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Cover Records - A origem da canção Meu Limão, Meu Limoeiro

Quem nunca ouviu os versos: "Meu Limão, Meu Limoeiro / Meu pé de jacarandá / Uma vez tindolelê / Outra vez tindolalá". Se você tem filhos pequenos pode até pensar que esta música foi feita especialmente para o disco Os Sucessos da Galinha Pintadinha Volume 1000, só que não...

Meu Limão, Meu Limoeiro é uma das canções brasileiras mais famosas no mundo. Existem registros feito por diversos artistas em diferentes partes do globo. Temos adaptações feitas por  artistas da Venezuela, México e até na Finlândia (como iremos demonstrar mais adiante neste post).

Mas se você perguntar para as pessoas que nasceram entre a década de 50 e 60 no Brasil, elas irão creditar Meu Limão, Meu Limoeiro a Wilson Simonal. De fato, graças ao estrondoso sucesso conseguido pelo rei da Pilantragem –– como Simonal gostava de se auto-intitular – com sua versão aqui e em outros países da América Latina, não é de se estranhar essa acreditação. A primeira gravação de Simonal para Meu Limão, Meu Limoeiro é datada de 1966, lançada no disco Vou Deixar Cair, quinto álbum de estúdio da carreira de Simonal. 


No site Discogs, é possível identificar também que autoria da composição no disco do Simonal é dada ao pernambucano José Carlos Burle.


Realmente, uma das gravações comercialmente mais exitosas desta música foi realizada pela dupla Sylvio Caldas e Gidinho em 1937 com a Orquestra Copacabana carregando o nome de Burle em seus créditos.


Porém, ao se aprofundar nas pesquisas, não é possível afirmar quando teria sido composta e nem quem seriam os autores. Alguns pesquisadores acreditam que origem da canção tenha raízes no folclore baiano, tendo sido recolhida pela primeira vez na década de 1910 pela pianista Carolina Cardoso de Menezes e Francisco Pereira, como podemos verificar neste link da Biblioteca Digital Luso Brasileira.

Coincidentemente, uma das primeiras gravações de Meu Limão, Meu Limoeiro que deram créditos aos autores Carolina Menezes e Francisco Pereira foi feita pelo cantor Jorge Fernandes acompanhado da Orquestra do Maestro Odmar Amaral Gurgel (o Gaó), é também do ano de 1937...


Em 1951 a atriz brasileira, cantora e cineasta Vanja Orico participou do filme italiano Mulheres e Luzes (em italiano Luci del Varietà), o primeiro longa metragem dirigido por Federico Fellini com a colaboração de Alberto Lattuada. Nele, Vanja faz o papel de uma cigana brasileira e em uma das cenas interpreta lindamente Meu Limão, Meu Limoeiro.


Já em 1959, a nossa querida e saudosa Inezita Barroso também regravou Meu Limão, Meu Limoeiro como podemos verificar aqui nos registros online do Dicionario Cravo Albin da Música Popular Brasileira.


Voltando aos anos 60, pegando carona no sucesso de Simonal, seu parceiro e amigo de pilantragem, Carlos Imperial com o seu grupo A Turma da Pesada – composto por um time de ótimos artistas pilantras e da pesada (no bom sentido) como Orlando Silveira, Wagner Tiso, Luiz Marinho e dupla vocal Celma e Célia – gravaram em 1968 o disco Pilantrália que continha um pot-pourri de Meu Limão, Meu Limoeiro com outros dois clássicos da música brasileira: Peguei Um Ita No Norte de Dorival Caymmi e Cabeça Inchada de Hervé Cordovil.

Esta versão do grupo de Imperial fez um enorme sucesso e explodiu nos países vizinhos como Argentina e Venezuela. Naquele mesmo ano de 1968, o cantor ítalo-argentino Billy Bond gravou sua versão deste pot-porri em seu disco Yo, Billy Blond, corretamente indicando nos créditos aos três compositores brasileiros, como podemos conferir aqui:



No ano seguinte, o cantor venezuelano Henry Stephen gravou uma adaptação em espanhol intitulada apenas Limon Limonero para este mesmo pot-pourri misturando ritmos caribenhos. Nela, houve uma pequena modificação na letra original de Meu Limão, Meu Limoeiro, agregando a estória franceses e ingleses. Veja:

“Mi limón mi limonero
Entero me gusta mas
Un inglés dijo yeh yeh
Y un francés dijo la lá”


Das versões em espanhol, a de Stephen foi a que obteve mais sucesso, tendo inclusive um estrondoso sucesso na Europa também. E foi a partir dela, assim eu acredito, que começou a confusão da autoria de Meu Limão, Meu Limoeiro. No site Discogs podemos ver que o single de 45 rotações de Stephan dá crédito apenas a Carlos Imperial:


Pegando carona no sucesso do venezuelano, outros artistas europeus aproveitaram para fazer adaptações para o idioma de seus países. Uma das mais inusitadas que podemos encontrar na internet é a versão do pot-pourri em filandês feita pelo cantor Lasse Mårtenson em 1969. Confira aqui o vídeo com direito a legenda em finlandês:


Também de 1969 encontramos a curiosa e indecifrável (pelo menos para mim) versão do grupo dinamarquês Keld & The Donkeys, Lena & Johnna para o pot-porri de Limon Limonero:


Curiosamente tanto a adaptação dinamarquesa quanto a finlandesa deram créditos a Carlos Imperial, tudo por conta, ao meu ver, dos créditos incorretos da gravação de Henry Stephen. É uma pena que o próprio Henry Stephen ou sua assessoria não saibam que se trata de três grandes clássicos da música brasileira. Em entrevista dada ao site Panorama em 2016, Stephen falou da magia que há em interpretar Limon Limonero em seus shows e o grande sucesso que ela faz até hoje com o público; mas não comentou nada sobre a origem desta canção.

Para terminar esta overdose de Limon Limonero ou Meu Limão, Meu Limoeiro, a atriz e cantora mexicana Thalia, a famosa por ser a Maria das novelas Maria do Bairro, Maria Mercedes e Marimar, colocou toda sua desenvoltura e talento vocal em 1992 para também refazer estes clássicos do cancioneiro brasileiro.


Portanto, já sabemos que é mais correto dizer Meu Limão, Meu Limoeiro é original do folclore nordestino brasileiro. Os créditos aos seus possíveis autores estão aí para serem pesquisados e corretamente creditados. E se alguém por ventura te afirmar que a autoria de Meu Limão, Meu Limoeiro é de Simonal ou do Imperial, é só falar: “não vem que não tem”! Ah! E também não é da Galinha Pintadinha...

Fontes:

Busca por "Limon Limonero" - Discogs. Disponível em: https://www.discogs.com/search/?q=limon+limonero&type=all - acessado em 30 de Março de 2018

SEVERIANO, Jairo e HOMEM DE MELO, Zuza. A Canção no Tempo - Vol. 1 - Instituto Moreira Sales, Editora 34 - Blog Cifra Antiga. Disponível em: https://cifrantiga3.blogspot.com.br/2006/04/meu-limo-meu-limoeiro.html - acessado em 31 de Março de 2018

JNS. A carreira da atriz, cantora e cineasta Vanja Orico - Jornal GGN. Disponível em: https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-carreira-da-atriz-cantora-e-cineasta-vanja-orico - acessado em 31 de Março de 2018

Busca por "Pilantrália" - Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pilantr%C3%A1lia - acessado em 30 de Março de 2018

Busca por "A Turma da Pesada (Banda) - Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Turma_da_Pesada_(banda) - acessado em 30 de Março de 2018

CASTELLANO, Yesenia Rincón. Henry Stephen cuenta la historia de su hit Limón Limonero - Panorama.com.ve. Disponível em: http://www.panorama.com.ve/espectaculos/Henry-Stephen-cuenta-la-historia-de-su-hit-Limon-limonero-20160505-0073.html - acessado em 31 de Março de 2018

TELES, José. Will Holt (1929/2015), “autor” americano de Meu limão, Meu Limoeiro - Jornal do Comércio, Coluna "Toques". Disponível em: http://jc.ne10.uol.com.br/blogs/toques/2015/06/05/will-holt-19292015-autor-americano-de-meu-limao-meu-limoeiro/ - acessado em 30 de Março de 2018

Busca por "Meu Limão, Meu Limoeiro" - Biblioteca Digial Luso-Brasileira. Disponível em: http://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/26564 - acessado em 31 de Março de 2018

Busca por "Meu Limão, Meu Limoeiro Inezita Barroso" - Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Disponível em: http://dicionariompb.com.br/inezita-barroso/discografia - acessado em 31 de Março de 2018


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