"Só gente chique escreve em aforismos. Nietzsche era um deles; Cioran, outro;
Karl Kraus, outro. Como dizia o autor argentino Jorge Luís Borges, escrevo textos curtos
porque sou preguiçoso.
(...)Aprendi que
quase nada exige mais do que algumas poucas palavras. Dirão os pobres de espírito que
sou superficial. Mas, no fundo, não me interessa o que os pobres de espírito pensam.
(...)Na realidade, não me interessa nada do que
ninguém pensa, quase nunca. Dirão as analistas amigas minhas que isso é desdobramento
da melancolia. Somente quando estou muito feliz me interessa o que alguém pensa.
Porque a felicidade verdadeira é sempre uma forma de generosidade com o mundo. O
que está em jogo no aforismo não é a superficialidade, como pensa o pobre de espírito –
que como todo pobre de espírito é prolixo –, mas a urgência em dizer algo e ir embora.
Para você que me lê na cama antes de dormir, o aforismo também serve para esgotar um
tema antes de você cair no sono, depois de um dia inteiro de escravidão a este mundo
besta em que vivemos.
(...)E tem mais uma coisa: os
aforismos, estes textos curtos que você tem em mãos, são sempre um atestado de
impaciência com este mesmo mundo.
A impaciência pode ser uma forma legítima de
defesa."
(*) Texto "Aforismos", de Luiz Felipe Ponde: Mais um da série Parece-Escrito-por-Mim.