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Brasil: o genocídio cotidiano ou uma bomba atômica por ano


Infelizmente, para os que tem olhos voltados para as histórias a contrapelo, para quem está diante das cabeças de Janus e atento às histórias dos derrotados e esfarrapados do mundo, não foi novidade ou surpresa a pesquisa do fórum brasileiro de segurança, da Universidade de São Paulo(USP). O Brasil registrou no último ano, mais de 62 mil homicídios. Isto é equivalente aos números de mortos na guerra civil da Síria, uma das mais sangrentas em curso no momento e que tem a atenção da mídia global.

Esses números, infelizmente, também não são novidade para as vítimas e seus familiares que há anos não vêm sofrendo alterações. Se juntarmos esses e outros relatórios de organismos internacionais como a ONU, por exemplo, os registros são idênticos ao divulgados neste atual relatório. Veja você mesmo caro leitor: http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/10/infografico2017-vs8-FINAL-.pdf

O poder público não admite ou sequer anuncia políticas públicas de prevenções contra homicídios e outras formas de violência, como por exemplo, o número de estupros e assassinatos de policiais. A pergunta que insiste em vir à tona é: será que este silêncio denuncia uma política de entrelinhas, uma politica subliminar, não dita e maldita de extermínio? Será que há uma política silenciosa de extermínio?

As vítimas desses homicídios são os mesmos: jovens, homens, pobres, moradores de favelas e negros.

O fato que está chamando a atenção é o numero de mulheres brasileiras estupradas, numericamente igual às vítimas de mortes violentas, uma matemática macabra que nos insta a perguntar: será que esta política submatéria de extermínio expressa suas raízes fincadas no projeto eugenista e misógino de limpeza étnica e extermínio das mulheres? .

Ainda bem que há outros organismos que enxergam esses dados e fontes de pesquisas (em geral estrangeiros ou independentes, fora do Estado, porque talvez dentro possa causar "constrangimentos" tais como os que levaram a demissão recente de uma certa secretária que fez críticas ao governo central). Além disso, não vemos acontecer mobilizações contra esses crimes. Ao contrário, vemos crescer sensibilidades afeitas à volta da ditadura, defensores da tortura e até mesmo ex-torturadores sendo homenageados por presidenciáveis e seus asseclas. E pior, vemos a tal política 'Mortícia' operando no silenciamento de comissões da verdade e iniciativas de direitos humanos.

Quando era adolescente e até pouco tempo, ouvia aquelas frases ufanistas afirmando que somos a nação abençoada, um povo pacífico, tolerante e amigável. Acima de tudo, religiosa, cristã. Nunca acreditei. Eu retiraria isso.

Minha concepção não aceita esses ufanismos de que somos um povo orgulhoso de ser brasileiro e particularmente não canto o Hino brasileiro por conter trechos longe da realidade da maioria do povo. O trecho “Se o penhor dessa igualdade” deposita garantias de igualdade para aqueles onde ela está longe de acontecer. Seria um escárnio para a imaginação daqueles que lutam por uma nação melhor.

Quando deixaremos de organizar palestras e eventos e pôr a mão na massa para diminuirmos esses números vergonhosos?

Pensar na segurança pública é expor essa política silenciosa que opera sub-repticiamente nos porões do autoritarismo que está enraizado na herança colonial e que precisa ser enfrentada; só assim passaremos a entender estruturalmente e de forma contextualizada que essas estatísticas não contam apenas corpos amontoados, elas são um espelho de uma sociedade que não se enxerga, que não é capaz de reconhecer-se como racista e misógina e que é a educação para os direitos humanos, um caminho para a democracia e para a verdadeira paz

(Via Fábio Nogueira* e Celso Sanchez**)

*Fábio Nogueira: estudante de história da Universidade Castelo Branco e militante da Educafro. E-mail [email protected]
**Celso Sanchez: Professor de Biologia da Universidade Unirio e ativista social para assuntos da América Latina.


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