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Quem é o Pai do filho?

Tags: filho pais

Mulher - Onde está o Joaquim?
Marido - Está com o António.
Mulher - E onde foram?
Marido - Foram ver o Pai.
Mulher - O Pai de quem?
Marido - O Pai do teu filho! Do meu é que não há-de de ser!!
Mulher - Como tens tanta certeza?
Marido - O Pai do meu filho, sou eu!
Mulher - Será?! (risos, risos, risos...)

As famílias actuais são de uma heterogeneidade que a comunicação acaba por ser cómica, sempre que haja um bom sentido de humor como pano de fundo. Acontecendo em segundas e terceiras relações com filhos das anteriores relações. Menores a coabitarem na mesma casa como irmãos, sem terem qualquer laço de sangue. Onde os fins de semana e as férias são divididas entre as diferentes grupos familiares a que pertencem. 

Poderemos então dizer que as famílias actuais não se dividem, mas que se multiplicam. Juntamente com o parceiro do progenitor, as crianças de Pais separados acabam por ganhar novos laços com os familiares desse parceiro.

Uma separação, seja ela qual for, independentemente da causa e da qualidade da relação existente, é sempre dolorosa. Para os pais e para os filhos. Agravando-se sempre que haja uma degradação relacional pré-separação. Assistir a discussões e agressões verbais constantes, influencia grandemente o desenvolvimento dos filhos. Não só enquanto futuros adultos, mas também nos relacionamentos futuros que estes venham a ter. Sejam eles com os progenitores ou com futuras famílias. Apesar do desejo de qualquer filho de ter os pais juntos, já começa a ser uma constante, preferir tê-los separados, mas felizes, do que juntos e infelizes. Nesta situação é fulcral a forma como os pais e toda a família encara e gere a separação. Deverá ser de forma madura e equilibrada. Pais maduros psicologicamente procuram minimizar o sofrimento dos filhos, explicando-lhes de forma honesta e serena, para que estes compreendam e a aceitem. É de primordial importância uma atitude coerente e equilibrada dos pais de forma a evitar danos futuros.


Mas nem sempre, e ainda em grande parte das vezes, infelizmente, as relações entre as novas e as anteriores famílias, são saudáveis. Alguma das vezes, as relações entre os pais fica completamente cortada. Sempre que por algum motivo, os pais não conseguem manter um relacionamento, mesmo que este seja exclusivamente em prol da educação e bem estar dos filhos, a situação pode chegar a ser incomportável. O filho vai dividir o seu tempo entre os lares dos seus progenitores, tem de haver algum contacto entre estes. O filho acaba por crescer num ambiente hostil, colocando em causa o seu desenvolvimento. Muita das vezes porque os pais castigam os filhos pela separação, uma vez que se vêem impedidos de castigar o ex-cônjuge. Castiga-se o filho, por forma a chegar indirectamente ao ex-cônjuge. A ordem de prioridades deveria ser completamente inversa, preservar o filho, independentemente do tipo de relação possível entre os progenitores. Pais presentes e coerentes nas suas atitudes diante da separação, mantendo os filhos bem amparados, bem informados e sem se sentirem rejeitados, colaboram para uma melhor adaptação dos filhos e para manter um equilíbrio familiar estável. O facto de viverem divididos entre duas casas, geralmente com um estilo de vida diferentes e com regras próprias, poderá criar um foco constante de instabilidade nos filhos e favorecer a formação de laços afectivos superficiais que poderão dificultar a construção de uma identidade forte. A resolução destas situações pela melhor forma, dependerá grandemente do grau de inteligência emocional dos progenitores. Tendo em conta que tudo se poderá resumir à forma como o casal consegue gerir todas as emoções  inerentes a uma separação. Tendo como prioridade a não interferência, dentro do possível, no desenvolvimento do filho.

Desde o passado dia 01 de Março que é permitida a coadoção de filho biológico/adoptivo do companheiro, em casais do mesmo sexo. Quer isto dizer, que casais do mesmo sexo que sejam casados ou vivam em união de facto, vêem a oportunidade de poder estender o vinculo de parentalidade de um dos elementos do casal homossexual (Pai ou Mãe adoptante) ao cônjuge ou à pessoa com quem vive em união de facto. Nestes casos, os filhos ficam com dois pais ou duas mães. Um assunto delicado e bastante debatido nos média. As opiniões divergem.

Existem ainda as adopções por casais do mesmo sexo. Diferindo das anteriores no facto de não haver qualquer vinculo biológico, por parte dos adoptantes, com a criança. 

A lei portuguesa baniu o "filho de pai incógnito" há 34 anos, mas todos os anos são registadas duas mil crianças de pai desconhecido, pais que negam a paternidade, mulheres sós e lésbicas que recorrem à inseminação artificial. Podemos concluir que a lei está um pouco aquém da realidade actual dos relacionamentos. 

A evolução da medicina permite a qualquer mulher, através da inseminação artificial, ter o filho tão desejado. Será este filho menos amado do que em qualquer uma das outras situações? A resposta parece-me óbvia. Claramente que não. Se a vontade de ter um filho é superior ao facto desse filho nunca vir a conhecer o Pai biológico, tendo esta Mãe a determinação, disposição e amor disponível para ter um filho, não terá de ficar pelo desejo.

Em relação aos casais homossexuais, seja na coadoção ou adopção, assunto merece um pouco mais de atenção. Essas crianças terão duas figuras do mesmo sexo como educadores. Muitas pessoas ainda encaram mal os casais homossexuais. Mas a orientação sexual não é uma escolha e muito menos uma doença, é genético. São duas pessoas que se amam e formam uma família independentemente da sua orientação sexual. Porquê o questionar a capacidade destes seres para educar uma criança? Não terão as mesmas capacidades de todas as outras? A questão aqui, em minha opinião prende-se mais com a sociedade cá fora, as dificuldades que essas crianças terão com alguma espécie de descriminação. Mas isso é problema da sociedade que não consegue aceitar estas situações, e, não dentro destas casas, sejam eles dois pais ou duas mães. Porque ao contrário do que algumas pessoas pensam, a responsabilidade de criar os adultos do amanhã é de toda a sociedade. Todos nós somos de alguma forma responsáveis pelas crianças da nossa sociedade. Não nos podemos considerar ilhas, daí se chamar sociedade.

As relações actuais exigem da criança/adolescente um crescimento apressado. Uma mentalidade aberta, esclarecida e sem tabus e/ou preconceitos. O meio onde são criados dão-lhe estofo para o seu futuro como adulto. Não há mais permissão para aquelas crianças tímidas, voltadas para o seu mundo, porque a realidade em que vivem obriga-as a socializar de uma forma natural ficando muito mais fortalecidos emocionalmente.

Sempre que se fala na formação e educação de um ser, são assuntos delicados e complexos. O adulto de hoje é resultado da criança de ontem. E é na educação dessa criança que tudo depende. Muito se questiona sobre determinadas atitudes de alguns adultos de hoje. Mas se recuarmos um pouco na história de vida desses adultos, talvez se encontre explicação para algumas atitudes deste. Independentemente da formação de raiz da família dessa criança. Seja ela de pais biológicos separados, adoptada por um casal homossexual, coadaptada e ter duas mães, ou outra situação qualquer. Acredito que o sucesso da formação de uma criança está claramente nessas pessoas que o educam. Conscientes que ter um filho é criá-lo para a vida. E não para si. Ter a sapiência suficiente para cortar os seus cordões umbilicais, tornando-o independente para a vida. O sucesso de um adulto saudável em todos os aspectos está na sua formação de raiz. Bases que marcarão toda a sua vida adulta. Um adulto mal formado implica toda uma reaprendizagem e reestruturação do seu ser na sua fase adulta. Processo moroso e doloroso. Um adulto assumir que a sua família de raiz não teve as competências necessárias para o sucesso da sua formação, é sempre um processo doloroso.

Mas voltando ao tema inicial, Pai é um estatuto um tanto ou quanto ingrato, pois para ter a certeza da paternidade da criança, é sempre necessária a realização de exames. O mesmo não acontece com a Mãe. Mãe é Mãe! Ponto!

Nos relacionamentos actuais, em que existe, o Pai biológico e o companheiro ou marido da Mãe, onde muita das vezes o padrasto acaba por desempenhar melhor o papel de Pai, do que o Pai biológico, pelos motivos mais variados, seja por distanciamento do Pai biológico ou por maior afinidade com o padrasto, quem é realmente o Pai do filho?! E nos relacionamentos em que existem dois pais e duas mães, quem é o Pai do filho?! E quando a criança é fruto de inseminação artificial, não há Pai do filho!!

Em  minha opinião, o sucesso na educação de uma criança não está na existência, ou não, de laços de sangue com o educador. Quem trata, quem dá afecto, quem está lá, sempre que necessário, isso sim é importante! Pai é aquele que desempenha esse papel, de sangue, ou não, ele fá-lo por amor. Que importa se tem dois pais ou duas mães, o importante é se essa criança está a ser educada de forma madura, consciente e com muito afecto. Uma criança amada e preparada de forma consciente para a vida, é quase certo que dará como resultado final, um adulto de estrutura forte, equilibrado e feliz.

Bem hajam!

Margarida




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