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O lamento do Blues: conectando emoções por meio da música

Tags: blue

Pode ser que você nem conheça teoria musical, muito menos toque um instrumento. Mas quando você ouve uma determinada sequência melódica e harmônica com aquela pitada de melancolia, já sabe: “É blues”!

Um gênero musical que traz não apenas aspectos melancólicos, mas muita história e grandes talentos. Sem contar que é uma delícia de escutar, concorda?! Vamos conhecer um pouquinho mais sobre esse estilo?

Ao longo deste artigo, falaremos a respeito das raízes do blues, características musicais inerentes a esse gênero, assim como alguns dos principais artistas que se destacaram nessa vertente musical.

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O “Rei do Blues”

Há 13 anos – caso você esteja lendo este artigo em 2023 –, no dia 22 de março de 2010, um homem grisalho, de 84 anos, o rosto marcado pela experiência e com farto sorriso, sentou-se em frente a uma multidão, tendo em mãos sua eterna companheira, a guitarra Lucille.

O local? O Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A plateia presente no auditório completamente lotado assistiu, atônita e encantada, aquele grisalho “oitentão” praticar seus riffs em sua “velha conhecida”.

E mesmo sentado ao longo de sua performance, por questões de saúde e da própria idade, o velho mestre esbanjou carisma, hipnotizou o público e completou mais um show em sua turnê mundial.

Quem teve o privilégio de ver ao vivo Riley Ben King, ou simplesmente B.B. King, sabe bem o que é estar diante de um dos maiores nomes da história. É como dizia aquele antigo comercial: “Não tem preço”.

Cinco anos mais tarde, o “Blues Boy” e “Rei do Blues” partiu. A música ficou órfã, mas seu legado permaneceu. E sua história traz vários traços que remontam às raízes do gênero que o consagrou.

Aos 10 anos de idade, seu sustento vinha principalmente das colheitas de algodão no Mississipi, estado localizado no sul dos Estados Unidos.

E o blues nasceu justamente num ambiente assim, como derivado do estilo “spiritual” ou “negro spiritual” no final do século XIX. Junto a isso, veio a influência da folk music europeia, com adição de narrativas envolventes e harmonias simples.

A disseminação do blues no século XX

O novo gênero que despontava só veio a se firmar no século XX. Quem teve um papel importante nesse processo foi um filho de escravos, William Christopher Handy – ou W.C. Handy – que se autointitulou “Pai do Blues”.

Para alguns críticos, tal epíteto parece exagerado, visto que o genero já existia antes que Handy compusesse suas canções, em especial “St. Louis Blues” (1914). Porém, há que se reconhecer a sua grande contribuição para a popularização do gênero, especialmente nos meios urbanos.

O primeiro registro fonográfico do estilo só veio na década de 1920, com “Crazy Blues”, gravado pela cantora Mamie Smith.

Nesse período outros nomes importantes do blues também despontaram, como Charley Patton, Leroy Carr, Tommy Johnson, Son House e muitos outros.

O ícone Robert Johnson

Já nos anos 30, o músico Robert Johnson se notabilizou por ter criado alguns dos maiores clássicos de blues da história. Foram apenas 29 canções gravadas no período de apenas um ano, e uma trajetória repleta de mistérios e lendas acerca de sua vida pessoal.

Conta-se, por exemplo, que ele teria feito um pacto com o diabo no cruzamento entre as rodovias 61 e 49, em Charkdale, Mississipi, com o intuito de se tornar o melhor músico de blues de todos os tempos. O local, inclusive, se tornou atração turística.

Algumas das canções de Robert reforçam essa lenda, como “Me and the Devil Blues”, “Crossroads Blues” e “Hellhound On My Trail”.

Toda essa interessante história envolvendo o músico inspirou produções cinematográficas. É o caso de “Crossroads” (1986), filme com Ralph Macchio e Joe Seneca, baseado na lenda do pacto de Robert Johnson com o demônio.

A trilha sonora de Ry Cooder e o icônico duelo de guitarras com a participação de Steve Vai fazem desse filme uma atração imperdível para os fãs do deste gênero musical.

Já na Netflix vale a pena conferir “ReMastered: Devil at the Crossroads”, que narra a trajetória de Robert Johnson até seu falecimento precoce, aos 27 anos de idade.

Evolução do blues

Os anos 30 revelaram outros grandes músicos que contribuíram para a evolução do gênero. Bessie Smith, por exemplo, ficou conhecida como a “Imperatriz do Blues”. Gravou sucessos como “Downhearted Blues” e “Nobody Knows You When You’re Down and Out”.

Vale destacar, ainda, Memphis Minnie, cantora, guitarrista e compositora, responsável por sucessos como “Bumble Bee” e “Me and My Chauffeur Blues”.

Na década de 1940 o blues já era um estilo consagrado, influenciando outros gêneros, como o jazz. Outras vertentes musicais e subgêneros começaram a florescer nessa época, como o R&B (rhythm and blues).

O bluesman T-Bone Walker foi um dos principais nomes desse período, por ser o primeiro músico de blues a utilizar uma guitarra amplificada. Por esta razão, é um dos precursores do blues moderno, trazendo novas perspectivas ao estilo.

Os anos 50, por sua vez, tiveram como um dos maiores destaques o músico Muddy Waters, um dos mais populares da história do blues americano. Alguns de seus principais sucessos são “Hoochie Coochie Man” e “Baby Please Don’t Go”.

É importante mencionar ainda Willie Dixon, Howlin’ Wolf e, é claro, B.B. King. “O Rei do Blues” colocou definitivamente a guitarra elétrica como instrumento protagonista no blues.

E o principal: criou um estilo único de tocar, sem dedilhar muitas notas de uma só vez, mas valorizando cada uma delas. “Posso fazer uma nota valer por mil”, dizia.

Esse som mais potente e distinto do blues, devido à adesão dos músicos à guitarra elétrica, acabou por contribuir para o surgimento de outro gênero, o rock.

Nos anos 60, bandas como Rolling Stones e The Yardbirds foram claramente influenciadas pelo blues. Além disso, bluesmen como John Lee Hooker e Albert King ganharam destaque durante essa década, sendo fundamentais para a evolução e diversificação do estilo.

Nas décadas seguintes, outros artistas de blues se sobressaíram, como Eric Clapton – que também é referência no rock –, Steve Ray Vaughan, Gary Moore, Keb’ Mo’ e muitos outros.

Como o blues é construído musicalmente?

Agora que você conheceu um pouco dessa fascinante história do blues, vamos entender rapidamente como é a sua estrutura harmônica.

Uma canção blues é normalmente composta por 12 compassos divididos em três partes de quatro compassos cada. Tal padrão foi estabelecido por Robert Johnson, sendo uma de suas grandes contribuições para o gênero.

A progressão de acordes mais comum na harmonia do blues é a I-IV-V. Isso significa que os acordes utilizados são baseados nos graus tonais da escala: primeiro grau (I), quarto grau (IV) e quinto grau (V). Por exemplo, em um blues na tonalidade de La, os acordes mais frequentemente utilizados são A7 (I), D7 (IV) e E7 (V).

Outro aspecto importante é o uso de acordes de sétima, como vimos no exemplo acima. Tais acordes são construídos adicionando-se a sétima menor à tríade básica e contribuem para a sensação de tensão e resolução.

Apesar desses padrões, o blues oferece uma liberdade criativa significativa na improvisação harmônica. Os músicos podem explorar variações, modificações e extensões dos acordes básicos, bem como incorporar escalas de blues e frases melódicas características, criando diferentes sonoridades dentro do gênero.

Também é importante citar a chamada “blue note”, utilizada tanto no jazz quanto no blues. Esse efeito musical, que imprime uma sonoridade melancólica e emotiva, é realizado ao se alterar um quarto de tom até um semitom em algumas notas da escala.

Em instrumentos temperados, como o teclado e o violão, só é possível estabelecer mudanças de semitons. Alterações microtonais, de um quarto de tom, são viáveis apenas em instrumentos não temperados, como o violino.

Tipos de blues

Assim como outros estilos musicais, o blues também se ramificou em subgêneros, os quais têm características distintas. Vamos conhecer alguns deles:

  • Delta Blues – Podemos chamar este subgênero de “blues raiz”, já que foi um dos primeiros a surgir, tendo origem na região do Delta do Mississipi.

    É bastante utilizado nesse estilo o slide (bottleneck), em que o músico lança mão de um pequeno tubo de vidro em um dos dedos, deslizando-o horizontalmente no braço da guitarra ou violão.
  • Chicago Blues – Também conhecido como “blues elétrico”, o Chicago Blues se desenvolveu na cidade de Chicago, sendo caracterizado pelo uso de amplificadores e instrumentos elétricos.

    Esse estilo incorpora elementos do Delta Blues, mas apresenta um som mais potente e influências do jazz. Músicos como Muddy Waters e Howlin’ Wolf são figuras proeminentes do Chicago Blues.
  • Texas Blues – Originário do estado do Texas, este subgênero é conhecido por seu som encorpado e cheio de energia. Incorpora elementos do Delta Blues com influências do country e do jazz. Stevie Ray Vaughan é um dos grandes nomes associados ao Texas Blues.
  • Piedmont Blues – Este estilo desenvolveu-se na região do Piedmont, nos estados do sudeste dos Estados Unidos, como Carolina do Norte e Virgínia.

    É comum, no Piedmont Blues, a técnica fingerstyle – ou fingerpicking –, em que o instrumentista toca tanto os acordes quanto a melodia da música. Destacam-se nesse subgênero os músicos Blind Blake e Reverend Gary Davis.
  • West Coast Blues – Surgido na costa oeste dos Estados Unidos, o West Coast Blues incorpora elementos do jazz e do rhythm and blues. A sonoridade é mais suave e polida. T-Bone Walker é um dos nomes mais influentes desse subgênero.

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