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Poema aos textos nunca escritos


Aquela ideia ótima que me veio dentro do ônibus.

Com uma mão ocupada em manter o equilíbrio, outra em segurar aquelas 3 sacolas pesadas, duas de lojas famosas do shopping de turno e a outra com livros da Saraiva para minha filha. Não se anotou nada do conteúdo. Ficou apenas aquela coceira ali na cabeça, onde agora há esquecimento. A ideia, boa mesmo, seria um texto, não desceu no ponto certo. Coitado. Deve vagar perdido pela Zona Oeste de São Paulo.

Há também os textos não escritos por culpa de outros cronistas. Sem grandes habilidades, este modesto cronista lapidou o texto na cabeça por semanas, quizas meses, e quando sentou para escrever, outro mais celebrado já havia falado sobre o mesmo assunto. Escreveu melhor, com mais propriedade, mais qualidade. Na atualidade, o Antônio Prata é o que mais apronta esse golpe. Mas, volta e meia, mesmo os falecidos insistem em furtar textos de minha mente. Às vezes é até uma honra. Veja que até o Rubem Braga já se escarafunchou nas dobrinhas cinzentas do meu cérebro para afanar uns pensamentos.

Outra “viva!” aos textos que perderam a relevância por precaução temporal. Escrever sobre a vida corrente dá nisso. Antes de terminado o texto, o último acontecimento já é o penúltimo, antepenúltimo e virou gotinha de irrelevância no rio do tempo. Uma pena. Vai ver é por isso que os outros escrevem romances atemporais e tem sucesso, enquanto eu não consigo decolar de meus fantásticos quatrocentos e poucos leitores diários. Questionável honra que, aliás, poucos gozam nesta era digital, e deveria me fazer sentir mais que orgulhoso.

Claro, não se celebra tudo, pois nem apenas de ideias piramidais vive a cabeça de um escritor amador. Uma vaia aos textos não escritos por terem argumentos ruins. A esses o eterno esquecimento não é pena suficiente. Como naquele caso em que veio a cabeça criativa, ao revirar uma caixa de mudança, sussurrar “Crônica sobre controles remotos velhos”. E o superego já abafou a ideia: "Não, não, não, desses textos estapafúrdios o Hugo com H já está cheio. Esquece !”. E lá foi mais um texto para a gaveta dos nunca escritos. 


Pior é ver que ainda assim, insisto em desenhar o que ninguém deseja ler. !!



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