Bem, como eu havia escrito na postagem anterior, comprei um livro sobre um tema que muito estimo e amo. O livro se chama Iconografia do Cangaço e fala logicamente, sobre o Cangaço. Nele não há muito conteúdo escrito, mas a grande atração do livro são as lindas fotografias dos cangaceiros, feitas por Benjamim Abrahão.


Eu (como a maior parte de minhas paixões) me apaixonei pela imagem do homem cangaceiro na minha infância. Eu não sabia do que se tratava ao certo, mas assim mesmo gostei de paquerar esta imagem acima, entre outras do Lampião sozinho também. Apesar de eu estar ciente de que o principal cangaceiro era Lampião, gostei mais foi do cangaceiro Juriti (o cangaceiro do lado direito na foto acima). Posso afirmar com todas a certeza e sinceridade do mundo que ele foi durante minutos de observação da fotografia, uma espécie de “príncipe encantado”, e eu não o esqueci. Infelizmente fiquei bastante tempo distante destas imagens, mas de vez em quando apareciam em algum lugar e eu me recordava.

Minhas recordações sempre temperavam minha curiosidade e minha vontade de saber mais. Precisei esperar, mas aos poucos fui colhendo informações. Ainda não estou satisfeita, quero conhecer mais, mas sei que um dia chegarei onde devo chegar.

Com o decorrer do tempo, esta imagem de “conto de fadas” que eu sustentava em meu imaginário infantil foi caindo por terra em algumas áreas. Eu conheci o terror provocado por cangaceiros, conheci o derramamento de sangue provocado tanto por cangaceiros como pelas volantes e autoridades daquela época e daquela região. Abusos de poder, violências mil, muitas ciosas horríveis. Portanto, quero que saibam que não vivo de ilusões, não estou iludida quando digo que amo o MEU Cangaço. Eu conheço a verdade, também conheço as outras verdades, não defendo os cangaceiros, não acho que Lampião era um herói. Há verdades e verdades e aqui nesta postagem eu pretendo apenas descrever o lado em que o Cangaço me seduziu.

Depois de ficar apaixonada pelo cangaceiro Juriti e me perder nesta história toda, eu conheci o cangaceiro Corisco (na foto acima). Quando eu olho para ele, eu vejo a beleza do homem nordestino, essa atmosfera rústica e ocre me seduz, esses traços, tudo, tudo mesmo, me encantou. Não é a toa que acabei descobrindo que ele era o galã do cangaço, Corisco e Juriti eram os cangaceiros mais belos do cangaço e eu consegui captar isto só de ver as imagens, depois confirmei nos escritos.

Bem, na minha opinião, a beleza do cangaço não fica só na aparência destes nordestinos bem afeiçoados. Ela está incorporada também na estética criada pelos cangaceiros. Lampião era um homem de muitas habilidades, além de escrever e falar bem (o vocabulário dele era bastante rico, percebi isto nas entrevistas que li), foi ele quem estilizou as vestimentas dos cangaceiros da geração dele. Antes dele, os cangaceiros andavam vestidos basicamente com os trajes mais típicos dos vaqueiros do nordeste, nada de especial.

Lampião fez modificações no típico chapéu de vaqueiro inspiradas no chapéu francês utilizado por Napoleão Bonaparte e suas tropas, ainda acrescentou moedinhas de ouro. Daí, o resultado é o que podemos ver nas fotos dos cangaceiros. Na minha opinião, ficou até melhor! Sou louca por couro e adorei literalmente o resultado, ficou muito original! Lampião era um homem de estilo, e sabia costurar e trabalhar o couro, ele mesmo criava suas roupas, todas inspiradas no estilo francês. Ele usava calças com culotes e cintura bem alta, lenços de tafetá francês ou seda pura inglesa no pescoço preso com anéis de ouro, nas mãos usava vários anéis em todos os dedos, uma porção de colares de ouro, usava brincos (e olha que na época isso não era comum) entre outros detalhes criativos. A estética do cangaço é rica em detalhes, são muitas influências, e especialistas dizem que houve inspirações árabe e medieval também. Lampião adorava costurar.

Os cangaceiros usavam abusivamente perfumes franceses. O predileto de Lampião era o Fleur d'Amour. Dizem que na verdade eles fediam mesmo, pois banho era escasso, e mais o perfume, não resultava em coisa tão agradável...

A minha avó ficou horrorizada com a extravagância do visual do cangaceiro! Eram muito exagerados! mas muito belos (eu acho!)! Já viram a quantidade de coisas penduradas no corpo? Meu pai até disse: “Nossa! Como eles não tinham problemas de coluna?!”. Como não amar? Como não amar??? (risos). Este visual extravagante mexia comigo na infância, para mim isso eram trajes de príncipe (ainda acho, viu?). É por isso que eu amo o meu Brasil. Eu paquero a Europa, mas me sinto oficialmente “casada” com este Brasil, especialmente com o Norte, Nordeste e Pantanal.

Eu vou parar por aqui, pois acreditem, sou APAIXONADA por isso, e esse assunto para mim rende mais postagens. Se vocês gostarem, em uma outra postagem eu posso escrever sobre alguns dos meus cangaceiros prediletos, sobre as cangaceiras, entre outras coisas. Só não quero tocar nos assuntos políticos e sangrentos, pelo menos, não por aqui...

Bem, agora quero agradecer a todos que me deixaram comentários na postagem anterior. Me desculpem pela demora, muito em breve estarei visitando a todos e retribuindo o carinho. Eu nunca, nunca mesmo, deixo de fazer isso. Demoro, mas sempre volto.

Obrigada a todos que estão seguindo meu blog. Logo seguirei a todos também, com o maior prazer. Ah! Em breve irei atualizar minha lista de “Blogs Legais”, ali na lateral. Tem muitos blogs novos para adicionar.

Outra coisa. Decidi que vou reativar os comentários do blogspot. Pois é, decidi porque acho mais fácil, mas não vou retirar a caixa de comentário lá de baixo, vai continuar lá e aí ficará a sua escolha comentar onde desejar. Fiz umas mudanças no layout (de novo!), não reparem a baguncinha e os espaços vazios. Estou tentando deixar tudo mais fácil, para mim e para meus visitantes, falta pouquinho para tudo ficar totalmente ao meu gosto.

Grande beijo a todos e fiquem com Deus.

Ingrid Naftalina