Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

Quem foram os Mamonas Assassinas?

Antes de mais nada, entendo que há divergências entre opiniões sobre a banda Mamonas Assassinas e respeito as visões de algumas pessoas sobre eles. No entanto aqui, a intenção é dividir o que vi e vejo na banda.
Quando a banda morreu naquele acidente aéreo de 1996, fiquei triste, assim como muitas outras crianças e adolescentes na ocasião. Sendo assim, acabei de revelar que tenho mais de vinte anos.
Escutei as músicas da banda pela televisão e pelo rádio, realmente sem entender bulhufas do que se tratava. No entanto, o carisma era inegável e a presença de palco sem igual. Eram muito ousados. Um ponto a favor, de verdade. Taxados de irreverentes pela mídia até hoje, muito do que se cantava não é tocado mais na TV. Quem era dessa época (me chamei de velha agora) certamente reparou o mesmo. Se isso foi bom ou não, melhor não opinar.
Prefiro falar do trabalho deles e do que realmente vi nas letras.
Quando escutei o CD novamente e inteiro, em silêncio, depois de longos anos, me assustei. Era como se fosse a primeira vez que estivesse escutando cada faixa e sabendo o significado das palavras usadas. Fiz algumas reflexões para entender o motivo de tantos dizerem que era uma banda "inapropriada". Pensei, tentando abarcar diversas interpretações, para conseguir escrever este texto. 
Encarando a capa do CD, me veio aquela sensação inicial de repulsa, por se tratarem de seios descobertos. Ao mesmo tempo, sabemos que vulgarmente chamam seios de mamonas, mamões...
Quanto a contracapa, vejo a brincadeira: "Recorte aqui e estrague o seu encarte"em que muitas pessoas caíram e não entenderam o porquê da brincadeira. Quem recortou não parou para pensar que isso acontece muito no nosso cotidiano. Quem recortou não questionou, apenas agiu. Muita gente apenas atende uma ordem sem ao menos questionar ou pelo menos pensar na razão de fazer isso.
Foto: Arquivo pessoal (Brasileirérrima)
Já os agradecimentos, foram para pessoas da produção, amigos, familiares, à tia da escola, aos animais de estimação, inventores, heróis e para Deus.
Foto: Arquivo pessoal (Brasileirérrima)
Fiz questão de grifar de vermelho, pois está escrito de modo evidente, em letras garrafais. O mais incrível é ouvir alguém dizer que "Deus os matou", sendo que não há ser humano algum imortal por aqui, não é?
A banda Mamonas Assassinas não foram feitas para crianças, não era uma banda infantil. Assim como a Kelly Key não começou a trabalhar para o público infantil de cara, mas sim para o público jovem. Só que a irreverência chamava a atenção das crianças. E isso, em nada tem a ver com a causa mortis do grupo. Tão atual esse negócio de "não questionar" e "cortar o encarte", não acha?
Lembrando que, cada pessoa enxergará aquilo que achar conveniente. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. Porém, quando falamos em público, o que falamos pode nos favorecer ou nos levar ao banco dos réus. 
A primeira faixa do primeiro disco (pois o que foi lançado depois disso é póstumo) é a música 1406. A leitura que a letra apresentou recordou bem o consumismo, quando se quer ter algo, mas o que se pode ter é de um valor mais baixo. Também da pouca sorte e da necessidade de trabalhar para sobreviver e consumir...
Depois vem "Vira-vira", baseada na música portuguesa, que retrata a aventura amorosa da Maria... enfim. Bem na cara que a ideia foi zoar mesmo.
"Pelados em Santos" parece aquela música que conta de alguém que está apaixonado, mas sente que é rejeitado por não ter dinheiro. Tanto "Vira-vira" quanto "Pelados em Santos" foram um sucesso enorme na época."Chopis Centis" fala de uma atividade comum entre jovens que resolvem passear no shopping, comer um hambúrguer no fast-food e ir ao cinema, de um modo bem anormal. 
"Jumento Celestino"fala de um retirante que foi de jumento tentar a vida em São Paulo, na cidade grande. Para quem não sabe, o vocalista nasceu na Bahia... Com certeza a intenção não era humilhar ninguém do nordeste, mas fala em tom de brincadeira do arrependimento em ter migrado após um 'possível acidente'.
"Sabão Crá-crá" era uma música cantada em muita escola por aí. Não sei dizer se ainda cantam.
"Uma Arlinda Mulher" provavelmente em alusão a "Uma Linda Mulher", faz uma declaração longe de ser romântica, com direito a trava-línguas.
"Cabeça de Bagre II " que traz a curiosidade de falar das notas do vocalista na escola, em tom de brincadeira fala umas verdades, como em "Fome, miséria, incompreensão/O Brasil é "Treta" Campeão". O que mudou é que agora é "Penta" (ok, parei). E depois do refrão a sensação é de querer dizer mais coisas, mas não diz. Leia a letra ;)
"Mundo Animal" certamente foi uma brisa na imaginação, já que eles eram muito brincalhões. Como a letra possui palavras de baixo-calão, assim como em outras, é uma prova clara de que em momento algum pensavam em trabalhar para o público infantil, mas sim de "chocar, causar desconforto". O que é novo costuma trazer sensações como essas, por exemplo.
"Robocop Gay" é um exemplo que desconfortou alguns, já que ainda hoje a homossexualidade é vista de forma polêmica. Imagina vinte anos atrás? Surreal. Eram do Rock mesmo. A letra não induz um indivíduo a ser gay, mas sim ser o que quiser! E sim, fala do gay que se esconde e do gay que se faz de machão e que também é ser humano. Se a pessoa é gay, não é uma música que vai ser responsável por isso, ok? A semente já estava lá.  Quando falaram que gaúcho também pode tem a ver com uma "fama" do passado histórico. Muitos gaúchos iam estudar na Europa e voltavam com hábitos mais delicados, que causavam certa repulsa por parte dos conterrâneos e que, devido a um pensamento preconceituoso, pensavam que voltaram afeminados. Só que não.
"Bois don't Cry" parece ser uma alusão a "Boys don't Cry", fala de um cara corno que sente saudade de um amor. Claro que nada a ser levado a sério.
"Débil Metal" vejo como uma crítica às pessoas que muitas vezes não entendem o que a letra diz e simplesmente agem como se concordassem com tudo sem questionar (olha o encarte!)
"Sábado de Sol" é uma regravação.
"Lá vem o Alemão" é um pagodinho que lembra o ditado que diz "Amor de praia não sobe a serra", ou "Amor de verão não sobe a serra" e esse não subiu com o cantor, mas com o alemão.
Recomendo sempre às pessoas que conheço, que busquem além das informações que receberam e que pensem e reflitam por elas mesmas. Que não saiam apenas taxando outras de "sem cultura" ou qualquer termo pesado porque cada um de nós tem uma experiência de vida.
Às vezes de forma irreverente, é possível aproveitar um espaço para questionar e fazer pensar. Talvez o que consegui enxergar, muitos nem tenham chegado perto e tenham visto apenas palavrões.


This post first appeared on Brasileirérrima, please read the originial post: here

Share the post

Quem foram os Mamonas Assassinas?

×

Subscribe to Brasileirérrima

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×