Aústria- Uma pesquisa detalhada realizada por Phebe de Heus e sua equipe, publicada na revista Viruses, revelou um caso alarmante de Encefalite Transmitida por carrapatos em um cavalo que resultou em consequências trágicas. Este estudo lança luz sobre uma questão pouco documentada, enfocando a subnotificação desses casos clínicos em cavalos, destacando os desafios diagnósticos enfrentados pela comunidade veterinária.

O paciente em questão era um cavalo Frísio castrado de 16 anos, que foi internado no hospital com sintomas neurológicos graves. Sua condição era instável, manifestando uma deriva para a esquerda e episódios de caminhada compulsiva, cegueira presumida e pressão de cabeça. O proprietário relatou que o animal havia sido ferido por uma cerca de arame farpado dias antes, além de apresentar falta de apetite, redução na produção fecal e febre.

Após tratamento veterinário inicial no campo, o cavalo foi transferido para a clínica, onde sua condição rapidamente se deteriorou. Os sinais clínicos incluíam ausência de resposta de ameaça à esquerda, reflexos pupilares à luz retardados, marcha rígida, caminhada compulsiva e convulsões. Apesar das intervenções médicas, incluindo anti-inflamatórios e glicocorticoides, bem como tratamento para as convulsões, o cavalo não apresentou melhora significativa. Infelizmente, o sofrimento do animal foi tão intenso que levou à automutilação, resultando em trauma grave nos tecidos moles ao redor do olho esquerdo. Devido à falta de recursos para tratamento adicional, a eutanásia foi a opção escolhida após quatro dias de cuidados intensivos.

Os pesquisadores investigaram minuciosamente a causa subjacente da condição do cavalo. Testes moleculares detalhados foram realizados em amostras de tecido cerebral, revelando a presença de ácidos nucleicos do vírus da encefalite transmitida por carrapatos. Este achado foi confirmado por sequenciamento genético, que identificou o subtipo do vírus presente como o da Europa Ocidental, anteriormente Central. Além disso, altos níveis de anticorpos específicos contra o vírus foram encontrados no soro do cavalo, confirmando a infecção.

A equipe de pesquisa destaca a importância de considerar a encefalite transmitida por carrapatos como um diagnóstico diferencial em casos de sinais neurológicos em cavalos que estiveram em áreas endêmicas. Eles ressaltam que, embora os cavalos sejam suscetíveis à infecção pelo vírus, a subnotificação desses casos é comum devido a desafios diagnósticos significativos. A infestação por carrapatos pode fornecer uma pista crucial no diagnóstico preliminar dessas infecções, destacando a importância da vigilância atenta e da combinação de várias abordagens diagnósticas para uma detecção precoce e um tratamento adequado.

Espera-se que este estudo pioneiro incentive outros profissionais da área veterinária a considerar a encefalite transmitida por carrapatos como uma possibilidade diagnóstica em casos semelhantes, impulsionando assim a conscientização e o entendimento aprofundado dessa doença ainda subdiagnosticada em cavalos.