Na primeira década dos anos 2000, o Rio Missouri, o rio mais longo do país, estava mais seco do que em mais de 1.200 anos. O culpado é a crise climática, de acordo com um novo estudo publicado no Proceedings da Academia Nacional de Ciências, ou PNAS.

Como as temperaturas globais continuam a esquentar, as secas severas como a que ocorreu na bacia do Alto Rio Missouri provavelmente ocorrerão novamente, como publicado pelo The Washington Post. O aumento da temperatura que reduziu a quantidade de neve derretida nas montanhas rochosas de Montana e Dakota do Norte causou a queda no nível da água que persistiu de 2000 a 2010, segundo o estudo.

“Na bacia do alto rio Missouri, estamos realmente preocupados com o futuro das secas na neve”, disse Erika Wise, professora associada do departamento de geografia da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill e coautora do estudo, para The Washington Post. “A neve nas montanhas rochosas é muito sensível às temperaturas mais quentes. A neve fornece a água para o fluxo do córrego no Upper Missouri, e projetamos nossa agricultura e infraestrutura de acordo com as expectativas de que essa água será fornecida em um determinado ritmo em uma determinada parte Do ano. ”

O rio Missouri corre 2.300 milhas do oeste de Montana para St. Louis, onde se junta ao rio Mississippi. Atravessa Dakota do Norte e do Sul e passa por Nebraska, Iowa, Kansas e Missouri, onde apoia a agricultura em vários estados e fornece água fresca para dezenas de municípios.

“Em termos dos déficits de fluxo mais severos, os anos mais secos da seca da virada do século na [bacia do alto rio Missouri] parecem incomparáveis ​​nos últimos 1.200 anos”, afirmou o estudo, conforme o The Washington Post informou . “Apenas um único evento no final do século 13 rivalizou com os maiores déficits desse evento mais recente.”

A bacia também havia secado na década passada, principalmente em 2012, 2013 e 2017, mas os pesquisadores ainda não sabem o quão severa foi comparada à seca da virada do século. O que eles sabem, porém, é que a severidade da seca no início dos anos 2000 foi pior que o Dust Bowl.

Seca prolongada interrompe a agricultura e prejudica a economia local, observaram as pesquisas. Também prejudica a vida marinha que deve lidar com níveis mais baixos de água e animais como aves aquáticas que dependem de peixes para sobreviver, como relatou o The Washington Post.

“Prevê-se que o aquecimento futuro cause secas cada vez mais severas, aumentando os déficits hídricos que podem ser um desafio para o gerenciamento da água”, afirmou o estudo.

Como o Washington Post informou, os pesquisadores ficaram surpresos ao encontrar um lençol freático tão reduzido no Centro-Oeste.

“Não tendemos a pensar na região do alto Missouri como tão ameaçada pela seca quanto uma região como o sudoeste dos Estados Unidos”, disse Wise ao Washington Post. “Essas descobertas mostram que a bacia do alto Missouri está refletindo algumas das mesmas mudanças que vemos em outros lugares da América do Norte”.

Essas descobertas ecoam outro estudo recente que se concentrou no sudoeste americano. Esse estudo, publicado na Science, descobriu que a região provavelmente experimentará em breve a seca mais severa desde os anos 800, como relatado pelo EcoWatch.

Cientistas da NASA e da Universidade de Columbia pensavam que uma seca tão severa ocorreria por volta de 2030, mas o estudo do mês passado sobre anéis de árvores mostrou que o fenômeno já havia começado. “O megadrought parece reemergir, mas por uma razão diferente dos megadroughts [passados]”, disse Park Williams, principal autor do estudo e pesquisador do Observatório da Terra Lamont-Doherty na Universidade de Columbia, como publicado pelo Washington Post.