Lula foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro, o Mussolini de Maringá, por supostamente haver recebido como propina de empreiteiros um apartamento no Guarujá. É o momento de uma grande e resoluta mobilização popular contra a condenação de Lula e contra o golpe de estado em curso no Brasil e na América Latina. Moro não apresentou quaisquer provas materiais que incriminassem Lula – sua sentença foi tão bizantina que gerou uma onda de estudos jurídicos desmascarando-a.
Como a maior parte da Operação Lava-jato e das ações coordenadas entre o judiciário, a Polícia Federal, e o Ministério Público do Paraná nos últimos anos, trata-se simplesmente de uma grande manobra política, com a finalidade de perseguir a esquerda e de quebrar os principais setores econômicos brasileiros no exterior: a construção civil, a exploração de petróleo, o agronegócio. A queda nas ações da Petrobrás e das construtoras implicadas na Lava-jato já gerou prejuízos de centenas de bilhões e uma onda de desemprego no Brasil, em troca de dinheiro de troco supostamente recuperado com a operação. Mais tarde, a Operação carne fraca quebrou grande parte do agronegócio brasileiro, ao comprometer a venda de carne ao estrangeiro.
Dentro do espírito golpista, porém, trata-se aqui antes de tudo de criminalizar as lideranças populares e de retirar toda a esquerda competitiva do cenário político. O maior expoente dessas lideranças, evidentemente, é Lula. Por isso, sua condenação é um ponto fundamental no andamento do golpe de estado. Com a condenação de Lula, antes de mais nada, elimina-se qualquer possibilidade de vitória de um candidato de esquerda numa eventual disputa presidencial em 2018.
Interessa à burguesia internacional manter o “verniz democrático” que legitime seu avanço contra a população, e por isso interessa a ela a manutenção das eleições presidenciais, sem necessidade do recurso ao golpe militar. Os golpistas necessitam garantir a continuidade das políticas contra os direitos do povo. Lula, que tem em sua base social sobretudo trabalhadores, representaria um ponto fora da curva nesse projeto, fazendo concessões à população com as quais os donos do dinheiro não estão dispostos a arcar. Além disso, Lula está à frente em todas as pesquisas de intenção de voto.
Condenar Lula portanto tem um viés duplo: estabelecer um modelo de repressão arbitrária às lideranças de esquerda e, mais diretamente, impedir sua candidatura à presidência da república.
Alguns setores da própria esquerda – talvez os mesmos que garantiram que não haveria golpe em 2016, e que hoje não há risco de golpe militar – asseveram que mesmo com sua condenação, a candidatura de Lula estaria assegurada. Trata-se de uma manobra para desmobilizar que deve ser solenemente ignorada pelas lideranças populares.
Assim como já convocou José Dirceu, assim como já convocou Rui Costa Pimenta, a única saída para deter a prisão de Lula e o avanço do golpe é a mobilização popular. Por isso, é hora de reunirmos todas as forças populares, todos os grupos de luta contra o golpe, num grande movimento nacional contra a prisão de Lula – na lei ou na marra.
Elementos fundamentais na organização dessa mobilização são os Comitês de Luta contra o Golpe. Procure o comitê mais próximo, forme o seu comitê! Mobilize-se!
Somente com a presença de centenas de milhares de pessoas em Porto Alegre no dia 24 de janeiro, com a multiplicação desse ato em todas as grandes cidades do país, é possível dar um passo decisivo na luta contra o golpe de estado em curso. Com uma mobilização popular dessa grandeza, é possível ainda exigir a anulação do impeachment e o retorno da presidenta eleita Dilma Rousseff, com a anulação de todas as medidas golpistas.
Em 24 de janeiro, todos a Porto Alegre, todos às ruas contra a condenação de Lula! Fonte: Causa Operária.