Get Even More Visitors To Your Blog, Upgrade To A Business Listing >>

As cartas de Temer. Artigo de Jasson de Oliveira Andrade

Josias de Souza diz que “Temer é um defunto com caneta e Diário Oficial”. Com esses ingredientes, o presidente sabe que será inocentado na Câmara nesta semana. Mesmo assim está temeroso. Tanto assim que escreveu uma carta aos parlamentares. A segunda. A primeira foi para a ex-presidenta Dilma.

Bernardo Mello Franco, em artigo à FOLHA, comenta essa carta aos deputados: “Na era da comunicação instantânea, Michel Temer se mantém fiel à cartas. Há quase dois anos, ele escreveu uma para informar que não queria ser um “vice decorativo”. Agora enviou outra para avisar que deseja continuar presidente. (...) Na primeira correspondência, Temer enumerou suas mágoas com Dilma Rousseff. “É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo”, disse. Na segunda, ele repete a ladainha para os congressistas. “É um desabafo. É uma explicação para aqueles que me conhecem”, afirma. (...) Na missiva original, o peemedebista negou ser o chefe de uma “suposta conspiração”. “Não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade”, escreveu. Agora ele muda de papel e se diz vítima de conspiradores. “Jamais poderia acreditar que houvesse uma conspiração para me derrubar”, lamuria-se. (...) As citações em latim sumiram, mas o tom de lamentação continua. “Sei que a senhora não tem confiança em mim”, queixou-se o vice de 2015. “O que me deixa indignado é ser vítima de gente tão inescrupulosa”, chia o presidente de 2017. (...) Na nova carta, Temer faz um uso seletivo do que dizem os presos da Lava Jato. Quando eles o incriminam, repetem “mentiras, falsidades e inverdades”. Quando ajudam a sustentar a sua defesa, merecem ser levados ao pé da letra. (...) O presidente desqualifica o depoimento de Lúcio Funaro, a quem chama de “delinquente conhecido”. Ao mesmo tempo, recorre ao testemunho de Eduardo Cunha, que dispensa adjetivos. Os dois estão na cadeia pelos mesmos motivos, mas só o doleiro decidiu delatar os comparsas. (...) Em outra passagem, Temer se diz vítima de “torpezas e vilezas”. Nesta segunda, ele voltou a praticá-las para barganhar (sic) na Câmara. O “Diário Oficial” publicou um portaria que dificulta a fiscalização do trabalho escravo (sic). A medida atende ao lobby da bancada ruralista, que promete votar em peso para enterrar a denúncia contra o presidente.” Com essa medida desumana, Temer vai se salvar. No entanto, sua salvação vai custar caro para o Brasil. Segundo o Estadão (25/10), “O custo para barrar as investigações contra o presidente já chega a R$ 32 bilhões (sic), entre concessões e medidas negociadas”. Como costuma dizer Boris Casoy: É UMA VERGONHA!

Eliane Cantanhêde, no Estadão, também comenta essa carta: “Para falar direto com sua base, sem mediação do presidente da Câmara [Rodrigo Maia], Temer enviou carta para deputados reagindo às “torpezas e vilezas”, inclusive a delação de Funaro, que Maia potencializou pela internet. Para o Planalto, Maia fez propaganda a favor de Funaro e contra Temer. (...) Então, temos Temer versus Maia, PMDB versus DEM, STF contra Legislativo, agora STF contra Executivo e as delações correndo soltas: Lúcio Funaro contra PMDB, Pedro Corrêa contra PMDB, Geddel Vieira Lima é considerado 100% pronto para delatar... o PMDB”.

Vera Rosa, também no Estadão, escreveu: “O presidente Michel Temer já usou outras vezes a palavra “conspiração” para se referir ao que chama de armadilha montada para incriminá-lo, mas decidiu subir o tom após a divulgação de vídeo nos quais o delator Lúcio Funaro o acusa de participar de um poderoso esquema de corrupção. Embora a carta enviada ontem [16/10] por Temer a parlamentares não cite nem o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nem o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, a dupla é vista com muita desconfiança no Palácio do Planalto”. Sobre a palavra “golpe”, a jornalista constatou: “Assim, pouco mais de um ano após ser acusado de ter conspirado para derrubar a então presidente Dilma Rousseff (sic), que sofreu impeachment, Temer agora recorre à expressão que tanto abominou para se defender. Nesse cenário, a tese do “golpe” (sic) – antes usada por Dilma – virou escudo para Temer”. Sem comentário!

JASSON DE OLIVEIRA ANDRADE é jornalista em Mogi Guaçu

.


This post first appeared on O CORREIO DA ELITE, please read the originial post: here

Share the post

As cartas de Temer. Artigo de Jasson de Oliveira Andrade

×

Subscribe to O Correio Da Elite

Get updates delivered right to your inbox!

Thank you for your subscription

×