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Desemprego e incertezas políticas devem provocar nova retração em financiamentos este ano


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SÃO PAULO e RIO – Os juros até estão mais baixos, mas a incerteza política, o crescimento da economia mais lento do que o esperado e a queda da confiança do consumidor vão jogar a retomada do crédito para frente. Bancos e analistas estão revendo suas projeções para a expansão do crédito este ano, e muitos já preveem queda no estoque de financiamentos pelo segundo ano consecutivo. Isso pode acabar dificultando ainda mais a recuperação da economia. O pano de fundo desse movimento, além da crise e do desemprego, é a cautela dos tomadores de empréstimos e a elevação dos riscos após a delação dos executivos da JBS.

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— A recuperação do crédito dificilmente virá no segundo semestre de 2017. A economia está andando muito de lado por conta das indefinições políticas. Nos próximos meses, os bancos vão continuar mais seletivos, mesmo com a queda dos juros. O desemprego ainda está elevado — disse João Augusto Salles, analista da Lopes & Filho Consultoria.

CONFIANÇA DO CONSUMIDOR RECUA EM JULHO

O Banco Central prevê um crescimento de apenas 1% do estoque de crédito do sistema financeiro neste ano, mas, no acumulado dos 12 meses encerrados em junho, há um recuo de 1,6%. O comportamento dos grandes bancos de varejo explica uma parte desse fraco desempenho. No Bradesco, a expectativa é que a carteira de crédito recue entre 1% e 5% em 2017, ante expectativa anterior de crescimento de 1% a 5%. No Itaú Unibanco, a estimativa é que a carteira de crédito no Brasil sofra uma retração de 2%.

Marcelo Kopel, diretor de Relações com Investidores do banco, lembrou que já foi percebida uma aceleração nas concessões para pessoas físicas, mas não há uma reação no crédito a empresas.

A advogada Luiza Mesquita Campos, de São Paulo, pretendia tomar um empréstimo de R$ 20 mil para montar uma franquia na área de alimentação. Quando foi checar as taxas de juros, no mês passado, viu que elas variavam de 4% a 6% ao mês.

— Fiz as projeções de quanto eu pagaria pelo empréstimo com esses juros e acabei desistindo. Vou esperar a taxa cair um pouco mais — afirmou Luiza.

A taxa básica de juros (Selic), após sete cortes consecutivos, recuou de 14,25% ao ano para 9,25% ao ano. E a previsão é que, até dezembro, caia para 8%. No entanto, na ponta, essa redução é mais lenta, o que faz com que alguns consumidores pensem duas vezes antes de contrair uma dívida a um custo ainda alto e em um cenário de desemprego elevado — em junho, a taxa de desocupados estava em 13%.

Pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) antecipada para O GLOBO mostra que o índice de confiança do consumidor teve uma nova queda em julho, de 68 para 63 pontos.

— O consumidor não está se sentindo seguro com seu próprio emprego a curto prazo. O preço dos alimentos até caiu, assim como os juros, mas não houve reação do emprego e o endividamento ainda está elevado. O consumidor acaba adiando compras e a tomada de crédito para essas compras — avaliou Marcel Solimeo, economista da ACSP, lembrando que desde junho de 2015 o índice de confiança não fica positivo, ou seja, acima de 100 pontos.

Depois de tomar um empréstimo consignado — que costuma oferecer taxas de juros menores — para sanar dívidas e equilibrar o orçamento, o aposentado Jorge Muniz, de Nova Friburgo, não quer mais saber de novos créditos. Ele conta que o dinheiro ajudou com as contas emergenciais, mas acabou criando outro problema:

— Consegui pagar as contas que eu tinha naquele momento. Mas, com o passar do tempo e o desconto mensal, voltei a ficar enrolado com as dívidas. Os preços de tudo sobem, o salário não. E o desconto continua sendo feito. Nunca mais quero empréstimo. Só em casos extremos, como a questão de saúde de um familiar — disse Muniz.

Além do desemprego e do fraco crescimento da economia — depois de dois anos de contração do Produto Interno Bruto (PIB), a expansão em 2017 deve ficar abaixo de 0,5% —, a crise política também atrapalha a busca por crédito. O economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, lembra que, diante das incertezas, tanto famílias como empresas se tornam mais avessas ao riscos em suas decisões de gastos. Por outro lado, os bancos podem se tornar mais seletivos.

MARGEM MAIOR NOS BANCOS PRIVADOS

Mesmo nos bancos que apresentaram alguma recuperação na oferta de crédito, a trajetória não é linear. Nos 12 meses encerrados em junho, o crédito no Santander cresce 5,1%, mas há uma queda de 0,2% na margem, ou seja, em relação ao primeiro trimestre. A instituição não divulga as projeções para 2017 e 2018, mas seu presidente, Sérgio Rial, afirmou que são as pequenas e médias empresas que devem começar um processo de retomada da demanda do crédito neste segundo semestre, tanto que espera que o número de clientes dessa categoria passe dos atuais 850 mil para 1 milhão até dezembro.

— Um choque de commodities (queda nos preços), por exemplo, poderia afetar o volume do crédito nesse segmento. Mas acho que vai ser um excelente ano para várias empresas que queiram se recapitalizar, embora isso deva ficar concentrado em alguns setores — afirmou Rial.

E, quando houver uma recuperação mais consistente do crédito, os bancos privados devem ampliar sua participação, preveem analistas do UBS. Na avaliação deles, os bancos públicos estão com pouco espaço para crescer, uma vez que apresentam a estrutura de capital (patrimônio necessário para aceitar novas operações de crédito) mais apertada e não devem contar com aporte do governo federal tão cedo. Em 2011, os bancos públicos respondiam por 41,9% do estoque de crédito, mas ganharam espaço e agora representam 56,5% do crédito do país.

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