O Governo federal tem destinado verbas publicitárias para promover suas ações e campanhas nos veículos de comunicação. Desde o início da atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, os dados disponíveis apontam uma concentração desses recursos na Rede Globo.

Nos primeiros seis meses, a Globo recebeu R$54,4 milhões em publicidade governamental, o equivalente a cerca de 60% do total investido pelo governo federal em TV aberta. As demais grandes emissoras - Record, Bandeirantes e SBT - obtiveram juntas cerca de 29% da verba, ou R$25 milhões.

Essa distribuição destoa do governo anterior, quando a fatia das três principais redes ficou em 49% do bolo publicitário, com a Record na liderança (22%), seguida pela Globo (20%) e SBT (7%).

A concentração atual em uma única emissora é vista por especialistas como potencialmente prejudicial à concorrência e à dinâmica do mercado publicitário.

A Globo, embora tenha tido atritos com o PT no passado, agora mantém boa relação com o governo Lula. Em nota, a emissora informou entender que a verba é definida por critérios técnicos dos órgãos federais.

O portal de mídia do governo, porém, não detalha os critérios para essa distribuição. A Secretaria de Comunicação alega considerar diferenças de alcance e audiência dos canais.

Até agora, foram R$120 milhões destinados à publicidade federal na gestão Lula, ante R$2,1 bilhões no governo Bolsonaro. As estatais, como a Petrobras, não divulgam seus gastos publicitários.

Especialistas avaliam que, apesar de comum, o uso da verba pública em propaganda requer transparência, impessoalidade e isonomia entre veículos.

A sociedade espera que os recursos sejam geridos de forma técnica, sem favorecimentos, visando o melhor custo-benefício no interesse público. Monitoramento e fiscalização são essenciais para garantir a lisura desses processos.