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Descubra como a música atonal quebrou padrões nas composições

Romper padrões e quebrar paradigmas são ações comuns no fazer artístico. E não é diferente na prática musical. A ousadia causa estranheza e pode gerar a sensação de “gosto duvidoso” em muita gente.

Foi o que aconteceu com a chamada “música atonal”, um estilo de composição bastante disruptivo, mas muito desafiador para qualquer instrumentista que se preze.

Neste artigo, iremos descobrir o que é o atonalismo, saber um pouco sobre as origens desse tipo de música surgido no século XX e alguns dos principais expoentes dessa vertente.

Preparados para mais esta viagem? Que comecem os “jogos”!

Músicas modal e tonal

Antes de entrar especificamente na definição de música atonal, é importante ter em mente que, na história da música, existiram outras duas correntes do fazer musical: as músicas modal e tonal.

A primeira foi desenvolvida pelos gregos na Antiguidade, tendo como base sete sons. Já a música tonal surgiu no período Barroco – principalmente com Johann Sebastian Bach – e consolidou-se no século XVIII, durante o período clássico, por meio de nomes como Joseph Haydn e Amadeus Mozart.

Esta forma de construção de composições permeou praticamente toda a produção da música ocidental, desde então.

O sistema tonal organiza as notas em escalas maiores ou menores, criando relações de tensão e repouso entre elas. Existe um centro tonal, ou seja, uma nota que é considerada a mais importante.

Assim, se tivermos, por exemplo, uma escala de Dó Maior, a nota Dó naturalmente será a tônica ou o centro tonal dessa escala específica. Já as outras notas irão apresentar funções diferentes, exercendo papéis coadjuvantes.

Nesse exemplo da escala de Dó Maior, o Sol é considerado a nota dominante, que cria uma expectativa de resolução na tônica (Dó). O Fá, por sua vez, é subdominante, gerando uma sensação de afastamento da tônica.

A música tonal também segue formas e estruturas bem definidas, como a sonata, o concerto e a sinfonia.

O que é a música atonal?

A música atonal, por sua vez, não segue os princípios da tonalidade. Assim, não há, neste caso, uma nota ou acorde principal que sirva de referência para as demais.

O atonalismo rompe, portanto, com as convenções. As notas são independentes umas das outras, sem hierarquização entre elas. Os acordes também podem ser bem dissonantes e complexos.

A ideia é explorar novas possibilidades sonoras e expressivas, sem haver preocupação com a adaptabilidade pelo público ou os seus gostos musicais.

Origens da música atonal

No século XIX existiam algumas peças que já poderiam ser classificadas como “música atonal”, mas esta denominação só passou a ser aplicada de fato a partir de 1908.

Na época, o compositor austríaco Arnold Schoenberg propôs o abandono completo dos parâmetros do sistema tonal em um trecho do “Quarteto de Cordas no 2”. Quatro anos depois, ele lançou sua primeira obra totalmente atonal: “Pierrot Lunaire” op. 21.

É importante salientar que Schoenberg fazia parte da chamada “Segunda Escola de Viena”, da qual também eram adeptos outros compositores, como Alban Berg e Anton Weber. Este grupo sentiu a necessidade de romper com o jeito tradicional de compor, criando uma linguagem musical disruptiva.

O início desses experimentos musicais ficou conhecido como “atonalismo livre”. Tais composições despontaram em um cenário marcado pela “crise da tonalidade” na música erudita, já presente no século XIX e com viés mais acentuado no início do século XX.

Como bem observou Leonard B. Meyer, em sua obra “Music, the Arts, and Ideas: Patterns and Predictions in Twentieth-Century”, a prática musical da época era marcada pelo aumento do uso de “acordes ambíguos, progressões harmônicas menos prováveis e as mais incomuns inflexões melódicas e rítmicas possíveis dentro de um sistema tonal”.

Para o autor, Arnold Schoenberg apenas reconheceu a existência dessa “crise da tonalidade” e optou por romper com as relações tonais tradicionais, levando essa premissa ao extremo em um primeiro momento.

Na análise de Meyer, o atonalismo criou alguns problemas e desafios a quem aderiu a essa nova linguagem musical. Segundo ele, a remoção das restrições melódicas, harmônicas e formais tradicionais trouxe aos compositores um número teoricamente ilimitado de escolhas composicionais. “Nada era impossível.

Tudo o que o compositor tinha para guiá-lo era seu próprio gosto e o máximo de tradição que ele quisesse colocar em jogo”, destaca o autor.

A música atonal e o dodecafonismo

Entretanto, o próprio Schoenberg sentiu que era preciso colocar uma certa ordem nesse “caos artístico” e implementar uma coerência na maneira de criar as peças atonais. Para isso, desenvolveu, em 1921, o método dodecafônico (referente a 12 sons) ou serialista.

Tal forma de composição consiste em organizar as 12 notas da escala cromática em uma série ou fila, utilizando-as sem repetição. O compositor pode inseri-las de maneira melódica ou transformá-las em acordes, ao seu critério.

Cada nota tem o mesmo valor e importância, sem hierarquia ou relação tonal entre elas. A série, por sua vez, pode ser manipulada de quatro formas diferentes:

  • Série original: série de doze sons, em que cada nota da escala cromática é usada exatamente uma vez antes de repetir a sequência.
  • Série retrógrada: é a série original tocada de trás para frente, mas com manutenção de sua estrutura intervalar.
  • Série invertida: a ideia é inverter os intervalos da série original, trocando intervalos ascendentes por descendentes e vice-versa. Por exemplo, se a série original tiver um intervalo de terça maior ascendente entre as duas primeiras notas, a série invertida terá um intervalo de terça maior descendente entre essas mesmas notas.
  • Série retroinvertida: trata-se de executar a série invertida de trás para frente.

Qualquer dessas quatro séries pode ser transposta para outras alturas, contanto que não haja alteração dos intervalos. Assim, há 12 alturas diferentes possíveis em cada tipo de série. Ao multiplicarmos por quatro, temos, no total, 48 séries distintas como material para se trabalhar uma nova composição.

Junto a isso, existe a possibilidade de mesclar formas de manipulação serial para gerar outras combinações, como a série invertida retrógrada.

Todas essas técnicas composicionais foram utilizadas não só por Schoenberg, como também por outros importantes compositores, como Joseph Matthias Hauer, Igor Stravinsky, René Leibowitz, Roberto Gerhard e Luigi Dallapicola.

Mesmo compositores mais recentes já utilizaram o dodecafonismo serial na criação de suas obras. É o caso, por exemplo, do brasileiro Egberto Gismonti e do norte-americano Steve Vai.

Serialismo integral

No final da década de 1940, despontou uma corrente musical ainda mais complexa que o dodecafonismo. Trata-se do serialismo integral.

Desta vez, a construção da série não deveria levar em conta apenas a altura das notas, mas também a duração, a dinâmica, o timbre e o andamento.

Alguns dos compositores que se destacaram no serialismo integral foram Milton Babbitt, Iannis Xenakis, Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez, Jean Barraqué, entre outros.

Críticas à música atonal

Variantes da música atonal, como o atonalismo livre, o dodecafonismo e o serialismo integral, não significaram o fim do tonalismo. Pelo contrário. Tanto que a base do que escutamos hoje em dia ainda vem da estrutura composicional tradicional, criada durante o período da música barroca.

Porém, essa ruptura com a tradição, vinda especialmente com o advento da Segunda Escola de Viena, mostra o quanto a música pode ser versátil e com inúmeras possibilidades no que tange à criação de obras.

Naturalmente, a ruptura não é imune a críticas, ainda mais quando nos referimos a algo que soa tão estranho ao ouvinte. Inclusive, houve quem considerasse o atonalismo uma “arte degenerada” ou “inferior”. Soviéticos, nazistas e fascistas foram os mais taxativos, nesse ponto.

Eles nem permitiam que músicos compusessem utilizando técnicas dodecafônicas. Mas houve também aqueles que ajudaram a disseminar essa tendência.

Atualmente, ambas as formas, tonal e atonal, continuam vivas e disponíveis como métodos composicionais. No caso da música atonal, porém, muita gente a considera uma manifestação artística difícil, elitista e incompreensível.

Isto se deve ao fato de que ela rompe com as expectativas e hábitos auditivos do público, mais acostumado à música tonal e diatônica.

Por outro lado, há defensores e admiradores do atonalismo, que veem nesta vertente uma forma de expressão original, criativa e revolucionária.

A música atonal, portanto, para essas pessoas, abre novos horizontes para a arte musical, explorando infinitas possibilidades sonoras além da tonalidade.

E você? Já ouviu alguma música atonal? Conte suas impressões nos comentários abaixo. Sua opinião é sempre muito valiosa para nós. Até a próxima!



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