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Aposto no oposto


Ela é espiritualizada e ele, acredite se quiser, não acredita em nada.

Ela come bastante salada e ele, apesar do medo da morte, vai direto à empada. Ela faz teatro e ele, nas poucas vezes que finge algo, prega peças. Ela mora à beira da boemia e ele, quando mora em algum lugar, procura esticar seu colchão na calçada mais pisoteada da cidade. Ela gosta do sol – dá para ver pela melanina da pele dela. Já o branco da pele dele não nega: tem sede de sombras.

Ela crê em outras vidas e ele, pelo pouco que conheçe, sabe que tem seis vidas a menos que um gato. Ela escreve bem, mas, com medo de se expor, guarda tudo para sei lá quem. Já ele, com medo de morrer com mil letras entaladas na goela, escreve até dizer chega. Ela é de Escorpião – sensual, sincera e extremamente ciumenta. E ele, pelo que sua tia disse, é de Touro – muito idealista no amor, viciado em sonhos e, levemente, “donjuanesco”.

Ela é de alma. Ele é de carne. Ela come carne. Ele come nhoque. Ela não enxerga bem e ele, quando quer, enxerga até o comprimento dos cílios dela. Ela gosta de ser ruiva, morena, loira e, quando ler esse texto, provavelmente, não saberá mais o que quer ser. O negócio dele é ser carequinha, sempre. Ela, quando tira férias, corre pro meio do mato para admirar os passarinhos e ele, sempre que pode, procura uma nova megalópole cheia de pombas e cimento. Ela adora uvas e ele prefiro vinho. 


Ela é indubitavelmente linda e ele, quando está perto dela, finge que é indubitável.

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