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Hidrelétricas “poluidoras”

O título deste artigo é uma heterodoxia, escrito após a leitura de um relatório feito por alguns alienígenas que desconhecem a Amazônia, publicado em janeiro de 2016 com o título: “Hidrelétricas na Amazônia podem emitir mais gases de efeito estufa que usinas a carvão, óleo e gás”. A publicação desse relatório, neste ano de 2021, ressurge pela necessidade de o Brasil voltar a construir grandes complexos hidrelétricos.
É um relatório capcioso, a começar pelo título, quando utilizam o termo “podem”, próprio dos enganadores, pois, na verdade, quando dizem “podem”, nada afirmam – simplesmente pode, mas também não pode.
Também constatei que nada fizeram em termos de pesquisa, quando citam que as seis hidrelétricas cujos reservatórios que mais emitem gases de efeito estufa são as hidrelétricas de Bem Querer, Cachoeira do Cai, Cachoeira dos Patos, Colider, Marabá e Sinop.
A hidrelétrica de Bem Querer, situada no Rio Branco, Estado de Roraima, é estratégica, pois o regime das águas é diferenciado das demais hidrelétricas nacionais.
Está prevista com uma potência de 1049 MW e um reservatório de 624 Km², em fase de estudos de viabilidade econômico/ambiental, ou seja, ainda não existe reservatório.
A hidrelétrica de Marabá fica no rio Tocantins, Estado do Pará. Prevista com uma potência de 2.160 MW e um reservatório de 1.350 Km², em fase de licenciamento ambiental. Ainda não existe reservatório.
As outras quatro, Cachoeira do Cai, Cachoeira dos Patos, Colider e Sinop, são todas da bacia do rio Tapajós. As duas primeiras no rio Jamanxim, ainda em fase de planejamento; as outras duas no rio Teles Pires, em 2016 ainda estavam em construção. Na época da pseudopesquisa não existia um único reservatório.
Continuando a leitura desse estudo fantasioso, me deparei com este absurdo: “Foram realizadas 10 mil simulações estatísticas para cada reservatório”. Cabendo aqui uma simples pergunta: qual reservatório? pois quando o estudo foi realizado não existia nenhum.
Como se vê, este “relatório” contém um floreado de dados sem fundamentos, tentando criar mais uma narrativa contra a construção de hidrelétricas na Amazônia.
Sabemos que, ao modificarmos de alguma forma o ambiente natural, algo se modificará, e precisa realmente ser aferido com responsabilidade. Exemplificando, quando fazemos o processo da geração de energia elétrica, é emitido para a atmosfera uma quantidade de quilos de carbono equivalente por megawatt de potência usado em uma hora – MWh, na energia solar varia de 10 a 30, na eólica de 40 a 60, na hidráulica de 60 a 100, algo desprezível. Nas fósseis a gás de 400 a 600, a óleo de 700 a 900 e a carvão de 1000 a 1100.
Cito esses dados só para enfatizar o quanto esse “relatório” aqui comentado é enganoso e mal-intencionado, pois sou cético e não supervalorizo a participação do dióxido de carbono no clima da terra.
Defendo sempre a utilização da energia mais econômica, que varia dependendo da disponibilidade de cada região. Para o Brasil a natureza foi bastante generosa, pois temos em abundância: água, vento e sol.
Por que insisto em afirmar que a base de nosso sistema elétrico tem de ser a hidráulica? – Por ser, dentre essas três formas, a única que é constante; a fotovoltaica e a eólica são intermitentes.
Daí a necessidade de, ao construirmos parques de geração de energia elétrica através do sol e do vento, aumentarmos o tamanho dos reservatórios de acumulação das águas de nossos parques de geração hidrelétrica, que funcionarão como baterias para segurança dos demais sistemas.
Vejamos o que nos diz Franceli Jodas da KPMG, uma consultoria a nível mundial: “Com as hidrelétricas, consegue-se guardar água para quando não houver vento ou sol. Elas estão sendo usadas como baterias. O que se questiona é se, no futuro, a inovação tecnológica poderá desenvolver baterias que substituam as hidrelétricas”. Acrescento, a necessidade da construção de complexos hidrelétricos com grandes lagos de acumulação de águas. Repito, isso permitirá um crescimento no País da geração elétrica através do sol e dos ventos, pois os grandes reservatórios serão a sua garantia.
Ainda mais, as Sociedades do entorno desses parques hidráulicos exigem a utilização destas águas de outras formas, como na utilização domiciliar, na pesca comercial e artesanal, na criação de peixes em gaiolas, na navegação, na irrigação das lavouras etc.
O certo é que temos que incentivar a exploração elétrica de nossos rios com grandes reservatórios, pois a água, além de ser nossa maior riqueza, é o nosso diferencial do resto do mundo. Afirmo que essas falsas narrativas são criadas para obstar nosso desenvolvimento, pois sabem que a maioria de nossos dirigentes, quando pressionados, tomam decisões contra os interesses nacionais. Basta pontuarmos o que aconteceu quando da construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte ao ser diminuído o reservatório, jogamos pelo ralo da incompetência 2000 MW de energia firme por mês; algo que nenhuma outra Nação no mundo tomaria uma decisão tão estapafúrdica. Essas decisões equivocadas têm como efeito direto o preço que a Sociedade Brasileira paga pela energia elétrica em seus domicílios e, como efeito colateral, a diminuição do parque industrial do País.



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