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A visão romântica de uma sexta-feira 13 particular

Dizem que hoje - hoje em específico - é dia de azar. HOJE. 
A organização mundial de saúde declarou que temos uma pandemia, que já chegou a Portugal, vivemos na incerteza a tentar lidar com isto o melhor que sabemos e podemos. Há pessoas nos extremos do pânico e da negação.
Hoje é dia de azar. Só hoje.

Estou em casa porque posso e devo. Evito deslocações e contactos que não sejam essenciais. Façam todos o mesmo, por vocês e pelos outros. Não porque somos fracos e temos medo. Mas precisamente para contermos o bicho e mostrar que mandamos nele.

Se custa? Custa. 
O Moço faz anos no Domingo e além de a celebração ser isolada, sem sequer um jantarzinho fora, nem um pingarelho de prenda lhe comprei porque entre não saber se estaria em casa ou no escritório não encomendei nada online e quem evita deslocações desnecessárias também não vai a lojas. 
Em 2017 passámos o aniversário dele em Nova Iorque com direito a bolos do Cake Boss, no ano passado com amigos em Bruxelas entre waffles. Este ano, em casa com o que houver no congelador. É a vida. (Sabem? Para evitar a morte!)
Para a semana faço eu anos e pode ser que me calhe o mesmo. Nem um beijinho aos meus pais, que nunca me deixaram cair de cabeça quando eu era bebé .


Não fiz compras em excesso. Confessem: a maior parte de vós já costuma ter em casa bens para Pelo Menos 15 dias.
É verdade que tenho só 6 rolos de papel higiénico e rezo que o pessoal de Espinho não seja dos que esvazia as prateleiras sem pensar em quem vem a seguir, mas o risco é controlado: temos bidé. 

Custa-me não ir ao cinema, a um restaurante, mas pelo menos levo de barato a recomendação de evitar ginásios (em prática desde 1986).


Desde o início que estou tranquila e me mantenho tranquila. Se calhar não devia. Nunca vivi uma situação destas. Confio que estou a fazer o melhor que posso e as pessoas que conheço e gosto idem. Tenho de confiar.
Consigo (talvez seja má pessoa por isso) distanciar-me da tragédia que se abate no mundo o suficiente para não me abalar no dia a dia. Consigo não sofrer por antecipação. Consigo ser realista, mas também otimista. 

E é aqui que entra a visão romântica de alguém que sempre gostou de contar histórias.
O pensamento que me ocorre muitas vezes é que no futuro contarei como vivi no tempo desta Pandemia.
E se o estou a contar a algum jovenzinho que nesta altura não era nascido, como quem conta um pedaço de história, é porque não lhe tenho mágoa, é porque correu tudo bem.

Quando às vezes alguma coisa corre muito mal numa viagem digo isso: fica uma história para contar. E tenho a esperança que esta seja só mais uma, pelo menos para o nosso canto à beira mar plantado e para as pessoas de quem gosto. Porque bem sei que somos uma sociedade global, mas não consigo ser tão magnânima que em caso de emergência o impulso não seja pensar em quem está mais próximo. 

Façamos então o que temos a fazer para que isto não passe de uma história. Para que isto passe à história. E neste caso é muito fácil: o melhor que podemos fazer é ficarmos sossegados em casa, reforçarmos a distância social e as normas de higiene, e assim venceremos o (um) Adamastor deste século.

Hoje é dia de azar. Mas não vamos deixar nada nas mãos da sorte

 



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