No interior do estado do Rio de Janeiro, na cidade de Paraíba do Sul, encontra-se o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, um local sagrado que atrai devotos tanto da região quanto de outros estados. Iniciada em 1773, essa devoção floresceu ao longo dos anos e culminou na maior festa religiosa do estado do Rio de Janeiro.

Palavras do Padre Júlio Caldeira, IMC, ecoam neste momento especial:

Assim, o reitor do Santuário, Padre Márcio Damasceno, conclui as celebrações dos 250 anos de devoção em 28 de agosto.

No último fim de semana de agosto, a festa em homenagem ao Bom Jesus é celebrada no Santuário de Matosinhos, situado na zona rural de Paraíba do Sul. Trata-se da maior celebração religiosa do Rio de Janeiro, atraindo mais de 30 mil peregrinos de diversas regiões e estados para manifestar sua fé no Bom Jesus.

Neste ano de 2023, as celebrações adquiriram um significado ainda mais profundo, pois marcam o jubileu de 250 anos da Devoção ao Bom Jesus de Matosinhos, uma tradição que teve início em 1773 com a construção de uma pequena ermida de pau a pique. O reitor do Santuário expressou sua gratidão a todos os peregrinos que "vieram celebrar conosco estes 250 anos de devoção ao Bom Jesus de Matosinhos. As bênçãos chegaram com as chuvas que apagaram a poeira. Agradeço pelo testemunho de fé em Jesus, assim como Pedro no Evangelho de hoje."

Os festejos foram precedidos por uma novena realizada de 18 a 27 de agosto, conduzida com fervor e gratidão. O padre Márcio conclui: "Que possamos continuar professando nossa fé e permanecendo firmes nela todos os dias de nossas vidas. Que não percamos a coragem diante dos momentos difíceis que enfrentamos. Só posso expressar gratidão a todos que vieram celebrar conosco estes 250 anos de Devoção ao Bom Jesus de Matosinhos, sempre marcados pelas bênçãos de Deus, como essa chuva que caiu entre nós nesses dias."

Na segunda metade do século XVIII, camponeses portugueses vindos da Vila de Matosinhos estabeleceram-se na encosta leste da Serra do Sucupira, criando plantações e rebanhos para subsistência. Devotos do Bom Jesus, ergueram em torno de 1773 uma modesta ermida de pau a pique, em honra ao Bom Jesus Crucificado. Com o aumento da devoção, romarias e cumprimento de promessas, a ermida foi elevada à condição de Curato por volta de 1776.

Com a colaboração de Pedro da Costa Lima, o antigo templo serviu à comunidade até 1862, quando foi demolido. No mesmo ano, sob a iniciativa de Martinho Álvares da Silva Campos, proprietário da Fazenda do Matosinhos de Sardoal, ergueu-se uma capela mais imponente, com altar-mor e dois altares laterais adornados por magníficas imagens, em especial a do Bom Jesus Crucificado.

A construção da atual igreja teve início em 1953 e foi concluída em 1959, sob a orientação do pároco italiano Luiz Raymondo. Anualmente, a grande peregrinação ocorre no último domingo de agosto, quando fiéis expressam gratidão e cumprem promessas pelos milagres alcançados. O local abriga uma "sala dos ex-votos" com testemunhos de milagres desde o século XVIII, um tributo à devoção ao Bom Jesus.

O Santuário de Bom Jesus de Matosinhos faz parte da Paróquia Santana de Inconfidência, sob a jurisdição da Diocese de Petrópolis, liderada por Dom Gregório Paixão OSB. O atual reitor, Padre Márcio Antônio Damasceno, do clero diocesano de Petrópolis, também atua como pároco da Paróquia de Santana de Inconfidência.

Em 2021, a Festa de Bom Jesus de Matosinhos foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro por meio de um projeto de lei. A festividade reúne fiéis e peregrinos na veneração a Jesus Crucificado, símbolo de fé e milagres ao longo de mais de dois séculos de devoção, destacando-se como a maior celebração religiosa do estado do Rio de Janeiro.