Dois membros do Comitê Judiciário da Câmara, ambos do partido republicano, revelaram na última quarta-feira que diversos escritórios regionais do FBI estiveram envolvidos na elaboração de um polêmico memorando interno datado de janeiro de 2023. Esse memorando levantava a hipótese de que grupos católicos tradicionalistas poderiam ser potenciais focos de extremismo doméstico. Os congressistas Jim Jordan (R-Ohio), presidente do Comitê Judiciário, e Mike Johnson (R-La.), presidente do Subcomitê de Constituição e Governo Limitado, compartilharam suas preocupações em uma carta endereçada ao diretor do FBI, Christopher Wray.

Segundo os legisladores, uma versão menos censurada do memorando foi obtida pelo comitê no mês passado e mencionava um "contato de ligação" no escritório regional do FBI em Portland, bem como informações oriundas do escritório em Los Angeles. Jordan e Johnson destacaram que a nova versão do documento agora declarava explicitamente que o escritório do FBI em Richmond havia "coordenado com" o escritório do FBI em Portland na preparação dessa avaliação. Eles levantaram a possibilidade de que os escritórios regionais do FBI em Portland e Los Angeles tivessem participado ou contribuído para a elaboração da avaliação que enquadrava os católicos tradicionalistas como potenciais terroristas domésticos.

Wray, em março, testemunhou perante o Comitê de Inteligência do Senado, expressando sua consternação ao tomar conhecimento do memorando originado no escritório regional do FBI em Richmond, Virgínia. Ele afirmou que medidas imediatas foram tomadas para retirar o memorando e eliminá-lo dos sistemas do FBI. Wray ressaltou que o memorando era um dentre muitos produtos oriundos dos diversos escritórios regionais do FBI, e assim que a questão veio à sua atenção, ele agiu.

Intitulado "O Interesse de Extremistas Violentos com Motivação Racial ou Étnica na Ideologia Católica Radical-Tradiconalista Quase Certamente Apresenta Novas Oportunidades de Mitigação", o memorando do FBI de Richmond explorava a ligação supostamente observada entre extremistas violentos motivados por questões raciais ou étnicas e a ideologia católica tradicionalista radical. Jordan e Wray tiveram um confronto durante uma audiência polêmica no mês anterior, na qual Wray afirmou que o memorando era um único produto originado de um único escritório regional.

Os legisladores solicitaram a Wray que revisasse seu testemunho para esclarecer completamente a natureza e a abrangência da avaliação do FBI. Além disso, pediram por uma entrevista transcrita com o Chefe de Conselho da Divisão que aprovou o memorando. Jordan e Johnson também requisitaram documentação adicional, incluindo comunicações entre o escritório regional do FBI em Richmond e os escritórios em Los Angeles e Portland, relacionadas ao memorando. Eles buscaram uma lista dos "produtos de inteligência do FBI" mencionados no relatório e informações sobre o "contato de ligação" de Portland, bem como o "Funcionário disfarçado" de Los Angeles citados no documento.