pensamento comunista.

"O governo Eisenhower — e vários documentos tornados públicos nos últimos anos atestam isso — pensava que Mossadeq se alinharia à União Soviética por causa do apoio que recebeu de militantes do partido Tudeh, o partido comunista iraniano", argumenta o professor Siavush Randjbar-Daemi, da Universidade St. Andrews.

"Eu acredito que os Estados Unidos temiam a expansão do comunismo e que os britânicos usaram essa cartada para que os americanos embarcassem na causa", acrescenta.

Independentemente das motivações reais por trás da intervenção dos EUA nos assuntos internos do Irã, o golpe prosperou e o primeiro-ministro nacionalista foi preso. O poder voltou à monarquia, que era favorável ao Ocidente, com a ascensão do xá Mohamed Reza Pahlevi.

Diversos historiadores acreditam que o golpe de Estado alimentou uma onda de nacionalismo no Irã que culminou com a Revolução Islâmica de 1979 e que envenenou de maneira definitiva as relações entre EUA e o país do Oriente Médio.

É o que diz em seu livro O Golpe, o professor e historiador Ervand Abrahamian, da Universidade da Cidade de Nova York (CUNY).


Adaptado por Dayana Bathory de: G1

CONTINUA...


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