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Eu, minhas sobrinhas e a História do Brasil: como explicar esse país daqui a vinte anos?



Domingo estava em casa com meu irmão mais velho, seus quatro filhos e os três netos. Segurei a Maria Luanda, a caçula das netas, para colocar nas redes sociais. Mentalmente, disse para mim mesmo e olhando para minhas sobrinhas netas: como poderei explicar esse país para elas quando todas estiverem na idade de entender os fatos?

Fazendo uma cronologia do tempo, atravessamos situações que só quem viveu e contextualizou cada momento da história desse país pode falar.

Saímos dum período militar que durou duas décadas e a herança foi a hiperinflação e a desvalorização da moeda. Vieram dois planos econômicos onde o Estado regularizava os preços, desde as prateleiras dos mercados aos automóveis. A princípio, o plano de controlar os preços fora um sucesso, mas o Brasil não tinha entrado no que conhecemos hoje como livre mercado. Final do plano Real I e II ? Fracassaram.

Em seguida veio a assembleia nacional constituinte, onde foi promulgada a Nova Constituição Federal. Esta nova carta que enterraria de vez a última constituição da ditadura militar. A constituição de 1988, pela primeira vez na história desse país, reconhecia e garantia todos os direitos sociais, trabalhistas e políticos. Começaria a reconstrução da democracia. A toque de construção de igreja, estamos no caminho certo. Final dos anos 80 e início dos 90 e assim por diante, estávamos realizando o exercício da democracia, elegendo presidentes, governadores e prefeitos. A nova moeda estava bem estabelecida e o processo estava no rumo certo. A cada ano criávamos expectativas de um futuro melhor.

Entramos nos anos dois mil e pela primeira vez, passávamos a ser governado por um partido de esquerda, surgido em plena ditadura militar. Um operário assume o país e, queira ou não, foi o período onde o país teve os melhores desempenhos econômico e social.

Como explicar 2013 em diante, fica complicado. Ainda bem que já estava cursando a graduação de história o que me deu base para entender toda essa agitação.

O desmoronamento veio em 2016 quando a presidente foi destituída de seu cargo. Não entro no mérito se foi golpe ou não. Uma certeza tenho: a democracia descambou de vez naquele momento.

Fico olhando para as três filhas dos meus sobrinhos e torcia para quando elas já estivessem maiores não herdassem um Brasil tão polarizado. Qualquer roda de conversa com pessoas não versadas na leitura e basta não compreender o caminho da discussão verbal e está declarada a discussão.

E é esse país que não quero de ter que explicar para minhas sobrinhas. Não vou esconder delas o quão esse país é injusto, violento, intolerante e mesquinho. Será eu, meu irmão, meus sobrinhos e seus pais, saberemos explicar que país é esse para minhas sobrinhas netas?

Vou ter que explicar a elas que no futuro, elas vão aposentar-se praticamente ao final das suas vidas? Vou ter que explicar por que a primeira mulher eleita presidenta foi tirada do poder mesmo sem prova de culpa?

O futuro é incerto. A história não garante o dia de amanhã. Fica aqui as minhas esperanças que até elas crescerem possam encontrar um país e um mundo mais solidário !

(Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário.)





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