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O passar dos dias

Um dos piores sintomas do Transtorno de Ansiedade é a baixa imunidade. Quando digo que estou resfriada quero dizer que meu sistema imunológico está sendo cruelmente atacado pelos soldados despirocados do meu próprio sistema emocional. É complicado assim mesmo, então prefiro simplesmente dizer que é um resfriado, vai passar logo, tudo ficará bem. Pois, estou resfriada ao longo de toda essa última semana e não há vitamina C que possa me ajudar. Uma cólica menstrual se juntou à batalha e digamos que eu já tive dias melhores.


Eu adoraria ficar de cama morrendo em paz o dia inteiro, mas a vida acontece e as pessoas existem, portanto, eu tenho que trabalhar. Não que eu esteja reclamando. Trabalhar por conta própria é uma aventura sempre assombrada por clientes que desistem de suas encomendas, ou indecisos, ou mesmo aqueles que finalizam a compra e depois não fazem a retirada, enfim, eu disse que não estava reclamando. Não estou. Quanto mais eu bordo, mais me apaixono por essa técnica. Quanto mais tempo passo no ateliê, mais sonhos tenho de expandir meu trabalho e oferecer outras técnicas artesanais.



Já que não posso agonizar e problematizar meus sintomas com a psiquiatra (que está de férias), trabalho. E quando não estou trabalhando aproveito o tempo livre para atualizar meu journal, descaradamente abandonado, e completar o meu Destrua este Diário. Desenhar e fazer colagens é algo que jamais me levará para algum lugar, mas para onde estamos indo, afinal, senão para lugar nenhum? Nem sempre é fácil descobrir o que fazer com a próxima página e confesso que às vezes levo esse negócio a sério demais. “É entretenimento”, eu digo para mim mesma, “e você não acredita em entretenimento, lembra”? É um pequeno inferno, cada dia. Estou dando o melhor de mim aqui, por favor, um pouco de reconhecimento.



A minha vida social tem sido como os dilemas de um Patrulheiro da Noite: do lado sul me sinto segura, aquecida e confortável; o lado norte aos deuses antigos pertence. A gente nunca sabe o que vai encontrar e se voltará viva, ou com a cabeça espetada em uma estaca, dois buracos sangrentos no lugar dos olhos. Não quero sair de casa e quando não há outra solução senão ir, passo mal. Ou seja, vida social para mim é ler A Dança dos Dragões (por isso a analogia; eu queria tanto fazer essa comparação e fico feliz por esse dia ter chegado). Estou correndo contra o tempo para terminar o livro antes da estreia da sexta temporada mesmo que ainda não tenha certeza se vou assistir. Veja bem, eu achei a adaptação da HBO tão ruim, que parei minha maratona na terceira temporada. Não consigo continuar por mais que tenha boa vontade o suficiente para tentar. Está tudo errado e não sou o tipo de pessoa que consegue relevar isso, infelizmente. A cada cena que assisto a única coisa que consigo sentir é pena de quem nunca leu os livros. E pena, meus amigos, é o pior dos sentimentos.

Todo começo de ano é uma bagunça para mim; emocionalmente falando. Demoro um pouco até me acostumar com o novo calendário, por mais que não passe disso mesmo: uma nova folha e nada mais. Ainda bem que não sou a única, pois aqui em casa até os cachorros estão confusos. Luna apronta mais do que o habitual, Benjamin está depressivo e o Tony, carente. Minha mãe saiu da casinha, mas aí já é de praxe; nada muito anormal. Decidimos que em 2016 usaremos os limões que a vida dá para jogar contra os inimigos. Com sorte, pelo menos um há de perder o olho.

O mantra desse ano é: vida que segue.


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