O trabalho que realizamos ao longo da vida profissional pode ter um efeito surpreendente no nosso declínio cognitivo à medida que envelhecemos, conforme revelado por uma equipe internacional de pesquisadores. Este estudo aponta que empregos que envolvem níveis médios a elevados de Atividade física estão associados a um risco aumentado de comprometimento cognitivo e demência.

A pesquisa, liderada por pesquisadores do Centro Nacional Norueguês de Envelhecimento e Saúde, da Escola de Saúde Pública Columbia Mailman e do Centro de Envelhecimento Butler Columbia, investigou a possível conexão entre as ocupações exercidas durante a vida profissional, especificamente entre as idades de 33 e 65 anos, e o desenvolvimento de distúrbios cognitivos após os 70 anos.

O estudo, publicado na revista The Lancet Regional Health - Europe, analisou um total de 7.005 participantes, dos quais 2.407 desenvolveram Comprometimento Cognitivo Leve e 902 desenvolveram alguma forma de demência. O que torna este estudo particularmente abrangente é a análise da história ocupacional dos participantes ao longo de mais de três décadas, reconhecendo que a fase silenciosa da demência pode se manifestar até 20 anos antes dos sintomas se tornarem evidentes.

Uma das conclusões intrigantes deste estudo é o que os pesquisadores chamaram de "paradoxo da atividade física". Enquanto a atividade física no lazer tem sido associada a melhores resultados cognitivos, a atividade física relacionada ao trabalho parece estar ligada a piores resultados cognitivos.

Em detalhes, o risco de demência e comprometimento cognitivo leve foi de 15,5% para os participantes que tiveram um trabalho fisicamente exigente na última parte de suas carreiras, em comparação com 9% para aqueles cujas ocupações exigiam pouca ou nenhuma atividade física. Essas descobertas destacam a complexidade da relação entre a atividade física e a saúde cognitiva.

Algumas profissões estão mais propensas a níveis moderados a elevados de atividade física, o que pode aumentar o risco de comprometimento cognitivo. Isso inclui profissões como vendedores, enfermeiros, prestadores de cuidados e agricultores. Esses trabalhos frequentemente envolvem longos períodos de pé, horários de trabalho prolongados ou em turnos e tarefas fisicamente desgastantes.

Essas descobertas levantam questões importantes sobre como a atividade física ocupacional se relaciona com o risco de demência e comprometimento cognitivo leve em idades mais avançadas. Pesquisas futuras precisarão explorar como intervenções para reduzir a atividade física ocupacional ou mudanças tecnológicas que afetam a natureza das ocupações podem influenciar esses resultados.

Em última análise, compreender o papel do trabalho físico em nossas vidas profissionais e sua relação com a saúde cognitiva é crucial para o desenvolvimento de estratégias que possam limitar os efeitos negativos e melhorar a qualidade de vida na terceira idade.

Trajectories of occupational physical activity and risk of later-life mild cognitive impairment and dementia: the HUNT4 70+ study