Na turnê anterior, Tomada, Filipe Catto colocou a voz a serviço dos arranjos e da ambiência cool do repertório do disco homônimo lançado em 2015. O resultado ficou longe do arrebatador, apesar de preciso. Em O Nascimento de Vênus, quem domina a cena é o (grande) cantor, que voa alto nos timbres roqueiros e expansivos de Catto, o novo disco editado no fim de 2017 pela gravadora Biscoito Fino.

No ótimo show que estreou na última sexta-feira, 2 de fevereiro, em um lotado Teatro Sesc Vila Mariana, na capital paulista, Filipe Catto apresentou as novas canções ao lado de sucessos da carreira como Adoração, Saga, Noites e Dias e Depois de Amanhã. Só saiu do seu cercado autoral e discográfico quando surpreendeu o público com interpretação de Eva, hit oitentista do grupo Rádio Táxi e que já foi mola propulsora da carreira de Ivete Sangalo. Eva, com suas citações a astronaves e botões anti-atômicos, aliás, alinhou-se perfeitamente à estética viajandona de O Nascimento de Vênus. Filipe, índio futurista, sereia cósmica, esteve à vontade na cena tomada pelos  arranjos cheios de timbres eletrônicos bem escolhidos pelo diretor musical do show Felipe Puperi. Apostou num futuro apegado à Iemanjá, cantou o sexo e o desejo de quebrar barreiras de gêneros, totalmente antenado ao Brasil contemporâneo. E fez da voz novamente protagonista. Filipe, o melhor cantor da geração surgida a partir do fim dos anos 2000,  está cantando como nunca no novo espetáculo. Solto, leve e quente.

Setlist

1. Como um raio
2. Adoração
3. Canção de engate
4. Arco de luz
5. Depois de amanhã
6. Canção e silêncio
7. Faz parar
8. Um nota um
9. Torrente
10. Eva
11. Saga
12. Do fundo do coração
13. Dias e noites
14. Só por ti
15. Lua deserta
Bis
16. É sempre o mesmo lugar
17. Eu não quero mais

Fotos por Alexandre Eça.