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Da magia dos palcos ao êxtase das telas: invenções que anteciparam o cinema

Os primórdios hipnóticos da imagem em movimento: fenacistoscópio, praxinoscópio e zootropo

O século XIX testemunhou um fascínio sem precedentes com a ilusão do movimento na imagem. Novos dispositivos ópticos como o fenacistoscópio encantaram o público com a aparente animação de desenhos estáticos. Essa tecnologia primitiva deu origem a uma febre e um frenesi que tomariam conta da Europa e da América.
A lanterna magica

Da magia dos palcos ao êxtase das telas: o fenacistoscópio que antecipou o cinema

Um dos palcos desse entusiasmo foi a corte do Imperador Francisco I da Áustria. Em 1825, o ilusionista Ludwig Leopold Döbler fez uma apresentação impressionante diante do imperador em Viena. Com um único tiro de pistola, Döbler acendeu 100 velas de uma só vez. O truque se devia mais às habilidades ilusionistas de Döbler do que à sua pontaria.
Ludwig Döbler, 1845,

Quadros sequenciais hipnotizam platéias: o álbum de família do cinema no século XIX

Nas décadas seguintes, até se aposentar dos palcos em 1848, Döbler seria um dos mestres da ilusão mais famosos de seu tempo. Seu apelido batizou luvas, chapéus e gravatas vendidos em Viena. Ele viajou pela Áustria, Alemanha, Rússia, França e Inglaterra apresentando seus grandiosos números de ilusionismo.

Um de seus maiores sucessos era a "doação de flores". Döbler parecia retirar arranjos florais intermináveis de um chapéu vazio, cada buquê acompanhado de um poema. Outro número envolvia uma "fonte milagrosa" que servia bebidas ao gosto da plateia. Döbler também fazia um teatro de horror baseado em projeções de imagens assustadoras e efeitos especiais impactantes.

Para suas "fantasmagorias", Döbler utilizou um invento que estava fazendo frisson na época: o fenacistoscópio. Esse dispositivo precursor do Cinema criava a ilusão de movimento a partir de imagens estáticas. Muito antes do nascimento do cinema propriamente dito, a humanidade ensaiava seus primeiros passos na direção de tecnologias capazes de enganar os olhos.

O fenacistoscópio consistia em um disco com imagens sequenciais desenhadas em sua borda. Ao girar o disco e olhar por uma fenda, as imagens pareciam se fundir em uma cena animada. Inventado quase simultaneamente por vários pioneiros no início da década de 1830, o aparelho causou grande comoção.

Um desses inventores foi o austríaco Simon von Stampfer, que cunhou o nome "estroboscópio" para sua versão. Outros foram os matemáticos belgas Joseph Plateau e William George Horner. O fenacistoscópio também é creditado ao inventor inglês William George Horner.

Essa multiplicidade de autores evidencia o quanto a busca para capturar o movimento na imagem fervilhava na época. Tão logo uma versão era divulgada, outras surgiam por toda a Europa e América. Fabricantes aperfeiçoavam os projetos e inundavam o mercado com os aparelhos.

O fenacistoscópio se tornou febre não apenas entre cientistas e artistas, mas também no grande público. As pessoas se deliciavam com os desenhos animados das bailarinas e acrobatas. Eram cenas hipnóticas, quase mágicas, para uma época que só conhecia imagens estáticas.

O entusiasmo era tamanho que os discos chegaram a ser usados para animar histórias e cenas eróticas. Isso levou alguns países, como a Inglaterra, a censurarem os dispositivos para preservar a moralidade.

Outras versões apareceram, como o zootropo e o praxinoscópio. Novos inventores buscavam aperfeiçoar a ilusão. Um passo crucial foi dado pelo fotógrafo Eadweard Muybridge na década de 1880. Contratado para estudar o galope de cavalos, ele criou uma bateria de câmeras que registravam imagens sucessivas em alta velocidade.

Ao projetar essas fotos, Muybridge conseguiu uma animação mais fluida e realista. Seu "zoótropo de Muybridge" é visto por historiadores como uma transição do fenacistoscópio para o cinema. Os movimentos do cavalo pareciam verdadeiramente capturados pela câmera.

Enquanto isso, o francês Émile Reynaud aperfeiçoou a projeção das animações em uma tela, para plateias numerosas. Seu Teatro Óptico encantou o público parisiense na década de 1880 com histórias animadas.

Toda essa efervescência desembocaria na invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière em 1895. As primeiras exibições públicas do cinematógrafo causaram comoção similar à do fenacistoscópio décadas antes.

Ao ver um trem se aproximando na tela, parte da plateia teria fugido da sala pensando se tratar de um trem de verdade. O poder hipnótico das imagens em movimento permanecia intacto.

Portanto, ainda que de forma rudimentar, o fenacistoscópio e suas variações abriram as portas para a más profunda transformação das artes visuais desde a invenção da perspectiva no Renascimento. A busca para capturar e reproduzir o movimento remontava pelo menos ao século XVII.

Mas foi no século XIX que essa busca alcançou resultados palpáveis e se popularizou. Impulsionada por avanços como a fotografia, a ilusão de movimento saiu dos gabinetes científicos para maravilhar o grande público.

O fenacistoscópio converteu a Europa e a América em terreno fértil para o nascimento do cinema. A semente da sedução pelo movimento na imagem encontrou solo propício para germinar no deslumbramento popular pelo dispositivo precursor.

Não por acaso, os primeiros filmes dos irmãos Lumière e Thomas Edison retomaram temas caros ao fenacistoscópio, como trens em movimento, o galope de cavalos e cenas humorísticas ou eróticas. O cinema colheria o que o entusiasmo pelo fenacistoscópio plantara no imaginário.
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A febre que tomou conta do século XIX pelos dispositivos de ilusão do movimento expunha o desejo humano de ver a realidade dinâmica fixada em imagens. Mais que divertir, esses aparelhos procuravam capturar e dominar o escorregadio tempo, estudando seus mistérios através da imagem sequencial.

Döbler e os demais magos e cientistas da época ambicionavam decifrar os mecanismos do olho e do cérebro que criavam a ilusão de movimento. Seus experimentos pioneiros abriram caminho para as formas de expressão que dominariam o século seguinte, do cinema à televisão.

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Mesmo 160 anos após seus primeiros passos cambaleantes, a magia provocada pelas imagens cinéticas persiste inabalável. Seja nos blockbusters de Hollywood ou nos vídeos virais da internet, o fascínio exercido pelo movimento ilusório permanece cativando gerações. O cinema tornou-se a mais difundida e influente de todas as artes do século XX.

E pensar que tudo começou com uns singelos desenhos animados girando em discos de papelão. A jornada do cinema completa seu segundo século ainda hipnotizando platéias mundo afora, como as primeiras plateias do fenacistoscópio em delírio.

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