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CASADOS À PRIMEIRA VISTA: O QUE DIZ A PSICOLOGIA?


O novo programa da SIC promete acabar com a solidão dos concorrentes através de casamentos “reais” com desconhecidos. Até que ponto pode a Psicologia ajudar a escolher o parceiro ideal? É possível fazer uma avaliação psicológica de cada concorrente e garantir que se encontra o par ideal?


A poucos dias do início de mais um controverso reality show, fui contactada por uma jornalista do Observador para responder a algumas perguntas sobre o programa. Segundo informações veiculadas pela produção internacional do programa “Casados à primeira vista”, todos os concorrentes são submetidos a longas horas de avaliação com o objetivo de serem encontrados os pares mais compatíveis. Basta uma breve pesquisa pela Internet – eu confesso que nunca vi nenhum episódio das versões estrangeiras do programa – para perceber que há casais que escolheram ficar juntos depois de o programa terminar e que há outros que escolheram terminar imediatamente a relação.

CASADOS À PRIMEIRA VISTA:
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 


Se há algo que uma avaliação psicológica permite identificar são traços de personalidade narcísicos ou a tendência para assumir comportamentos mais explosivos e, ainda segundo as informações veiculadas pela imprensa, esses são critérios de exclusão dos candidatos. Por outro lado, a produção procura descartar todos os candidatos que estejam apenas à procura da gratificação imediata da fama. Até aqui, creio que é fácil de compreender que o trabalho dos psicólogos que façam parte da equipa ajude a cumprir o propósito.



Relembro que se trata da observação individual dos candidatos e não da observação da forma como se relacionam entre si.

É POSSÍVEL PREVER SE UMA RELAÇÃO

VAI DAR CERTO? 


Ao contrário do que possa parecer, há investigações rigorosas na área da Psicologia da Família que permitem prever com elevado grau de precisão, se uma relação vai dar certo. O professor John Gottman liderou um longo estudo em que acompanhou centenas de casais durante décadas até conseguir identificar os sinais que mostram que uma relação está em risco. Estas conclusões dizem respeito à observação dos comportamentos e dos sinais fisiológicos dos membros do casal durante os momentos de conflito e NÃO ao cruzamento dos dados referentes à avaliação psicológica de cada um.

CASADOS À PRIMEIRA VISTA:
CONSELHOS


Uma das questões que a jornalista Ana Cristina Marques me colocou dizia respeito às sugestões que eu daria aos participantes do programa. A minha resposta é simples: eu sugiro que não participem no programa. Porquê? Porque a participação no programa implica saltar etapas essenciais a qualquer relação. Qualquer um de nós já experimentou a sensação de reconhecer noutra pessoa um vasto conjunto de atributos sem que isso se traduzisse em qualquer atração.



E a química é exatamente aquilo de que nós precisamos para nos sentirmos vivos, para sentirmos desejo por outra pessoa. Quem está disposto a desperdiçar essa oportunidade e saltar imediatamente para uma relação de compromisso?

Por outro lado, ao longo do namoro, temos a oportunidade de nos revelarmos e de conhecermos a pessoa que escolhemos. Ninguém parte para uma relação a exigir a lista completa de defeitos e imperfeições do outro. Sabemos que eles existem mas a exploração é feita de forma gradual, permitindo que nos liguemos do ponto de vista afetivo e que, mais cedo ou mais tarde, nos sintamos seguros de que aquilo que sentimos é suficientemente forte para nos permitir adaptar-nos ao tal “pacote” de defeitos. Pelo meio, há tempo para as discussões, para nos acalmarmos enquanto cada um vai para sua casa – sem pressas, nem pressões. É difícil haver tanta pressão quanto aquela que está associada ao casamento com um desconhecido que, inevitavelmente, tem um conjunto de defeitos aos quais não estamos habituados.

Para algumas pessoas, esta pode ser efetivamente uma oportunidade para encontrar o amor. Afinal, já aconteceu noutros países. Mas valerá a pena arriscar tanto e desperdiçar a oportunidade de fazer uma escolha consciente, namorar sem pressões e explorar o outro com todo o tempo que quisermos?


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