(...) Porque sou do sexo feminino esperam que eu almeje o Casamento, esperam que eu faça as escolhas da minha vida, sempre tendo em mente que o casamento é o mais importante.
O casamento pode ser uma fonte de alegria, amor e apoio mútuo, mas por que ensinamos a ansiar ao casamento e não ensinamos a mesma coisa para os meninos?
(...) Criamos as meninas para serem concorrentes, não para empregos ou para conquistas, que eu acho que Podem Ser uma coisa boa, mas, para a atenção dos homens.
Ensinamos as meninas que não podem ser seres sexuais da mesma forma que os meninos são.
(...) Feminista – a pessoa que acredita na igualdade da vida social, política e econômica entre os sexos”
(Trecho do discurso 'We Should All Be Feminists', de Chimamanda Ngozi Adichie)
(Trecho do discurso 'We Should All Be Feminists', de Chimamanda Ngozi Adichie)
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Fui criada na maior Cohab da América Latina. Vivi lá por mais de 20 anos.
Como uma boa menina da periferia esperava-se que eu estudasse, mas não muito. Que tivesse ambições, desde que pequenas. Que me casasse, tivesse filhos e trabalhasse dentro e fora de casa única e exclusivamente para criá-los e sustentá-los. E que, por fim, me conformasse porque 'vida de pobre é assim mesmo'.
Contrariando a regra, fui além. Engravidei aos 18 anos, mas não entreguei os pontos. Recusei o casamento precoce. Estudei (e ainda estudo) além do "necessário". Ampliei meus horizontes. Voei. Deixei para trás a Cohab que por anos usei apenas como dormitório. Fiz da periferia um local de passagem. Não meu destino.
Infelizmente, a grande maioria das meninas de lá não têm a mesma "sorte". A falta de recursos e/ ou perspectivas as coloca como coadjuvantes da própria história. Fadadas a subempregos e a, consequentes, salários baixos. Expostas a falta de infraestrutura. E, muitas vezes, subjugadas aos homens.
Lá, a violência doméstica é "normal". Tal qual a mutilação sexual na África. Os pés de lótus na China. O apedrejamento público no regime Talibã.
Lá, a violência doméstica é "normal". Tal qual a mutilação sexual na África. Os pés de lótus na China. O apedrejamento público no regime Talibã.
(Post em construção)