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Percussão corporal: a música no ritmo do corpo

Em vários artigos deste blog, já falamos sobre o fato de nossa voz ser um instrumento musical. Mas você sabia que outras partes de seu corpo podem ser fontes de produção rítmica? Estamos nos referindo à percussão Corporal, uma das formas mais antigas de se fazer som.

Na realidade, é provável que tenha sido o jeito mais antigo e peculiar do ser humano em se transformar numa fonte sonora percussiva, antes mesmo que um simples tambor fosse inventado.

E mesmo hoje, com a disponibilidade de instrumentos de percussão de alta qualidade e sobre os quais é possível extrair diversos timbres, a percussão corporal não perdeu sua importância.

As primeiras experiências com a percussão corporal

Você certamente já fez, em sua vida, algum tipo de percussão corporal. Duvida? Então, lembre-se de quantos aniversários participou e bateu palmas na hora de cantar o “Parabéns pra você”.

Sim, o ato corriqueiro e tão usual de bater palmas é uma maneira de transformar seu corpo num instrumento percussivo. Perceba que há sempre a tentativa de que essa ação seja feita de forma coordenada e num ritmo constante.

E há diversas outras formas de estabelecer uma sequência rítmica. Pode ser por meio do estalar de dedos, do sapateado e de batidas nas coxas, no peito e na boca, por exemplo.

Tudo isso produz sons interessantes, que podem ser incorporados nas músicas ou feitos de forma independente. E não é necessário nenhum acessório. Seu corpo é o seu próprio instrumento.

Sem dúvida, é um jeito peculiar de desenvolver a criatividade, o ritmo, a dança, a autopercepção e o autoconhecimento. É o fazer artístico em sua essência, invocando a música raiz feita ainda em tempos pré-históricos.

O profissionalismo da percussão corporal

E como em toda manifestação artística, a percussão corporal passou por aperfeiçoamento e profissionalização. Já existem vários músicos, grupos e até eventos mundiais dedicados a essa arte.

O produtor, músico e compositor norte-americano Keith Terry, por exemplo, descobriu a percussão corporal a partir de sua experiência como baterista no grupo Jazz Tap Ensemble, uma companhia de sapateado criada em 1979 e formada por sapateadores e músicos.

Na época, Keith acompanhava Paul Arslanian no piano e Tom Danneberg no baixo. O trio executava a base musical para os dançarinos fazerem shows memoráveis, inspirados em nomes como Fred Astaire, Gene Kelly e Gregory Hines, entre outros.

É importante frisar que o sapateado é um tipo de percussão corporal, o qual teve grande destaque na era de ouro dos musicais hollywoodianos. Afinal, quem não se lembra do sapateado icônico de Gene Kelly em “Cantando na Chuva”?

O interessante é que Keith Terry não só aprendeu a sapatear, como foi além da arte de fazer ritmo com os pés, tendo definido a si mesmo como um “músico do corpo”.

Seu trabalho envolve música, dança, teatro, beatbox e arte performática, explorando diversas possibilidades rítmicas, tanto tradicionais quanto o que sua criatividade foi capaz de inventar e inovar.

Além de ter realizado diversos trabalhos solo, Keith também fez parcerias com outros artistas e ainda é professor atuante, ministrando master classes e workshops em vários locais.

Porém, sua contribuição mais importante foi a criação, em 2008, do International Body Music Festival (IBMF) – traduzido como Festival Internacional de Música Corporal.

O evento, que é produzido a cada dois anos na baía de San Francisco (EUA) e por outros países nos anos intermediários, tem a duração de seis dias, explorando a diversidade da linguagem da música corporal em várias culturas. O Brasil sediou o IBMF em 2010.

Grupo Barbatuques

No nosso país, o maior representante da percussão corporal é o Grupo Barbatuques, criado em 1995 pelo saudoso artista paulistano Fernando Barba.

Formado por 13 integrantes, o grupo tem uma agenda de shows por todo o Brasil e também realiza apresentações em outros países, como já ocorreu em seis edições do IBMF; na Copa do Mundo da África, em 2010; no Festival Europalia, em 2011, na Bélgica; na Feira de Livro de Frankfurt (Alemanha), em 2013; e muito mais.

O Barbatuques ganhou relevância pelo desenvolvimento de diversas técnicas de percussão corporal e vocal, incluindo o sapateado e a improvisação.

Esse repertório impressionante de sons produzidos no corpo rendeu não apenas espetáculos, como também workshops, discos e até um Songbook com 12 músicas criadas pela trupe e lançado em 2022. A transcrição e cifras das músicas foram feitas pelo maestro e diretor musical Carlos Bauzys.

Fernando Barba faleceu em 2021 aos 49 anos por conta de um tumor no cérebro, mas deixou um legado importantíssimo para a cultura e educação brasileiras.

Uma de suas importantes contribuições foi o livro “A vida começava lá – Uma história de repercussão corporal”, de 2019, escrito em parceria com sua irmã, Renata Ferraz Torres.

A percussão corporal na educação

Outro legado de Barba e do grupo Barbatuques foi a transformação da percussão corporal em ferramenta para a educação musical no ensino infantil e fundamental.

No artigo “Percussão corporal e crianças pequenas: possibilidades musicais na educação infantil”, a musicista e jornalista Mariana Gomes Maziero cita alguns jogos propostos em oficinas do Barbatuques que poderiam ser facilmente adaptáveis para crianças em atividades de musicalização infantil.

Veja alguns exemplos de quais jogos poderiam ser utilizados:

  • Flecha: o jogo é feito com pessoas sentadas em roda. Quem iniciar, pode bater uma palma como se estivesse atirando uma flecha em direção a outra pessoa. Esta, por sua vez, vai repetir o ato, mas em direção a outro indivíduo presente na roda. A brincadeira continua até que todos participem.
  • Ecos: também feito em grupo, uma criança cria um som e os outros imitam.
  • Refrão-improviso: é proposto um refrão, em que todos fazem a mesma coisa. Entre os refrões, alguém improvisa um som diferente.
  • Paisagem sonora: a ideia é que o corpo seja utilizado para imitar os mais diversos sons do ambiente.
  • Regência/maestro: a turma é dividida em vários grupos, cada uma tendo um regente. Esse maestro deve estar atento aos sons produzidos pelos outros grupos, com o intuito de estabelecer um diálogo musical.
  • Hit percussivo: utilização de vários sons percussivos feitos com palmas, pés, coxas, barriga, peito e voz (percussão vocal ou beatbox).

A professora Cláudia Maria Souza Mesquita, por sua vez, também propôs a utilização de sons percussivos corporais no processo educativo de alunos do 7º, 8º e 9º anos do ensino fundamental. A experiência foi desenvolvida na escola estadual Jarbas Passarinho, de Belém (PA).

Em seu artigo “Percussão corporal no ensino de música: três atividades para a educação básica”, ela utiliza como fundamentos a teoria do educador musical Keith Swanwick, de 2003, e as atividades do grupo Barbatuques.

Swanwick desenvolveu a Teoria Espiral para o aprendizado da música, sugerindo uma sequência de etapas como numa espiral, similar ao que ocorre no desenvolvimento da linguagem. “Ele propõe como estágios da compreensão musical: materiais sonoros, caráter expressivo, forma e valor, permitindo identificar as fases de construção do conhecimento em música”, esclarece Cláudia Mesquita.

Já na parte prática, ela propõe três processos: composição (improvisação), apreciação e execução utilizando a percussão corporal. Além disso, há o registro musical escrito, utilizando uma notação não convencional.

O objetivo é desenvolver a musicalidade nos alunos de forma natural e espontânea, integrando o conteúdo formal à técnica e habilidades de execução rítmica.

Aprenda percussão corporal com os mestres

Como qualquer instrumento musical, a percussão corporal traz técnicas das mais fáceis às mais difíceis, exigindo bastante coordenação motora.

Caso você esteja curioso(a) e queira aprender um pouco sobre essa arte, pode entrar em contato com o grupo Barbatuques, para trazer um workshop para a sua cidade. As oficinas do grupo são voltadas a todas as idades, independentemente de conhecimento musical.

Se preferir, você pode também aprender técnicas de percussão corporal no conforto de sua casa.

Keith Terry oferece 46 mini-lições a 4,49 dólares cada. Além dessas, há uma aula gratuita, para você começar a aprender os princípios básicos dessa arte tão fascinante.

Ficou interessado(a)? Agora, é só ver as aulas e praticar. Bons estudos!



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