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Marcas

Um céu escuro. Nuvens pesadas..mas..nao de chuva. Nuvens pesadas com marcas do passado. Marcas de ontem. Elas se revelaram a minha alma,e minha alma recusou-se a reconhecê-las. Mas ela lembrava de todas…detalhadamente. Ela reconhecia o timbre de sua voz e cada centimetro de sua face. Assim como lembrava dos cheiros daqueles tempos que nao voltam mais. Ahhh como ela gostaria de poder voltar no tempo e Fazer o acontecimento nunca existir para,depois,nao poder sofrer em silencio..nao se quebrar aos poucos.

Eu Nao Consigo dormir. Eu nao consigo ler. Eu nao consigo me concentrar em nada. Eu gostaria de saber pintar. Entao eu simplesmente pegaria o meu pincel e pintaria a minha agonia. Mas tudo o que posso fazer é me sentar na minha mesa e tentar extrair o maximo que posso em um texto que poucas pessoas irão ler. Ou quase ninguem. Sabe,eu costumava ser feliz. Eu costumava saber do que a felicidade é feita mas esse “dom” sumiu de mim. Uma certa pessoa chegou em minha vida,foi embora e levou ele consigo. Eu já cansei de fazer promessas pra mim mesma. Promessas vãs. Esperanças com um fim. Vida que nao está seguindo seu ciclo…
Aonde eu estou? Por que está tudo cinza e branco? Que barullhos de sorrisos são esses e por que eu nao posso faze-los tambem? O unico ruido que consigo fazer é do meu piercing na lingua brincando dentro da boca ou a fúria dos meus dedos enquanto eu digito. Para onde foram os anjos? Um deles deveria estar aqui esta noite. Deveria estar aqui para me mostrar outro caminho que nao fosse…bem…”aquele” caminho. Está tudo tao assustadoramente calmo. Eu me sinto como se estivesse em uma banheira com agua quente e vermelha,esperando alguem vir me buscar. A agua contorna o meu corpo ao mesmo tempo que,inutilmente,aquece os meus ultimos pensamentos. Oh sim..eu gostaria de estar assim. Eu gostaria de ter uma banheira grande e branca agora. E com velas espalhadas por todo o canto e uma musica melodica ao fundo para combinar com o meu olhar e minha mente. Eu gostaria que Deus estivesse aqui. Ele está? Mesmo sem a banheira e sem o resto do cenário? Você sabe…uma típica mulher de vinte e poucos anos,sozinha,numa madrugada fria e dúbia. Ahh eu afundaria na banheira e minha unica visao seria da agua vermelha invadindo os meus olhos pouco a pouco. Ainda nao é hora de parar. Não. Ainda nem é hora de pensar em começar. Ou talvez seja…eis o equívoco. Voce sabe para onde os anjos vão quando a agua está vermelha? Você sabe quem os anjos gostam de carregar em seus braços? Eu nao sei se sou o tipo de pessoa que se encaixa em seus braços. Eu nem sei se sou o tipo de pessoa que se encaixa em qualquer braço ou abraço. Ultimamente eu só sei o que é abraçar a solidao e a vida em tons de cinza. Minha cama tem sido minha banheira com agua morna e vermelha. E lá,deitada quase que eternamente,eu devaneio sobre o que eu deveria fazer ou o que deveria ter feito. Mas,especialmente,eu devaneio sobre o que eu estou fazendo com a minha vida. E o resultado dos pensamentos nao tem sido bons. As marcas de ontem ainda estão por toda parte do meu cansado e frágil corpo. Eu posso tocá-las…eu posso senti-las..eu posso revivê-las. E eu nem preciso estar do outro lado da vida nem do outro lado das minhas memórias para que eu consiga fazer isso. Tudo seria tão mais fácil se eu apenas deitasse e relaxasse. Mas eu simplesmente nao consigo. Há tantas pessoas envolvidas. Há uma unica que me causou mais danos do que elas todas juntas. Mas,essa pessoa nao se importa mais. Simplesmente abandonou o barco e preferia enfrentar a fúria do mar sozinha e sem uma bóia salva-vidas. Essa pessoa preferiu a incerteza do mar traiçoeiro a calmaria de um coração puro e inocente. E lembrar disso me fazer querer ficar mais tempo na agua vermelha da velha banheira.
Ok. Eis um fato: a vida está passando. Os dias estão chegando ao fim para todos na face da Terra. O sol está se pondo diante dos meus olhos e renascendo nos olhos da criança no Japão. Poderei eu um dia estar na pele de uma dessas crianças? Ou,simplesmente,ver o sol nascer como elas vêem? Quem sabe…
Por agora,o que devo fazer é enganar meu corpo com alguns remédios para ansiedade e tentar focar na história de vida de doze pessoas do livro que estou lendo. Por agora,eu devo viver esse inicio de dia. Eu nem sei se vou poder ver o amanhecer,mas,de alguma forma,no fundo eu sinto que verei. Isso se chama esperança. Ou fé. Ou sei lá o que. Deve ter algum nome para o sentimento de que,mesmo perante a incerteza,sabemos que vamos dormir e acordar para mais um dia; seja ele feliz ou triste. Sabemos que vamos acordar e inexplicavelmente o vivemos como se fosse mais um. Como se tragédias ou alegrias nao tivessem o risco de acontecer. Bem,claro que esperamos sempre a primeira opção. Eu? Bem…eu sempre fico neutra. Deitada eternamente na minha banheira artificial com aguas vermelhas e esperando que algum anjo que nao me conheça ainda,venha até mim e queira segurar a minha mão




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