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Meu blog ainda existe?

 Caramba, é muito estranho estar aqui. Eu li meus textos antigos e parece que foram escritos por outra pessoa. Tanta coisa politicamente incorreta, erros de português que eu podia jurar que já não cometia na época (eu comecei Esse blog para praticar a redação para o ENEM). 

Por outro lado, eu Tinha uma escrita que soava muito mais espontânea... tudo bem, o preço disso é que eu falava muita merda. Mas tinha uma vivacidade interessantíssima nela. Eu literalmente me sinto um velho quando eu vejo a diferença entre o meu estilo no início do blog e agora.

Este sou eu agora

Agora, é de valor inestimável ter esse registros do inicio da minha vida adulta. Tem muita coisa que passava na minha cabeça que eu não lembrava e estou vendo agora com os textos. As vezes eu tinha a impressão de que minha vida era mais leve no passado, mas agora vejo que não. Pode soar um pouco bobo, mas eu me sinto até um pouco emocionado de ver como as coisas na minha vida foram se encaixando.

Tem muito texto que eu não publiquei, eles ficaram apenas como rascunho, então talvez eu referencie algo que não está disponível.


Fim do ensino médio e início da faculdade

Nessa época, eu consigo ver meu interesse em compreender o mundo a minha volta, principalmente as minhas ações. Naquela época eu comecei a me incomodar com o tempo que eu perdia com entretenimento, em vez de "viver a vida". Eu sentia que estava desperdiçando a minha vida e me sentia pressionado a sair para festas como um jovem normal.

Era uma posição bem complicada de estar, porque eu queria genuinamente sair do quarto e fazer alguma coisa diferente na minha vida, mas ao mesmo tempo a solução que eu enxergava (ir para festas) não me agradavam. Então eu sentia um grande conflito porque eu queria gostar dessas coisas, mas não conseguia. Assim, eu me via sem muitas alternativas a ficar no quarto.

Fica uma alfinetada para o meu eu presente, que também passa tempo demais em casa.


Outro tema que eu vi bastante claro nos textos e que hoje é bem secundário, era a minha preocupação em como as pessoas me enxergavam. Em algumas passagens, ficou implícito que o meu maior objetivo na época era "ser foda". Hoje, eu ainda me preocupo com a opinião dos outros, mas é algo muito mais sutil.

Eu queria ser o 007: desejado e sempre com tudo sob controle

Conforme eu ia amadurecendo as ideias, eu fui percebendo que as coisas que eu buscava, não necessariamente refletiam o que eu realmente queria. Eu estava apenas fazendo o que eu achava que era esperado de mim. Esse era meu processo de individuação (conceito de Jung olha que chique minhas referências) em fase embrionária. Hoje em dia, isso é algo óbvio para mim, mas na época? Eu escolhi meu curso, minhas atividades extracurriculares, a forma de me comportar, todas essas coisas baseado nas expectativas alheias.

Eu queria ser o cara sociável da faculdade, mas não por querer desenvolver uma habilidade específica e sim para ganhar mais "pontos sociais".

Algo que eu achei muito importante e tinha me esquecido era a sensação de ver as crianças na rua e sentir inveja delas. Eu estava lá, morando sozinho, universitário fodão. E por mais que eu gostasse de certas coisas, como a liberdade, eu queria mesmo era ser criança. Assim eu não teria que me preocupar em me destacar socialmente, teria minha família por perto e não precisaria correr atrás de mulher. Acho que faz parte do início da vida adulta esse choque e essa vontade de se agarrar a infância, felizmente deu tudo certo.


Durante o resto da graduação

Durante a graduação eu percebi que eu tinha um desejo que era realmente meu e que me traria bônus social: o intercâmbio. Assim, eu apostei todas as minhas fichas nisso e passei 2016, 2017 e 2018 lutando para conseguir esse intercâmbio.

Eu estava completamente obcecado com isso. Essa era minha oportunidade de viver a minha vida! Até então eu não sentia que vivia minha vida, me sentia estagnado. Sentia também que não tinha nada de interessante para contar às pessoas. As pessoas me olhariam e pensariam: "nossa esse coitado, não curtiu a vida e nem fez um intercâmbio" (como se intercâmbio fosse algo comum aqui).

Eu cheguei ao ponto de ficar com medo de não conseguir o intercâmbio e me matar por conta da decepção. Mas aí, eu não consegui o intercâmbio e sobrevivi.

No ano seguinte, o intercâmbio veio tranquilo, apesar de teoricamente eu não poder mais. De brinde, ainda ganhei uma bolsa para estudar na Hungria, então eu tinha até opções para escolher.

Et voilà!

Em paralelo à faculdade, eu estava explorando meus hobbies: desenhar e criação de jogos. As duas coisas começaram na escola ainda, mas lá para 2017 elas ganharam um espaço maior na minha vida. Olhando para trás, esses eram os maiores prazeres da minha vida nessa época. Eu saia da faculdade correndo para chegar em casa e trabalhar no meu jogo.


Resultados

Eu criei esse blog em 2013 ou 2014, em 2014 eu fiz 18 anos. Hoje, em 2023, estou prestes a fazer 27. Tem 10 anos que criei esse blog, mais ou menos.

Quando eu me lembro da faculdade, eu me lembro de flashes pontuais, geralmente coisas boas como ouvir música no ônibus voltando para Viçosa, de tardinha, indo para o mercado matar o tempo com os amigos, andar naquela retona, fazer o meu jogo no meu quarto, os almoços no RU, a galera se reunindo para assistir Game of Thrones. O ar de Viçosa em geral. Sabe, de vez em quando eu consigo me livrar de toda a bagunça mental que eu carrego, quando isso acontece eu sinto a brisa, seu cheiro agradável, isso me lembra alguma coisa bacana do passado e eu me sinto em paz. 30 segundos depois eu já estou na faina cotidiana novamente.

Claro que também tinham memórias negativas como: pedra nos rins, ansiedade e pânico, desespero para passar em alguma disciplina, meu intercâmbio negado 2 vezes, o professor cuzão na minha iniciação científica, a solidão vendo as famílias almoçando no domingo...

Mas eu tinha me esquecido de todo o peso mental que eu carregava na época. Eu não sabia se estava fazendo o curso certo, eu não sabia se ia conseguir o intercâmbio, eu não pegava ninguém, eu me sentia um impostor entre meus colegas. Eu pensava em ser artista e ter um Patreon mas isso parecia ser impossível. Ser desenvolvedor de jogos também.


Foi interessante o que aconteceu:

Fiz um intercâmbio, ganhei muito dinheiro. Com o dinheiro comprei um tablet de desenho, com esse  tablet me senti mais motivado a desenhar. Do nada recebi uma proposta para trabalhar como artista para um jogo. Depois disso criei um Patreon de artes furries, que apesar de não ter explodido, até hoje ele está rodando.

Depois disso eu fiquei insatisfeito em ser artista por profissão e decidi estudar para concursos. Hoje eu sou engenheiro da Petrobras e ganho mais do que a minha projeção salarial mais otimista de 2021.


Eu hoje

Eu nem sei dizer o que eu sinto. Talvez gratidão ao meu eu do passado. Isso porque apesar de estar tão confuso, de passar por tantos perrengues, ter tantas dúvidas e inseguranças, tantas decepções, ele continuou seguindo em frente dando o seu melhor.

Hoje em dia, apesar de toda a evolução eu continuo me debatendo. É bem confortante saber que já foi assim no passado e que deu tudo certo.

Eu continuo avaliando minhas ações, hoje tento entender a vida no geral. Eu vejo um padrão em que quando quero algo demasiadamente, eu não consigo. Mas também vejo que a persistência compensa. Vejo que a vida segue caminhos completamente imprevisíveis, mas que de alguma forma eu acabei conseguindo o que queria. Essas informações conflitantes me deixam muito confuso.

Só para registrar, tem uma coisa que eu não consegui.

 


Amor

Encontrar o amor. Eu tinha a esperança de no meu intercâmbio conhecer uma menina legal da Alemanha que gostasse de mim, igual aconteceu com um conhecido meu que também fez esse intercâmbio.

O que aconteceu? Conheci uma (na verdade 2) menina que era da Alemanha, era bonita e era super legal, gosta da natureza não é viciada em tecnologia e... eu uma amiga nossa em comum me falou que ela gostava de mim!

Mas eu não sentia o mesmo! Como assim?! Não era exatamente isso o que eu queria?!

No ano seguinte eu percebi algo que estava na frente do meu nariz o tempo todo: não gosto também de mulheres mais velhas. Eu gosto apenas de mulheres mais velhas.

Quem sabe, daqui a 10 anos eu não escrevo um texto? Um texto dizendo que encontrei uma mulher morena, divorciada há muito tempo e solteira desde então, com seus 50 e poucos anos. Alguém que ao mesmo que me ama intensamente, também me traz enorme paz. Alguém com quem eu goste de sentar e observar a tarde morna escurecer e se transformar em uma noite serena.



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